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É gerente de Atendimento ao Usuário da Ecovias 101

Maio Amarelo: a segurança no trânsito é um compromisso coletivo

Nenhum esforço será suficiente se não caminharmos juntos na direção de um trânsito mais humano. Porque, no fim das contas, não falamos de estatísticas e sim de histórias. E cada vida preservada é uma história que continua

  • Christian Tanimoto É gerente de Atendimento ao Usuário da Ecovias 101
Publicado em 13/05/2025 às 17h29

O trânsito seguro é construído sobre três pilares fundamentais: infraestrutura de qualidade, fiscalização eficiente e conscientização dos usuários. Em rodovias concessionadas, a infraestrutura é de responsabilidade das concessionárias, que devem garantir que as vias estejam bem conservadas, sinalizadas e seguras para o tráfego.

A fiscalização do cumprimento das leis de trânsito, como controle de velocidade e infrações, é de responsabilidade dos órgãos competentes, a exemplo da Polícia Rodoviária Federal (PRF), que atua nas rodovias federais. Já a conscientização dos usuários (motoristas, pedestres e ciclistas) é uma responsabilidade coletiva, exigindo uma mudança cultural para que cada indivíduo adote comportamentos responsáveis, como respeitar os limites de velocidade e usar equipamentos de segurança.

Nesse sentido, o Maio Amarelo ganha importância: essa campanha mobiliza a sociedade a refletir sobre o papel de cada um na preservação da vida.

Os avanços vêm ocorrendo. Segundo dados da Polícia Rodoviária Federal (PRF), entre 2013 e 2024, o número de acidentes no trecho da BR 101 administrado pela Ecovias 101 caiu 67%. As mortes reduziram 52%. Esses resultados evidenciam que o investimento em tecnologia, sinalização, duplicações e dispositivos de segurança, somado a uma gestão eficiente, gera impacto direto.

Mas não podemos nos acomodar. Enquanto vidas continuarem sendo perdidas, o trabalho continua. Estamos falando de pais, mães, filhos, colegas de trabalho, amigos, de pessoas que precisam retornar para sua casa. Por isso, não basta a via estar bem pavimentada ou monitorada. É preciso que cada condutor, ciclista ou pedestre tenha consciência do seu papel nesse ecossistema.

Dados recentes do Ministério da Saúde (DataSUS) indicam que, em 2022, o número de mortes por sinistros de trânsito no Brasil ficou estável em relação ao ano anterior: 33.894 vítimas. Desde 2019, os índices só cresciam. A estabilização, ainda que modesta, pode ser um sinal de mudança. E mais: houve queda nos óbitos entre ciclistas e ocupantes de veículos pesados. Isso indica que o comportamento está começando a mudar.

Mas a cultura de violência no trânsito é antiga e complexa. O antropólogo Roberto Da Matta aponta que a agressividade nas ruas reflete uma sociedade onde nem todos se sentem igualmente obrigados a cumprir as regras. No livro “Fé em Deus e Pé na Tábua”, ele traz a reflexão de que o trânsito brasileiro expressa uma convivência mal resolvida entre dois “Brasis”: um que herda privilégios históricos e se considera acima da lei, e outro que tenta se afirmar, muitas vezes, também por meio da infração.

eco 101
BR 101. Crédito: Mosaico Imagem

Desconstruir essa lógica exige esforço coletivo. Educação no trânsito é mais do que decorar regras: é promover empatia, responsabilidade e respeito. É entender que gentileza salva vidas. E que a pressa, o celular ao volante ou o desrespeito ao limite de velocidade não são apenas imprudências, são riscos reais à vida.

Investir em obras, tecnologia e operação eficiente são necessidades intrínsecas a um mundo que muda constantemente e que exige adaptações logísticas. Mas nenhum esforço será suficiente se não caminharmos juntos na direção de um trânsito mais humano. Porque, no fim das contas, não falamos de estatísticas e sim de histórias. E cada vida preservada é uma história que continua. Neste sentido, eu, você e todos nós, juntos, podemos fazer a diferença.

Este texto não traduz, necessariamente, a opinião de A Gazeta.

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