Autor(a) Convidado(a)
É professora do Programa de Pós-Graduação em Comunicação e Territorialidades - Departamento de Comunicação Social (Ufes)

ChatGPT: inimigo ou aliado?

Ao contrário de entregar aos controles do dispositivo nosso desejo de escrever e de criar coisas novas, parece ser bem melhor usá-lo para resolver burocracias do cotidiano e extrair dali algumas ideias iniciais, sem deixá-lo aniquilar a nossa autonomia

  • Daniela Zanetti É professora do Programa de Pós-Graduação em Comunicação e Territorialidades - Departamento de Comunicação Social (Ufes)
Publicado em 23/02/2023 às 14h27
Filme
Joaquin Phoenix em Her, de Spike Jonze. Crédito: Warner Bros. Picture/Divulgação

Dia desses, durante uma aula, orientava meus estudantes sobre um trabalho teórico que deveriam desenvolver e alertei sobre os cuidados para se evitar o plágio e a importância de sempre citarem suas fontes de pesquisa. É uma questão de honestidade (e elegância) intelectual fazer referências a outros textos e autores e autoras que nos servem de base e inspiração.

“Ao invés de utilizarem a inteligência artificial, estimulem a inteligência natural de vocês”, sugeri, já trazendo para a conversa a polêmica em torno do ChatGPT, programa de inteligência artificial que, em síntese, produz textos a partir de conceitos, palavras-chave e comandos indicados pelo usuário, tendo como fonte os dados que coleta na internet.

Inimigo ou aliado? Sempre que surge uma nova tecnologia, lá estamos nós, ao mesmo tempo deslumbrados e assustados com seus encantos, com sua mágica. Será que seremos substituídos pelas máquinas? Será que sucumbiremos ao poder da tecnologia? E então tentamos nos situar entre os tecnófilos e os tecnófobos, os apocalípticos e os integrados, para citar Umberto Eco.

Foi assim com o cinema, com o computador, com a internet e as redes sociotécnicas, rapidamente incorporados ao nosso cotidiano. Trata-se de um dilema que de vez em sempre aparece na ficção, seja na literatura, seja no cinema. No caso do ChatGPT, penso que ao contrário de entregar aos controles do dispositivo nosso desejo de escrever e de criar coisas novas, parece ser bem melhor usá-lo para resolver burocracias do cotidiano e extrair dali algumas ideias iniciais, sem deixá-lo aniquilar a nossa autonomia.

Quem assistiu ao filme Her (2013), de Spike Jonze, deve se lembrar de Samantha, um programa de inteligência artificial que simulava não somente um diálogo com seu usuário, como também um romance. Em certa altura da narrativa, Samantha, já tendo aprendido tudo sobre seu parceiro humano e o mundo que o cerca, descola-se dele para trilhar seu próprio caminho, muito mais complexo e “inteligente”. Afinal, se os humanos abrirem mão de sua imaginação e visão crítica, de sua criatividade e capacidade de formulação, quem precisa deles?

Este texto não traduz, necessariamente, a opinião de A Gazeta.

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