Autor(a) Convidado(a)
É médico geriatra

Embora associada a jovens, depressão faz mais vítimas entre os idosos

Se ao longo dos anos a doença já era uma tendência entre as pessoas com mais idade, com a pandemia o problema pode ter se agravado muito

  • Gustavo Genelhu É médico geriatra
Publicado em 26/03/2021 às 14h01
Idosos integram grupo de risco que mais precisou mudar rotina na pandemia
Idosos integram grupo de risco que mais precisou mudar rotina na pandemia. Crédito: Bruno Martins/ Unsplash

Num processo lento, muitas vezes quase imperceptível, aquele vazio na alma revestido por profunda tristeza, que aos poucos toma conta dos dias e das noites, vai se transformando numa doença silenciosa e altamente destrutiva: a depressão.

Sem escolher idade, posição social, crença ou grau de escolaridade, essa doença da alma pode ser desencadeada por diversos fatores, desde a hereditariedade até os mais diferentes problemas da vida, como solidão, abandono, enfermidades e por aí segue.

Bastante associada a jovens e adultos com vida ativa, são os idosos que lideram o ranking dos mais atingidos pela depressão. A última Pesquisa Nacional de Saúde, realizada em 2019 pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o problema afeta atinge cerca de 13% da população entre os 60 e 64 anos de idade. No mundo, afeta, em média, 264 milhões de pessoas de todas as idades.

A depressão pode se expressar de muitas maneiras e, na terceira idade, também se manifesta com algumas particularidades. Atentos a isso, familiares, amigos e cuidadores podem e devem agir em favor de nossos vovôs e vovós.

Nem sempre a doença virá em forma de tristeza, choros e lamentações e isso acaba dificultando um diagnóstico favorável. Por isso, é fundamental estar atento a sinais mais sutis, como perda de apetite, distúrbios no sono, falta de interesse em atividades que antes eram prazerosas.

Muitos idosos, inclusive, resistem em admitir que estão sendo afetados por sentimentos de tristeza, angústia ou apatia, afinal boa parte deles identifica tais reações como uma inadmissível fraqueza e não se dá ao direito de compartilhá-los com ninguém.

Se ao longo dos anos a depressão já era uma tendência entre os idosos, com a pandemia, que começou um ano atrás e persiste até os dias de hoje, o problema pode ter se agravado muito. Afinal, eles fazem parte de um grupo de risco que mais precisou mudar a rotina de maneira abrupta e repentina, e se adaptar a uma realidade bem difícil, longe da família, do seu círculo de amigos, dos encontros. Tudo para se manter vivo em meio a uma guerra de incertezas, sem data para terminar.

Com a chegada da vacina, aos poucos a esperança vem tomando espaço, sinalizando uma lenta e gradual volta à rotina, ao “velho normal”, tão esperado por todos.

Mais que uma conquista, a vacina que garante a proteção contra as complicações da Covid-19 é realização de um sonho para idosos e suas famílias. Vale, contudo, é importante avaliar como está a saúde emocional dos nossos idosos. Doses de amor e cuidado fazem um efeito inimaginável na cura de muitas doenças, inclusive a depressão.

* Este texto não traduz, necessariamente, a opinião de A Gazeta

A Gazeta integra o

Saiba mais

Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rápido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem.

Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta.

A Gazeta deseja enviar alertas sobre as principais notícias do Espirito Santo.