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É administrador e secretário-chefe da Casa Civil do Governo do Estado

Como foi a primeira eleição direta para prefeito de Vitória após a ditadura

Há 40 anos, a declaração do prefeito eleito sobre a sua conquista dizia muito sobre o momento do país: “A vitória tem ‘sabor de democracia’”

  • Júnior Abreu É administrador e secretário-chefe da Casa Civil do Governo do Estado
Publicado em 07/12/2025 às 10h00

A edição de “A Gazeta” do dia 16 de novembro de 1985 estampava em sua página 2: “Pobres e elites misturam-se na democracia do voto”. Era o dia seguinte à eleição para prefeito de Vitória. O pleito daquele ano era histórico: marcava a retomada da eleição direta para a escolha dos chefes dos Executivos municipais das capitais brasileiras, após 21 anos de regime militar. Foi uma celebração da cidadania.

O jornal registrou o dia quente (34ºC) que fez em Vitória naquela sexta-feira de votação, 15 de novembro de 1985. “Capixaba prefere votar de manhã para não perder o dia de praia”, estampava a edição de sábado do periódico. O jornal anotou, ainda, uma cena jocosa. A falta de hábito dos brasileiros com eleições diretas era tamanha que até o então governador Gerson Camata teve dificuldade em encontrar a sua seção de votação.

A campanha das Diretas Já, entre 1983 e 1984, com manifestações nas ruas, inclusive em Vitória, já tinha dado o recado que o país exigia o direito para presidente, o que só aconteceria em 1989. O pleito de 1985 foi fruto da pressão popular por mais abertura. Desde 1979, o Brasil já havia retomado o pluripartidarismo.

Edição de A Gazeta sobre primeira eleição para prefeito de Vitória após a ditadura
Edição de A Gazeta sobre primeira eleição para prefeito de Vitória após a ditadura. Crédito: ArquivoAG

Cinco candidatos disputaram as eleições para prefeito de Vitória: Amúlio Finamore (PSC), Chrisógono Cruz (União Democrática), Hermes Laranja (PMDB), Jairo Reis (PCB) e Vitor Buaiz (PT).

Hermes Laranja alcançou 45.629 votos e saiu vencedor. Vitor Buaiz (que seria eleito prefeito no pleito seguinte) ficou em 2º, seguido por Chrisógono Cruz. A declaração de Hermes Laranja sobre a sua conquista diz muito sobre o momento do país: “A vitória tem ‘sabor de democracia’”.

Em São Paulo, a eleição colocou frente a frente um ex-presidente, Jânio Quadros, contra um senador que seria eleito presidente nove anos depois, Fernando Henrique Cardoso. Jânio derrotou FHC.

Aquela edição do jornal “A Gazeta” de 16 de novembro de 1985 deu a dimensão do momento histórico que a democracia brasileira atravessava:

“Da mais alta casa do mais elevado morro, das palafitas aos grandes edifícios, do centro às praias da cidade, nada pode ser comparado ao clima festivo das primeiras eleições municipais, realizadas ontem, após 21 anos de absoluta abstenção”, registrou o periódico.

Que nunca mais a gente perca o sabor da democracia.

Este texto não traduz, necessariamente, a opinião de A Gazeta.

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