“Inovação é questão de sobrevivência” já virou mantra e até jargão dentro das empresas. Muitas vezes tratada como intangível, esta semana a inovação ganhou um novo argumento que comprova sua materialidade. O prêmio Nobel de Economia 2025 laureou 3 pesquisadores por seus estudos que explicam o fenômeno do crescimento econômico impulsionado pela inovação.
Joel Mokyr, ganhador de metade do prêmio, se debruçou sobre a revolução industrial e abordou como a evolução da economia se deu pela ação conjunta da teoria e prática, aproveitamento do capital intelectual disponível e o principal: abertura à mudança. Esse desprendimento para mudar é o elo entre Mokyr e os estudos de Philippe Aghion e Peter Howitt, ganhadores da outra metade do prêmio.
Aghion e Howitt formalizaram o conceito de “destruição criativa” de Schumpeter demonstrando que para manter o crescimento da empresa é necessário reinventar o negócio de acordo com as mudanças contextuais. O novo substitui o velho, e é justamente essa substituição que mantém a perenidade da empresa. Enquanto Mokyr explica o início do crescimento por meio da inovação, Aghion e Howitt demonstram como o crescimento é mantido.
Se por um lado, o que conecta os estudos laureados é a capacidade de adaptação, por outro, um dos maiores desafios das organizações é superar a inércia organizacional, fenômeno no qual a empresa por ser muito competente na sua operação se torna menos capaz de experimentar o que não domina. Um confortável e perigoso paradoxo para as organizações em ambientes de rápidas mudanças como o que vivemos.
Na teoria já está comprovado que a inovação é fundamental, mas não é trivial transpor a barreira da implementação. Como já dizia Lawrence Hrebiniak, professor da Wharton School, “formular estratégia é difícil. Fazer a estratégia funcionar é ainda mais difícil.” A destruição criativa requer um constante embarque no desconhecido e ousadia para mexer no time que está ganhando - afinal, “o time que ganha hoje, pode perder de goleada amanhã”.
O Prêmio Nobel de Economia deste ano vai além do reconhecimento acadêmico. Ele vem como uma faísca que reacende a chama da necessidade da inovação, e demonstra que para manter o crescimento sustentável é fundamental se reinventar. Vivemos ciclos curtos de disrupção nos quais os negócios se tornam obsoletos rapidamente com o avanço da tecnologia. Portanto, a relevância de uma empresa não se constrói com soluções permanentes, mas sim com a coragem de reescrever a própria história.
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