Nos últimos anos, houve um crescimento explosivo na procura por procedimentos estéticos impulsionado por redes sociais, celebridades e a promessa de transformações rápidas com pouco ou quase nenhum tempo de recuperação.
Nesse contexto, os chamados procedimentos “minimamente invasivos”, como preenchimentos, toxina botulínica, fios de sustentação e bioestimuladores, ganharam protagonismo. Mas junto com a popularidade, veio a banalização. E com ela, riscos reais.
É preciso estar consciente de algo muito importante: não existe procedimento 100% isento de riscos. A ideia de que o “mínimo invasivo” é sinônimo de “inofensivo” é um tanto quanto perigoso, tendo em vista que tudo pode trazer complicações, ainda que mínimas. Hematomas, infecções, necroses, assimetrias, obstruções vasculares e até cegueira são reações adversas possíveis (algumas mais raras), principalmente quando esses procedimentos são mal indicados, mal executados ou realizados por profissionais não habilitados.
Recentemente, a morte de um influenciador digital reacendeu um alerta sobre o assunto. O jovem de 31 anos veio a óbito após sofrer complicações possivelmente causadas por um procedimento estético conhecido como "fox eyes" ou "olhos de raposa", uma intervenção estética que promete deixar o olhar mais alongado e que virou tendência nos últimos anos.
Essa fatalidade, que foi mais uma entre diversas que temos visto, reforça uma realidade muitas vezes ignorada: por trás da promessa de resultados expressivos em pouco tempo, pode haver riscos graves e até fatais.
Vale lembrar que muitos desses tratamentos acontecem fora de ambientes adequados, com profissionais sem habilitação específica ou sem um seguimento clínico rigoroso. E essa realidade, na maioria dos casos, só vem à tona após o caso virar tragédia.
Portanto, não é qualquer clínica, qualquer fio, qualquer resultado rápido. Paciente informado, profissional habilitado, ambiente seguro e acompanhamento pós procedimento não são detalhes, mas a linha tênue entre sucesso estético e risco irreversível.
Como profissionais da saúde, temos o dever de informar, orientar e dizer “não” sempre que necessário para garantir a segurança do paciente. O marketing agressivo, as promoções em massa e a medicalização da aparência devem ser substituídos por escuta, responsabilidade e critério técnico.
Em vez de normalizar a transformação constante, precisamos resgatar o valor do equilíbrio, da naturalidade e do cuidado verdadeiro com o corpo e a mente. Porque, no fim das contas, o que deveria ser escolha consciente não pode se tornar vício mascarado de vaidade.
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