O agronegócio brasileiro vive um momento de transição importante. O que antes era tendência agora é realidade: os bioinsumos chegaram para ficar. Mais do que uma alternativa, eles representam um caminho estratégico para conciliar produtividade, sustentabilidade e competitividade no campo.
A recente aprovação da Lei nº 15.070, que regulamenta a produção, uso e comércio de bioinsumos no Brasil, é um marco nesse processo. Pela primeira vez, temos um arcabouço legal que garante segurança jurídica e clareza para produtores, empresas e cooperativas. E o ponto mais transformador dessa legislação é, sem dúvida, a regulamentação da produção para uso próprio, a chamada produção on-farm, inclusive em associações e cooperativas.
Por que isso é tão relevante para nós, capixabas? Porque grande parte da nossa agricultura é formada por pequenos e médios produtores, organizados em associações e cooperativas, que agora poderão acessar tecnologia com custo reduzido. Antes, o alto investimento necessário para produzir bioinsumos dentro da propriedade inviabilizava a prática para muitos. Com a produção coletiva, essa realidade muda.
Aqui no Espírito Santo, já temos bons exemplos de organização, como a associação BioSolo, localizada em Timbuí, no município de Fundão, que vem se destacando nesse movimento. Isso significa que práticas que antes estavam restritas a produtores maiores passam a ser acessíveis também para quem cultiva café conilon e arábica, mamão, pimenta-do-reino, cacau e até culturas de ciclo mais curto, como hortaliças, gengibre e banana.
Do ponto de vista técnico, os ganhos são indiscutíveis. Quando bem recomendados e aplicados, os bioinsumos ajudam a melhorar a nutrição das plantas, aumentar a tolerância ao estresse ambiental, ampliar a diversidade microbiana no solo e fortalecer a capacidade de defesa natural contra pragas e doenças. Tudo isso sem toxicidade e com menor impacto ambiental, promovendo um manejo sustentável e integrado com as tecnologias convencionais.
Vale destacar que bioinsumos não significam, necessariamente, substituição total de defensivos ou fertilizantes minerais. No caso dos biofertilizantes, por exemplo, falamos de uma associação inteligente: eles potencializam a absorção dos nutrientes minerais, otimizando o uso e reduzindo desperdícios. Já no controle biológico, em alguns casos, pode ocorrer substituição, mas o mais importante é entender que se trata de uma ferramenta complementar, que contribui para sistemas mais resilientes e produtivos.
A agricultura capixaba tem um diferencial: produtores organizados, assistência técnica ativa e integração com a pesquisa. Isso cria um terreno fértil para que os bioinsumos avancem de forma consistente e segura. Agora, com a lei, temos condições ideais para acelerar essa transformação.
Se queremos um agro mais competitivo e sustentável, precisamos apostar em inovação. E os bioinsumos são parte dessa resposta. O Espírito Santo já está no caminho certo. Cabe a nós, técnicos, produtores e instituições, ampliar esse movimento e garantir que os benefícios cheguem a todos.
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