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É professor de Filosofia da Ufes, coordenador pedagógico da Escola de Fé e Política da Arquidiocese de Vitória e membro da rede de assessores do CEFEP/CNBB

A Igreja Católica está em boas mãos

Leão XIV é a continuidade do pontificado de Francisco. De forma alguma uma repetição, mas, sem nenhuma dúvida, seguimento. Isso nos mostra que o Papa Francisco não foi um desvio transitório na Igreja

  • Maurício Abdalla É professor de Filosofia da Ufes, coordenador pedagógico da Escola de Fé e Política da Arquidiocese de Vitória e membro da rede de assessores do CEFEP/CNBB
Publicado em 12/05/2025 às 12h03

eleição de Robert Prevost como papa Leão XIV é um marco que define, para o futuro, o significado do pontificado de Francisco para a Igreja Católica. Prevost era próximo a Francisco, no ministério e no pensamento.

A escolha do nome Leão tem, além de tantos significados, um que considero o mais belo e eloquente. São Franscisco de Assis tinha um companheiro fiel, a quem dedicava muito afeto, que foi tanto um amigo próximo como um auxiliar nas coisas que exigiam mais conhecimentos formais: o Frei Leão.

Leão ajudou a obra reformadora de Francisco de Assis e, diferentemente dele, ordenou-se padre, ao passo que São Francisco manteve-se frade, sem ordens. Aparentemente, um representava o espírito reformador e o outro a concretização desse espírito franciscano na formalidade da Igreja. Seria uma bela história se o mesmo ocorresse com o Francisco e o Leão de Roma. Mas isso só o futuro dirá.

Cardeal Robert Prevost é o novo papa e escolhe o nome Leão XIV
Robert Prevost é o novo papa. Crédito: REUTERS/Yara Nardi ORG XMIT

Certo, porém, é que Leão XIV é a continuidade do pontificado de Francisco. De forma alguma uma repetição, mas, sem nenhuma dúvida, seguimento. Isso nos mostra que o Papa Francisco não foi um desvio transitório na Igreja, possível de ser facilmente contornado para se voltar às formas conservadoras, moralistas e espiritualistas de se viver o catolicismo.

Francisco não foi apenas alguém a “ocupar o papado”, como diziam os católicos politicamente reacionários, que se recusavam a reconhecê-lo como papa. Ele mudou definitivamente a Igreja, para desespero dos que têm a religião apenas como instrumento para confirmar e referendar seus interesses políticos e ideológicos. Seu legado vive em Leão XIV, como revelou o novo papa em seu primeiro pronunciamento público.

Prevost é o segundo papa americano, não o primeiro. Para quem se esqueceu, a Argentina, terra do Papa Francisco, fica na América. Esse é outro alento para os que se mantém na unidade da Igreja guiada por Francisco. Leão XIV tem experiência nas duas partes da América, a poderosa e imperial e a pobre e dependente. Ele nasceu nos EUA e foi missionário e bispo no Peru. Como superior dos agostinianos, rodou por vários países de nosso Continente.

Por isso, Leão XIV é um papa que experimentou e conhece as injustiças sociais e a vivacidade da Igreja latino-americana. Vivenciou a teologia engajada no sofrimento e na luta dos povos, que foram determinantes também na formação de Bergoglio e o inspirou como Papa Francisco.

Com Leão XIV, no seguimento de Franscisco, a Igreja incorpora e sacramenta toda a teologia e espiritualidade encarnadas no sofrimento dos povos do mundo colonizado e seus anseios por libertação, por meio da fé em Jesus Cristo.

A Igreja Católica está em boas mãos e a renovação de Francisco veio para ficar!

Este texto não traduz, necessariamente, a opinião de A Gazeta.

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