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É médico geriatra

Família deve estar atenta ao consumo abusivo de álcool entre idosos

Um estudo da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), divulgado recentemente, aponta que um em cada 10 idosos no Brasil faz uso abusivo de bebida alcoólica

  • Gustavo Genelhu É médico geriatra
Publicado em 28/12/2021 às 02h00
Preconceito é mais um obstáculo na vida do dependente químico
Nos idosos, o alcoolismo se apresenta de duas formas: em uma delas, afeta aqueles que bebem desde a juventude e prosseguem com o hábito (ou vício) ao envelhecerem. Crédito: Freepik

Independentemente da idade, são muitos os problemas trazidos pelo alcoolismo. Algumas consequências são percebidas a curto prazo, outras levam um pouco mais de tempo, mas vale aquele ditado que diz: uma hora a conta chega.

Na terceira idade, o consumo abusivo do álcool traz uma lista numerosa de complicações de saúde, nas quais podemos citar a redução da capacidade cognitiva e intelectual, insônia, tremores noturnos, falta de apetite, perda de memória, surgimento ou piora de quadros de comorbidades já existentes, como problemas gastrointestinais, renais e neurológicos.

Um estudo da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), divulgado recentemente, aponta que um em cada 10 idosos no Brasil faz uso abusivo de bebida alcoólica.

Dados do levantamento mostram que cerca de 2 milhões de brasileiros com mais de 60 anos consomem várias doses em uma única ocasião. Conclui-se, portanto, que o consumo é abusivo, e o número contabiliza 6,7% dos idosos de todo o Brasil.

Infelizmente, muitas vezes o problema não recebe a devida atenção, tanto por parte do idoso, que não admite o exagero e tampouco a necessidade de buscar ajuda, quanto dos familiares, que em alguns casos enxergam essa realidade como normal ou sem solução.

Nos idosos, o alcoolismo se apresenta de duas formas: a primeira afeta aqueles que bebem desde a juventude e prosseguem com o hábito (ou vício) ao envelhecerem; e o segundo tipo se manifesta naqueles que começaram a consumir álcool depois dos 60 anos, desencadeado por fatores externos, como perdas, mudanças no estilo de vida ou desordens emocionais e psicológicas.

Em ambos os casos, é clara e urgente a necessidade desse idoso receber ajuda para combater esse mal, que dia a dia contribui para uma velhice doente e degenerativa.

Não se trata de algo simples, tampouco fácil, mas que deve ser prioridade. Afinal, o que está em jogo é a vida e a dignidade de quem já venceu muitos obstáculos para chegar à longevidade. Vale, sim, buscar ajuda. E o primeiro passo é não encarar o problema como normal ou sem solução. É importante conversar com seu médico de confiança e traçar as metas para superar esse importante desafio.

Há uma vida com qualidade além das doses excessivas de álcool que consomem a saúde, as lembranças e a alegria de desfrutar da melhor idade com bem-estar e sobriedade.

Este texto não traduz, necessariamente, a opinião de A Gazeta.

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