Acaba de ser eleito o novo papa da Igreja, o Cardeal Robert Prevost. Nascido nos Estados Unidos, mas com experiência pastoral no seio da América Latina. Os veículos de imprensa já divulgaram sua proximidade com o falecido Papa Francisco, mas ainda outros detalhes me saltaram aos olhos.
Os especialistas em assuntos relacionados ao Vaticano e ao papado afirmavam desde a semana passada que o nome escolhido pelo sucessor de Pedro representa um pouco do que pretende deixar como marca de seu pontificado. E o novo papa será chamado de Leão XIV.
Francisco escolheu esse nome em homenagem ao “Pobrezinho de Assis”, um dos santos mais populares do mundo, mais tarde ficamos sabendo que o cardeal brasileiro Cláudio Humes, que ao saudar o novo papa lhe fez o pedido de “não esquecer dos pobres”.

Mas e o Leão? Leão XIII foi papa no século XIX e foi o primeiro papa do Século XX, nascido em 2 de março de 1810, governou a Igreja entre 20 de fevereiro de 1878 até sua morte em julho de 1903. Viveu até os 93 anos e é considerado o papa mais velho, reinante, cuja a idade pode ser comprovada (Bento XVI viveu mais, 95 anos, porém quando morreu já não exercia mais as funções em virtude da renúncia).
Minha aposta está em alguns detalhes de seu pontificado, primeiro sua personalidade de homem apaziguador, voltado para o entendimento entre a Igreja e o mundo moderno, sua reafirmação categórica quanto à coexistência entre a ciência e a religião.
O pontificado de Leão XIII foi marcado pelo aprofundamento das Relações Exteriores, pela diplomacia. E o principal detalhe, foi ele quem “criou” a Doutrina Social da Igreja, com a publicação da encíclica Rerum Novarum. Quanto a ela posso destacar os seguintes pontos:
• Condena a exploração do trabalho pelos capitalistas.
• Rejeita o socialismo e a abolição da propriedade privada, argumentando que fere a dignidade humana e a justiça.
• A propriedade privada é um direito natural do ser humano, necessário ao sustento da família.
• No entanto, seu uso deve estar subordinado ao bem comum.
• O trabalho não é uma mercadoria; o trabalhador não pode ser tratado como um objeto de lucro.
• Deve ser reconhecida a dignidade intrínseca do trabalhador, que tem direito a condições justas e humanas.
• O empregador deve pagar um salário suficiente para a subsistência do trabalhador e sua família.
• O contrato de trabalho deve ser regido pela justiça, e não apenas pela liberdade de negociação.
• Os trabalhadores devem cumprir suas obrigações com honestidade.
• Os patrões devem tratar os empregados com respeito, justiça e caridade.
• O Estado tem o dever de intervir para garantir a justiça social, proteger os fracos e promover o bem comum.
• A intervenção estatal deve ser subsidiária, atuando quando os indivíduos ou instituições menores não conseguirem por si mesmos.
• A Igreja defende o direito dos trabalhadores de se associarem em sindicatos para defesa de seus interesses.
• Valoriza as corporações profissionais como forma de cooperação e promoção da justiça.
• A Igreja deve atuar como guia moral, promovendo a justiça e a paz entre as classes sociais.
• Ela propõe uma solução cristã para a “questão social”, baseada na caridade, solidariedade e no respeito à dignidade humana.
Outros papas continuaram o desenvolvimento da Doutrina Social da Igreja, incluindo a publicação de encíclicas posteriores, que todos os católicos deveriam conhecer bem, como a Quadragesimo Anno, Centimus Annus e Caritas in Veritate.
Enfim, seja bem-vindo Leão XIV e que, na esteira de Francisco, Vossa Santidade seja um Papa da Rerum Novarum um homem da PAZ “desarmada” e “desarmante”, e que como afirmou em seu primeiro pronunciamento, inspirado em Santo Agostinho (fundador da sua ordem de origem), seja um bispo para nós e um cristão conosco. Um cristão que nos inspire a respeitar e proteger os direitos dos mais fracos e um bispo que conduza a Igreja Católica no mesmo caminho de acolhida, fraternidade, abertura ao mundo moderno e promoção da paz.
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