Autor(a) Convidado(a)
É professor do Departamento de Oceanografia e Ecologia da Ufes, atua na área de oceanografia e meio ambiente

Alteração do meio ambiente não é uma questão de fé ou crença

É fundamental reconhecer que tudo o que fazemos tem impacto, desde nosso modo de vida até as escolhas dos nossos representantes políticos, responsáveis por leis que regulam nossa relação com a natureza

  • Renato Rodrigues Neto É professor do Departamento de Oceanografia e Ecologia da Ufes, atua na área de oceanografia e meio ambiente
Publicado em 05/06/2023 às 13h43

No dia de hoje, celebra-se o Dia Mundial do Meio Ambiente, que tem como objetivo conscientizar as pessoas sobre a proteção e preservação da natureza. Esta data foi estabelecida durante a Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente Humano, realizada em 1972, na Suécia. No entanto, mesmo após 51 anos, questiona-se se realmente compreendemos a relevância do meio ambiente em nossas vidas. Vivenciamos ações danosas a florestas, rios, estuários, atmosfera, oceanos e toda a biodiversidade.

É fundamental reconhecer que tudo o que fazemos tem impacto, desde nosso modo de vida até as escolhas dos nossos representantes políticos, responsáveis por leis que regulam nossa relação com a natureza. No entanto, parece que negligenciamos como essas ações nos afetam diretamente.

A Revolução Industrial trouxe consigo os primeiros poluentes. As fábricas queimavam carvão sem qualquer controle, resultando na liberação de dióxido de enxofre para a atmosfera, gerando a chuva ácida, prejudicial tanto à saúde humana quanto ao equilíbrio ecológico. Alguns países responderam a esse problema implementando leis para reduzir as emissões, como foi o caso do 'Clean Air Act' nos Estados Unidos, nos anos 60.

Um outro caso marcante ocorreu na Baía de Minamata, no Japão, também nos anos 60. Uma empresa química despejou mercúrio na baía sem controle algum, resultando na contaminação da cadeia alimentar e na intoxicação de pescadores. Uma enfermidade neurológica devastadora se manifestou nessa população, causando danos ao sistema nervoso central, perda de visão, audição, fala e distúrbios mentais. Embora regulamentações tenham sido implementadas, como o 'Acordo de Minamata sobre Mercúrio', ainda utilizam esse elemento na mineração ilegal de ouro na Amazônia e em outros lugares.

A queima de combustíveis fósseis é outra prática deletéria que produz gases de efeito estufa, alterando a composição da atmosfera e dos oceanos. Essas mudanças tornam o nosso planeta mais quente e acidificam os oceanos. O Acordo de Paris, em 2015, estabeleceu metas para os países reduzirem as emissões dos gases.

Poluição atmosférica
Poluição atmosférica . Crédito: Divulgação/Pixabay

Nossa forma irresponsável de lidar com a produção de lixo é também nociva, destacando-se a poluição causada pelo plástico. Milhões de toneladas são encontrados nos oceanos, enquanto nanoplásticos têm sido detectados nos tecidos de animais e na placenta humana. Ainda não há consenso internacional sobre o tema, mas há a previsão de que um novo Acordo de Paris seja feito até 2024 para diminuir a produção de plástico.

A alteração do meio ambiente não é uma questão de fé ou crença, mas sim de processos físicos, químicos e biológicos bem estabelecidos e comprovados. Daí, a importância de se ter leis que evitem tragédias ambientais. Os pouquíssimos exemplos mencionados aqui nos lembram que não existe um "fora"- somos interligados. É fundamental refletir sobre nossa relação com o meio ambiente. A consciência ambiental é a chave para construção de um mundo mais sustentável, saudável e duradouro.

Este texto não traduz, necessariamente, a opinião de A Gazeta.

A Gazeta integra o

Saiba mais

Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rápido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem.

Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta.

A Gazeta deseja enviar alertas sobre as principais notícias do Espirito Santo.