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É mestre em Engenharia Civil, coordenadora e professora da Unidade de Engenharia da Faesa Centro Universitário.

A realidade para as meninas que sonham ser engenheiras

Ao longo da minha trajetória, vivi muitos dos desafios comuns a mulheres que trilham esse caminho: a necessidade constante de se provar tecnicamente, o desequilíbrio entre oportunidades e o acúmulo de papéis dentro e fora da profissão

  • Joice Paiva Tosta É mestre em Engenharia Civil, coordenadora e professora da Unidade de Engenharia da Faesa Centro Universitário.
Publicado em 24/06/2025 às 14h46

Dia 23 de junho foi o Dia Internacional da Mulher na Engenharia. Uma data que convida à reflexão sobre a presença e o protagonismo feminino em uma das áreas historicamente mais masculinas do conhecimento. Criada pela Women’s Engineering Society (WES), essa data tem ganhado relevância mundial justamente porque ainda são necessárias ações, políticas e exemplos que consolidem o espaço das mulheres na engenharia.

Falar sobre isso, para mim, não é apenas uma pauta institucional – é também pessoal. Sou engenheira civil de formação, e coordeno atualmente a Unidade de Engenharia da Faesa Centro Universitário. Além da atuação acadêmica, também trabalho com o desenvolvimento de lideranças e times, o que me permite enxergar, com mais profundidade, os impactos da presença feminina em ambientes técnicos e de decisão.

Ao longo da minha trajetória, vivi muitos dos desafios comuns a mulheres que trilham esse caminho: a necessidade constante de se provar tecnicamente, o desequilíbrio entre oportunidades e o acúmulo de papéis dentro e fora da profissão.

Ainda assim, o que me move são as transformações – evidentes e ocultas – que acontecem quando uma mulher ocupa um espaço de liderança. Em diferentes setores da engenharia, temos exemplos inspiradores: mulheres que coordenam grandes obras, que lideram laboratórios de inovação, que gerenciam equipes multidisciplinares com excelência técnica e sensibilidade na tomada de decisões.

Elas trazem consigo uma escuta ativa, uma intuição apurada para antever cenários e uma notável capacidade de articulação – habilidades que não apenas contribuem para o sucesso de projetos, mas também promovem ambientes de trabalho mais saudáveis e produtivos.

Na educação, tenho buscado fazer da gestão acadêmica um espaço onde nossas alunas e professoras possam transcender. A transformação curricular, os projetos interinstitucionais, o estímulo ao empreendedorismo estudantil e a abertura de espaços de escuta são estratégias que colocam a diversidade e a equidade no centro da formação em engenharia.

Quando uma estudante entra na sala de aula e encontra uma mulher ensinando cálculo, liderando um laboratório ou coordenando um curso, ela passa a se ver também como protagonista possível.

Mulheres na engenharia, engenheira, mulher
Mulheres na engenharia, engenheira, mulher. Crédito: Pixabay

Neste 23 de junho, celebramos conquistas, sim – mas acima de tudo, reafirmamos compromissos: com as meninas que sonham ser engenheiras, com as profissionais que já trilham esse caminho, e com uma sociedade que só tem a ganhar quando abraça a pluralidade de talentos e perspectivas. Porque a engenharia que queremos construir é feita de coragem, visão e propósito. Mas é quando se soma a delicadeza da escuta, a intuição que antecipa caminhos, a sensibilidade que conecta e a força silenciosa da resiliência, que ela se torna completa.

E é nesse equilíbrio entre razão e afeto, entre técnica e humanidade, que as mulheres têm deixado sua marca – não apenas ensinando, mas ressignificando o próprio sentido de construir.

Este texto não traduz, necessariamente, a opinião de A Gazeta.

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