Autor(a) Convidado(a)
É médico geriatra

Sabe o que é etarismo? Entenda o preconceito por idade que atinge os idosos

O culto à juventude, muitas vezes de maneira bastante cruel, silencia as vozes da sabedoria com a ilusória certeza de que a jovialidade vai durar para sempre

  • Gustavo Genelhu É médico geriatra
Publicado em 28/09/2021 às 14h00
Idosos precisam ser ajudados pelos filhos
Segundo um relatório elaborado pela Organização Mundial de Saúde (OMS), uma em cada duas pessoas no mundo já apresentou ações discriminatórias contra idosos. Crédito: Pixabay

Chegar à terceira idade com saúde e boa disposição é um privilégio, mas muitas pessoas que passaram dos 60 anos já se sentiram discriminadas em razão da sua idade. Infelizmente não é raro ouvir frases como “você está muito velho para fazer isso”, “lugar de velho é em casa”, entre outras afirmações descabidas e carregadas de falta de empatia.

Essa discriminação é chamada de etarismo, termo criado pelo gerontologista Robert N. Butler para descrever o preconceito com indivíduos mais velhos.

Segundo um relatório elaborado pela Organização Mundial de Saúde (OMS), uma em cada duas pessoas no mundo já apresentou ações discriminatórias contra esse grupo. E tais atitudes preconceituosas podem afetar a saúde física e mental dos idosos, contribuindo para potencializar sentimentos destrutivos que fazem despencar a autoestima e levar a doenças, como depressão, ansiedade e até alcoolismo.

Os dados da OMS mostram ainda que no Brasil 16,8% dos brasileiros com mais de 50 anos já se sentiram vítimas de algum tipo de discriminação por estarem envelhecendo.

O que deveria ser motivo de admiração e respeito torna-se gatilho para a marginalização de indivíduos com história e bagagem que merecem, no mínimo, um reconhecimento respeitoso.

O etarismo está arraigado na cultura brasileira e também em outras nações. Onde basta ir além da idade “aceitável” para que o indivíduo não seja mais importante ou útil pelo que é e, tampouco, pelo que um dia foi e realizou.

O culto à juventude, muitas vezes de maneira bastante cruel, silencia as vozes da sabedoria com a ilusória certeza de que a jovialidade irá durar para sempre. Ledo engado. O que pode perdurar por longos anos, com certeza não é a juventude, mas sim a longevidade daqueles que venceram os desafios do tempo.

A sabedoria precisa começar a ser construída a partir da desconstrução de conceitos enraizados que excluem os protagonistas da nossa história. Para isso, mais do que rever as palavras do vocabulário para eliminar os termos discriminatórios, é importante entender a importância de quem já viveu o que ainda não vivemos. E saber valorizar cada passo, entre erros e acertos, que os fizeram chegar até aqui para que, então, possamos dar continuidade à vida que sempre segue.

Este texto não traduz, necessariamente, a opinião de A Gazeta.

A Gazeta integra o

Saiba mais

Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rápido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem.

Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta.

A Gazeta deseja enviar alertas sobre as principais notícias do Espirito Santo.