O futuro do trabalho já é uma realidade e exige profissionais preparados para atuar em setores que se transformam com velocidade inédita, como inteligência artificial, biotecnologia, energias renováveis, programação e cibersegurança. Essas áreas vêm impulsionando mudanças profundas na economia mundial e estão a criar novas competências e oportunidades de qualificação.
O Relatório sobre o Futuro dos Empregos 2025, do Fórum Econômico Mundial prevê que até 2030 o mercado de trabalho passará por uma transformação intensa, impulsionada pela inteligência artificial, automação, transição verde, tensões geopolíticas e mudanças demográficas. Estima-se a criação de 170 milhões de empregos e a eliminação de 92 milhões, resultando em saldo positivo de 78 milhões de vagas, concentradas em áreas como tecnologia, saúde, educação e sustentabilidade.
Em contrapartida, funções tradicionais e repetitivas devem desaparecer. O relatório prevê que 39% das habilidades atuais se tornarão obsoletas, enquanto crescerá a demanda por pensamento analítico, resiliência, liderança, letramento digital, IA, big data e cibersegurança. Destaca ainda a urgência da requalificação quando 59% da força de trabalho precisará de treinamento até 2030. Diversidade, inclusão, bem-estar e políticas públicas de capacitação surgem como estratégias centrais para atrair talentos e reduzir desigualdades nesse novo cenário.
No Brasil, o desafio é semelhante. Segundo a Associação Brasileira das Empresas de Tecnologia da Informação e Comunicação (Brasscom), o Brasil pode enfrentar um déficit de 530 mil profissionais de TI até 2025, e a consultoria global McKinsey projeta que esse número pode chegar a 1 milhão até 2030. Para enfrentar essa realidade, nove em cada dez empresas planejam investir em requalificação de suas equipes nos próximos cinco anos, com foco em IA, Big Data, pensamento crítico e alfabetização digital.
O Espírito Santo, porém, sai na frente. Enquanto boa parte do país ainda busca caminhos para reduzir esse déficit, o Estado vem democratizando o acesso à educação tecnológica gratuita, com políticas públicas que garantem oportunidades do ensino técnico ao doutorado, em formatos presencial, híbrido e a distância. Essa estratégia faz do Espírito Santo referência nacional na formação de talentos para a nova economia, assegurando que nenhum capixaba fique para trás por barreiras financeiras ou geográficas.
Programas como o Nossa Bolsa e o UniversidadES já concederam mais de 20 mil bolsas integrais e parciais em mais de 40 cursos de graduação, mestrado e doutorado. Essa conquista coloca o Espírito Santo entre os Estados com maior oferta de bolsas de ensino superior per capita no país.
Outro destaque é o Formação Avançada, programa que disponibiliza licenças gratuitas pela plataforma internacional Coursera, permitindo que capixabas tenham acesso a cursos de instituições de referência mundial. Até agora, mais de 50 mil pessoas foram capacitadas em áreas estratégicas da economia 4.0, como programação, automação e robótica.
O Estado mantém ainda quatro Centros Estaduais de Educação Técnica (CEETs), que formaram mais de 3.600 alunos nos últimos três anos em cursos de alta empregabilidade, como Automação Industrial, Programação de Jogos Digitais e Redes de Computadores.
De forma inovadora, a Secretaria de Estado da Ciência, Tecnologia, Inovação e Educação Profissional (SECTI) vem integrando educação técnica e empreendedorismo, com a criação de incubadoras nos CEETs. Essa estratégia transforma os centros em núcleos de desenvolvimento local e articulação produtiva, com quatro incubadoras já em operação: GrowUp (Castelo), Insight (Vila Velha), Gênesis (Vargem Alta) e Prósperas (João Neiva). Esses espaços oferecem programas de pré-incubação e incubação, mentorias e ações de sensibilização voltadas a estudantes, egressos e comunidades, fomentando negócios inovadores, sustentáveis e de impacto social.
Entre os espaços de apoio à pesquisa e à inovação, destaca-se o Centro de Pesquisa, Inovação e Desenvolvimento (CPID), que recebe investimentos anuais superiores a R$ 3 milhões. No CPID, professores e pesquisadores desenvolvem projetos voltados a impactos sociais, ambientais, econômicos, tecnológicos e na saúde, áreas apontadas como as mais promissoras no relatório do Fórum Econômico Mundial. O CPID fortalece o diálogo entre academia, setor produtivo e poder público, transformando conhecimento em soluções reais para os desafios do presente e do futuro.
Complementando esse ecossistema, o QualificarES amplia o acesso à formação em tecnologia e informação, com cursos como Informática Básica e Avançada, Marketing Digital, E-commerce, Design Gráfico, Comunicação, Empreendedorismo e Inovação. Entre 2019 e 2025, o programa consolidou-se como uma das maiores iniciativas de democratização do conhecimento no Estado, pois foram ofertadas mais de 150 mil vagas presenciais, com quase 80 mil concluintes, além de 718.800 vagas na modalidade online, que registrou mais de 1,1 milhão de inscritos em todo o Espírito Santo. O impacto social também se destaca, pois 76% dos inscritos são mulheres, 19,34% se autodeclaram negros e 45,23% pardos, reforçando o compromisso da SECTI com a inclusão e a diversidade.
A SECTI segue ampliando as oportunidades na educação profissional. Em breve, o CEET de Vargem Alta ganhará novas instalações, consolidando-se como referência capixaba em ensino técnico de qualidade. Além disso, haverá expansão da oferta de vagas da Universidade Aberta Capixaba (UNAC), a implementação de mais polos do programa QualificarES e a inauguração de laboratórios Makers em escolas públicas.
Nosso objetivo é construir não apenas escolas e laboratórios, mas futuros possíveis para milhares de capixabas, popularizando a inovação e a educação tecnológica.
Por trás de cada número há uma história de transformação. São jovens do interior que se tornaram programadores, mulheres ocupando cada vez mais espaços em áreas da tecnologia, empreendedores que deram vida a negócios inovadores. Cada estatística reflete uma trajetória, uma vida que tomou novo rumo. Não se trata apenas de oferecer cursos, mas de criar um ecossistema de oportunidades capaz mudar vidas e transformar a economia capixaba.
Há, contudo, um desafio persistente em ampliar a divulgação e garantir que as oportunidades de capacitação cheguem onde são mais necessárias. Ainda é difícil alcançar periferias, distritos e áreas rurais, onde muitas vezes o cidadão nem sabe que pode acessar gratuitamente cursos online, semipresenciais ou presenciais voltados à nova economia.
A solução necessita de um esforço conjunto. Governo, academia e setor privado devem atuar de forma integrada, garantindo que informação e oportunidade cheguem a todos.
As universidades têm papel crucial ao modernizar currículos e adotar novas metodologias. O setor produtivo deve se engajar em parcerias que ofereçam estágios, mentorias e contratações e o governo tem a missão de coordenar esse movimento, assegurando escala, inclusão social e investimento contínuo. Se cada um agir isoladamente, desperdiçaremos talentos, por outro lado, se caminharmos juntos, multiplicaremos oportunidades.
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Por fim, o legado que buscamos deixar é um Espírito Santo capaz de formar profissionais para os empregos do futuro, gerando renda, inovação e desenvolvimento. Preparar as pessoas é o maior investimento que um governo pode fazer e é exatamente isso que estamos fazendo.
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