O setor de alimentação fora do lar no Brasil tem sido uma força vital para a economia do país. Recentemente, a Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel) e a Escola de Economia da Fundação Getúlio Vargas (FGV EESP) divulgaram um estudo revelador sobre a relevância socioeconômica deste meio.
O levantamento não apenas destaca a importância econômica do ramo, mas também expõe seus desafios, o que torna ainda mais urgente uma reflexão sobre como fortalecer esse pilar fundamental da nossa economia.
Com um impacto de R$ 416 bilhões em 2023, representando 3,6% do PIB nacional, a alimentação fora do lar se tornou um dos maiores motores da economia brasileira. O estudo revela que para cada R$ 1 mil gastos em bares e restaurantes, a economia é movimentada em R$ 3.650, considerando efeitos diretos, indiretos e induzidos.
Esses números mostram o efeito multiplicador dos bares e restaurantes, que vai além dos próprios estabelecimentos e afeta uma série de outras indústrias, como a agricultura, transporte e comércio. Além disso, com quase 5 milhões de empregos formais, representando 7,9% do total de empregos formais no Brasil, o setor tem uma enorme capacidade de inclusão social.
Apesar do impacto positivo, o estudo também aponta desafios significativos, como alta taxa de informalidade (41%), inadimplência e dificuldades de acesso a crédito. Muitos desses desafios decorrem de um ambiente de negócios que ainda carece de políticas públicas mais eficazes e de um esforço conjunto entre o governo e o setor privado para criar condições mais favoráveis ao crescimento desse serviço.
Pequenos empreendedores, que começam suas atividades como uma maneira de melhorar sua qualidade de vida e a de suas famílias, acabam se deparando com um sistema de altos impostos, falta de acesso a crédito que prejudica a estabilidade dos negócios.
Além disso, a baixa qualificação da mão de obra tem um impacto direto na qualidade dos serviços prestados e na competitividade do meio. Em um mercado altamente competitivo, a falta de capacitação é um obstáculo a ser superado. Não se trata apenas de ensinar habilidades técnicas, mas de promover uma verdadeira mudança cultural que valorize a área e seus profissionais.
Diante dessa realidade, durante a apresentação do estudo, a Abrasel apresentou o Plano Nacional de Restauração, um conjunto de ações que busca melhorar a situação da categoria no Brasil. Entre as propostas, destacam-se a desoneração da folha de pagamento, a simplificação tributária e a ampliação do acesso a programas de fomento. O plano, se bem implementado, pode transformar o cenário desafiador em uma oportunidade para fortalecer e expandir ainda mais o ramo.
O setor de alimentação fora do lar não é apenas uma atividade econômica. Ele representa um caminho de inclusão social, geração de empregos e desenvolvimento local. Contudo, é preciso que políticas públicas e ações concretas sejam adotadas para enfrentar os desafios do meio, melhorar sua competitividade e garantir um futuro promissor para a categoria e para as milhões de pessoas que dela dependem.
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