No dia 11 de fevereiro, a OAB Espírito Santo viveu um momento histórico: a posse de Erica Neves como presidente da seccional, tornando-se a primeira mulher a ocupar essa posição em 94 anos de existência da instituição. Esse fato, por si só, tem um significado profundo para a advocacia capixaba e para a OAB nacional, pois reflete um avanço necessário na representatividade feminina nos espaços de poder.
A eleição de Erica Neves, com mais de 53% dos votos, demonstra um claro anseio da classe advocatícia por uma gestão que contemple a visão e a liderança feminina. Esse resultado não representa apenas uma conquista para as mulheres advogadas, mas um desejo coletivo – homens e mulheres – por maior equidade na advocacia.
Todo modo, a ascensão de mulheres a cargos de presidência na OAB ainda é um desafio em nível nacional. Apesar de as mulheres já serem maioria nos cursos de Direito e nos primeiros anos de exercício da advocacia, apenas seis seccionais da OAB no Brasil são lideradas por mulheres. Embora exista um grande número de mulheres ocupando cargos de vice-presidência e diretoria, a presença feminina nas presidências ainda é limitada.
No entanto, a eleição de líderes femininas expressivas, como Erica Neves (ES), Daniela Borges (BA), Ana Basílio (RJ), Christiane Leitão (CE) e Ingrid Zanella (PE), indica que essa realidade está gradualmente mudando. A ocupação desses espaços reforça a importância de uma advocacia mais plural, em que as mulheres tenham voz ativa nas decisões da Ordem e na condução das pautas institucionais.
Desde a gestão 2013-2016, foi aprovada a cota mínima de 30% para um dos gêneros na composição dos órgãos de direção da OAB, um marco inicial na busca por maior equidade. No entanto, foi a partir da primeira gestão do presidente Beto Simonetti, iniciada em 2022, que novas regras elevaram a exigência para ao menos 50% de mulheres em todas as instâncias decisórias da entidade.
Essa mudança representou um avanço significativo na paridade de gênero dentro da OAB, abrindo caminho para uma maior ocupação feminina em cargos estratégicos.
Foi nesse cenário de fortalecimento da presença feminina na advocacia que recebi o convite da presidente Érica Neves e tive meu nome aprovado pelo presidente nacional da OAB, Beto Simonetti, para compor a chapa do Triênio 2025-2027. Ocupo, agora, a posição de Secretária-Geral Adjunta, função que, além de outras atribuições, integra a Corregedoria Nacional da OAB.
Além da honra de representar o Espírito Santo na diretoria nacional da OAB, vivi um momento histórico e, confesso que inesperado, no dia 11 de fevereiro. O vice-presidente da OAB Nacional, Dr. Felipe Sarmento, que conduziria o ato de posse de Erica Neves e sua diretoria, rompeu o protocolo e me delegou essa atribuição. Assim, tornei-me a primeira mulher na história da OAB Nacional a dar posse a outra mulher presidente.
Essa delegação reafirmou o respeito, a consideração e a valorização da participação feminina pela diretoria, ali representada pelo Dr. Felipe Sarmento. Esse gesto não foi apenas uma demonstração de generosidade, mas também simboliza a importância das mulheres na advocacia brasileira.
Que essa seja apenas a primeira de muitas outras posses conduzidas por mulheres presidentes para novas mulheres líderes. Que possamos, cada vez mais, ocupar os espaços e ter um papel ativo na construção das decisões institucionais da OAB Nacional. Acredito que estamos no caminho certo, e esse marco precisa ser registrado e celebrado.
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