Dados divulgados recentemente pelo Banco Central apontaram a saída de dólares do Brasil pela conta financeira em 2024 totalizando US$ 87,2 bilhões. Esse valor é considerado a maior evasão de investimento estrangeiro no país desde o início da série histórica da entidade financeira em 1982, ou seja, em 43 anos.
A conta financeira inclui compra e venda de dólares relativas a serviços como de turismo, alugueis, transportes além de investimentos e aplicações financeiras no exterior como bolsa de valores ou mercado futuro, por exemplo.
Além da conta financeira, o fluxo total de dólares que entra e sai do Brasil também engloba a conta comercial. Essa registra as compras e vendas de dólares relacionadas com as exportações e importações. Em 2024, ingressaram US$ 69,2 bilhões devido as exportações, o que atenua o saldo negativo no país.
Diante desse cenário é válido dizer que o dólar atingindo cotações a quase R$ 6 traz impacto direto no mercado imobiliário brasileiro. A começar pelo aumento dos custos da construção civil já que muitos insumos têm seus preços atrelados ao dólar, como acabamentos e tecnologias. Com o dólar em alta, esses custos sobem, refletindo no valor final do imóvel.
As flutuações no dólar podem pressionar também a inflação e, por consequência, manter ou elevar as taxas de juros locais. Além disso, com juros mais altos, a oferta de crédito se torna mais difícil e a demanda por imóveis fica negativa.
O resultado tende a ser uma alta expressiva de aluguéis em razão de dois fatores. O primeiro é o encolhimento de transações de compra e venda, provocado pela dificuldade de acesso ao crédito imobiliário e retração de lançamentos imobiliários, refletindo assim no aumento da procura por aluguéis.

Por sua vez, o segundo fator trará um reflexo direto para as locações imobiliárias, setor no qual se espera um reajuste no valor do aluguel residencial acima do normal, devido ao aumento da demanda de locação e pelo reflexo do cenário econômico nos dois principais índices contratuais de reajustes, o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo), do IBGE, que refletirá a inflação com tendência de alta acima da média, e o IGP-M (Índice Geral de Preços), que sofre influência direta da alta do dólar, e do mercado externo, em razão do peso de commodities em sua formação.
Desse modo, a interconexão global dos mercados financeiros e a importância do dólar como moeda de reserva mundial fazem com que suas flutuações tenham um impacto significativo em várias indústrias, inclusive no mercado imobiliário. Negociar será o grande desafio para que o setor se adapte rapidamente a um novo cenário das locações de imóveis em 2025.
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