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É coordenadora da Fundação SM no Brasil

A escassez docente e o futuro da educação

Com milhões de professores deixando a profissão, o mundo enfrenta uma crise silenciosa que compromete a aprendizagem, a equidade e o desenvolvimento sustentável

  • Erica Carvalho É coordenadora da Fundação SM no Brasil
Publicado em 01/11/2025 às 13h00

Dados do Relatório Global sobre Professores, da Unesco, apontam escassez mundial estimada de 44 milhões de profissionais da educação básica até 2030. Essa enorme crise provoca inúmeras consequências, sendo uma das principais a qualidade do ensino.

O cenário é bastante preocupante, considerando o agravamento ano após ano. De 2015 a 2022, a taxa de abandono da profissão quase dobrou no mundo. Na América Latina e Caribe, por exemplo, já são cerca de 2,8 milhões de professores que deixaram de atuar, abandonando a carreira docente.

Essa situação alarmante vai de encontro ao futuro que desejamos para as atuais e próximas gerações. Afinal, como sabemos, os professores cumprem um papel fundamental na formação de estudantes e no direito à educação. Além disso, impede o cumprimento do quarto objetivo da agenda de desenvolvimento sustentável das Nações Unidas até 2030, o de assegurar a educação inclusiva, equitativa e de qualidade, e promover oportunidades de aprendizagem ao longo da vida para todos. A própria ONU nos lembra que sem professores não existirá educação de qualidade. E sem educação é impossível alcançar o desenvolvimento sustentável.

Professor em sala de aula
Professor em sala de aula. Crédito: Divulgação

E como podemos ajudar a mudar esse quadro? O debate com várias camadas da sociedade é cada vez mais urgente, para que possamos, juntos, evoluir em relação às medidas de combate à escassez de docentes – uma vez que o professor desempenha um papel essencial no exercício do direito à educação e é o fator intraescolar que mais influencia a aprendizagem dos estudantes.

Nesse cenário, a Fundação SM, a Unesco e o Grupo de Trabalho Internacional sobre Professores para a Educação 2030 criaram um Decálogo, documento que traz 10 condições para o exercício da profissão docente e, consequentemente, uma educação de qualidade.

Estão entre essas premissas o cuidado do bem-estar integral dos professores, a melhoria nas condições de trabalho, a garantia que salários sejam proporcionais à responsabilidade exigida, o apoio à autonomia e a liberdade acadêmica das equipes e o clima adequado para o desenvolvimento dos processos de ensino-aprendizagem, em ambientes educacionais inclusivos, equitativos, seguros e saudáveis.

Há, ainda, como condições fundamentais para o fortalecimento da carreira, a criação de um modelo de desenvolvimento profissional que atraia, capacite e retenha os melhores professores, além do estabelecimento de políticas de equidade de gênero e de diversidade cultural. Isso porque, hoje, é essencial contar com estratégias para promover o desenvolvimento desses profissionais, com o objetivo de formar equipes de professores reflexivos, inovadores e criativos, capazes de influenciar as políticas e estratégias educacionais de suas escolas.

É impossível negar a necessidade de celeridade de uma discussão ampla sobre a escassez docente no Brasil e no mundo. E, fundamentalmente, de soluções para o futuro da educação. Passamos por um processo de transformação que exige respostas imediatas para o bem de toda a sociedade.

Este texto não traduz, necessariamente, a opinião de A Gazeta.

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