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É especialista em segurança pública

2022: o que precisamos levar em conta na segurança pública

A última legislatura pecou em não debater temas importantes para a sociedade, como a redução na maioridade penal, a prisão em segunda instância, a revisão das saidinhas de presos e o endurecimento das penas

  • Rogério Fernandes Lima É especialista em segurança pública
Publicado em 04/01/2022 às 14h00

Em 2022 teremos eleições gerais para presidente, governador, senador, deputados federais e estaduais, e as pautas continuam as mesmas: saúde, educação e segurança pública, mas ainda precisaremos avançar nas reformas tributária e política.

A segurança pública é um tema importantíssimo para a população e não é necessariamente um assunto exclusivo de polícia. Ele precisa ser tratado de forma multidisciplinar, envolvendo ações como a mudança na legislação penal e processual, investimento na área social, na geração de empregos e na ação policial propriamente dita.

Nesse sentido, é preciso analisar os cenários que impactam a vida das pessoas, os quais carecem de ações no campo federal e no estadual para que o cidadão possa ter aumentada a sua sensação de segurança.

Na esfera federal, o presidente, os deputados e os senadores eleitos devem pautar os seus esforços na renovação de uma legislação penal mais dura e com foco no combate à corrupção, ao narcotráfico e ao tráfico de armas, atuando primordialmente contra o crime organizado.

A última legislatura pecou em não debater temas importantes para a sociedade, como a redução na maioridade penal, a prisão em segunda instância, a revisão das saidinhas de presos e o endurecimento das penas.

Ainda na esfera federal, o Executivo deve primar pela otimização da política nacional de segurança pública e a interdisciplinaridade de ações no combate ao crime e a violência, bem como debater a valorização e um padrão básico de remuneração para os servidores da segurança pública.

No plano estadual, o próximo governo deve criar uma sinergia e integração entre as forças de segurança, para além de ações integradas, as informações também sejam compartilhadas entre todos os envolvidos no sistema, pois apesar da redução apontada no número de homicídios, ainda tivemos um número significativo de mortes violentas intencionais em nosso Estado, principalmente a violência contra a mulher que cresceu assustadoramente.

Outro ponto a ser atacado neste ano é o combate aos crimes contra o patrimônio, mesmo com a redução das pessoas nas ruas, tivemos um aumento considerável (15%) nesse tipo de crime, contudo o número pode ser ainda maior, haja vista que a “cifra negra” (subnotificação) é grande.

Por fim, não existem soluções fáceis ou mágicas para os complexos problemas da segurança pública, tampouco alquimistas ou salvadores da pátria. As soluções para segurança pública demandam esforços de todos - policiais, políticos e sociedade - e elas só ocorrerão através de ações multidisciplinares que vão variar desde a mais simples sugestão do cidadão até as teorias mais sofisticadas. O que não poderá imperar em 2022 são discursos de gabinete daqueles que nunca enfrentaram o problema em seu dia a dia, seja no combate direto, seja na ponta como cidadão que precisa do serviço público.

Este texto não traduz, necessariamente, a opinião de A Gazeta.

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