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São promotores de Justiça, líderes do Grupo de Pesquisa Hermenêutica Jurídica e Jurisdição Constitucional (FDV) e professores do Programa de Doutorado e Mestrado em Direitos e Garantias Fundamentais da FDV

Inteligência artificial: limites éticos na produção de textos acadêmicos

A inteligência artificial pode gerar textos de forma automatizada, mas, é importante atribuir corretamente a origem e autoria sob pena de plágio ou violação de direitos autorais

  • Alexandre de Castro Coura e Cássius Guimarães Chai São promotores de Justiça, líderes do Grupo de Pesquisa Hermenêutica Jurídica e Jurisdição Constitucional (FDV) e professores do Programa de Doutorado e Mestrado em Direitos e Garantias Fundamentais da FDV
Publicado em 26/02/2024 às 15h06

A produção de texto com o uso de inteligência artificial é uma ferramenta revolucionária que está transformando a maneira como as pessoas escrevem e se comunicam. Ao combinar algoritmos avançados com a capacidade de aprendizado das máquinas, a inteligência artificial é capaz de gerar textos coerentes, criativos e de boa qualidade em um piscar de olhos.

Uma das principais vantagens da produção de texto com inteligência artificial é a rapidez. Enquanto um redator humano pode levar horas ou até mesmo dias para criar um texto completo, um sistema de IA pode fazê-lo em questão de minutos.

Todavia, alguns alunos e professores têm utilizado as ferramentas de IA de forma equivocada, como mecanismos de mera simplificação do seu trabalho, em prol do cumprimento de metas quantitativas de produção, em detrimento da análise crítica e reflexiva que só o pesquisador poderia realizar.

O desejo de terem seus programas de pós-graduação bem avaliados pelas agências governamentais tem levado muitos pesquisadores a essa prática, se curvando às exigências e aos critérios de avaliação predominantemente produtivistas.

Nesse contexto, é fundamental lembrar que existem limites éticos a serem considerados ao utilizar essa tecnologia. Um dos principais limites éticos está relacionado à autoria do texto. A inteligência artificial pode gerar textos de forma automatizada, mas, é importante atribuir corretamente a origem e autoria sob pena de plágio ou violação de direitos autorais.

Além disso, embora a IA seja capaz de criar textos coerentes e interessantes, nem sempre é capaz de discernir entre informações verdadeiras e falsas que integram sua base de pesquisa, sendo-lhe, também, frágil a capacidade de concatenar e interpretar emoções, sutilezas e sentimentos humanos.

Em face dessas constatações, como evitar o emprego inadequado da inteligência artificial para produção de textos, especialmente no universo acadêmico?

A educação e conscientização da comunidade de usuários é, certamente, um passo fundamental nesse sentido. Os ensinamentos sobre o uso instrumental da IA devem estar intimamente ligados às discussões e ao aprendizado sobre os limites éticos e jurídicos envolvidos.

Afinal, é primordial agir com responsabilidade, transparência e respeito, garantindo que o uso da IA seja benéfico para o avanço científico e não apenas para a avaliação de alunos e professores interessados na quantidade da produção acadêmica, algo que, quase sempre, milita contra a qualidade.

Este texto não traduz, necessariamente, a opinião de A Gazeta.

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