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É coordenador de tráfego da Ecovias Capixaba

BR 101: por trás dos números, vidas que poderiam ser salvas

O uso do cinto, o respeito aos limites de velocidade e a escolha de não dirigir cansado ou alcoolizado podem ser o limite entre um retorno seguro para casa e uma tragédia

  • Carlos Eduardo Diniz É coordenador de tráfego da Ecovias Capixaba
Publicado em 20/11/2025 às 10h00

BR 101 é muito mais do que uma rodovia. É o caminho que conecta famílias, histórias e o desenvolvimento do Espírito Santo. Mas também é um espaço onde a imprudência e a falta de atenção têm cobrado um preço alto demais. Entre janeiro e setembro de 2025, foram registrados 3.032 acidentes no trecho sob gestão da Ecovias Capixaba, resultando em 89 mortes e 1.729 pessoas feridas. Cada número representa uma vida interrompida e também um alerta sobre o quanto ainda precisamos evoluir em segurança viária.

Desde 2014, o Programa de Redução de Acidentes (PRA), da Ecovias Capixaba, tem orientado ações voltadas à preservação de vidas, unindo engenharia, fiscalização e educação. O programa se baseia em três pilares complementares: melhorar a infraestrutura, monitorar o tráfego e promover a conscientização. São medidas que vão desde o reforço da sinalização, instalação de redutores de velocidade e fechamento de acessos irregulares até campanhas educativas voltadas para motoristas, motociclistas e pedestres.

Como coordenador de tráfego, vejo diariamente o impacto que pequenas decisões têm sobre a segurança nas estradas. O uso do cinto, o respeito aos limites de velocidade e a escolha de não dirigir cansado ou alcoolizado podem ser o limite entre um retorno seguro para casa e uma tragédia.

Os dados reforçam essa percepção. Entre as vítimas fatais registradas neste ano, 51% eram motociclistas, 30% ocupantes de carros e caminhões e 19% pedestres. Quase metade (48%) não usava cinto de segurança. Outro dado que chama atenção é que 90% das mortes foram de homens, com concentração aos domingos e nos períodos da noite. E mesmo em trechos duplicados, onde há mais segurança estrutural, ocorreram 56% dos acidentes, o que evidencia que o comportamento humano ainda é o principal fator de risco.

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Trecho da BR 101 . Crédito: Mosaico Imagem

Essas informações são analisadas mês a mês para compreender padrões e desenvolver soluções preventivas. A estatística, nesse contexto, é uma ferramenta de transformação: cada número aponta um ponto vulnerável que pode ser corrigido com infraestrutura adequada ou campanhas direcionadas.

Mas há algo que nenhuma tecnologia ou planejamento substitui: a responsabilidade individual. A segurança no trânsito é um pacto coletivo. Enquanto cada motorista, motociclista e pedestre não enxergar seu papel nesse sistema, o esforço técnico continuará limitado.

Transformar a BR 101 em um caminho mais seguro exige mais do que obras ou investimentos. Exige consciência. Porque, por trás de cada volante, cada guidão e cada passo, existe uma vida que merece chegar ao seu destino.

Este texto não traduz, necessariamente, a opinião de A Gazeta.

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