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É advogado, sócio-fundador do Motta Leal & Advogados Associados e vice-presidente da OAB/ES

11 de agosto: o advogado não pode se deixar digitalizar

Os imensos avanços da era digital e a inteligência artificial são poderosas ferramentas que auxiliam o exercício da advocacia, mas jamais um advogado, em toda a sua essência e gênese, será substituído por um robô

  • Carlos Augusto da Motta Leal É advogado, sócio-fundador do Motta Leal & Advogados Associados e vice-presidente da OAB/ES
Publicado em 11/08/2025 às 11h38

O dia 11 de agosto marca, no Brasil, mais do que uma comemoração. Ele carrega o simbolismo da criação, em 1827, das primeiras faculdades de Direito do país — em Olinda e no Largo de São Francisco, em São Paulo. É a data que celebra o nascimento institucional da advocacia brasileira, profissão que se consolidou como esteio da cidadania, do Estado Democrático de Direito, e, por consequência, da Justiça.

A advocacia é mais do que um ofício: é missão pública, compromisso indissolúvel com as liberdades, com a igualdade e com a dignidade humana. O artigo 133 da Constituição Federal reconhece: “O advogado é indispensável à administração da justiça, sendo inviolável por seus atos e manifestações no exercício da profissão, nos limites da lei.”

A advocacia nasceu como exercício da defesa, segundo alguns registros, na Suméria, antes de Cristo. Moisés foi advogado, defendeu seu povo no Êxodo. Jesus Cristo foi advogado, defendeu os seus discípulos e impediu que Maria Madalena fosse apedrejada. A advocacia é e sempre foi o escudo contra o arbítrio.

O advogado há de ser, antes de tudo, humano para compreender as dores e angústias que lhe são apresentadas, há de ser tecnicamente preparado e destemido; para unir a coragem com o cabedal técnico e cumprir o seu mister. Em muitos momentos da história brasileira, foram os advogados e advogadas que deram voz aos que não tinham voz, defenderam presos políticos, lutaram contra regimes autoritários e garantiram a prevalência das liberdades. Sobral Pinto, um expoente da advocacia, enfrentou a ditadura em defesa da dignidade e dos direitos humanos e cunhou: “A advocacia não é profissão para covardes”.

A Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), desde sua criação em 1930, cumpre papel decisivo nesse cenário. Ela representa não apenas a classe, mas a integridade institucional, o Estado de Direito e a democracia. É instituição que se impõe como guardiã da sociedade civil e da cidadania; verdadeiro bastião da liberdade sob o manto constitucional.

A beleza e a riqueza da profissão andam juntas com humanismo e a dedicação contínua. Morre o advogado que se deixa industrializar. Morre o advogado que não enxerga em cada procuração outorgada, a emoção, a missão e o verdadeiro romantismo que hão de adornar o exercício profissional.

O advogado não pode se deixar digitalizar. Os imensos avanços da era digital e a inteligência artificial são poderosas ferramentas que auxiliam o exercício da advocacia, mas jamais um advogado, em toda a sua essência e gênese, será substituído por um robô; incapaz de interpreter o Direito, pois, ao fim e ao cabo, “o Direito não se confunde com as leis, ele é um ideal de Justiça.”(J.B. Herkenhoff).

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Advocacia. Crédito: Pixabay

Neste 11 de agosto, é tempo de realçar a nobreza histórica e a extrema relevância contemporânea da advocacia e da OAB, reafirmando a missão de construir uma sociedade mais justa, dando voz a todos, indistintamente, perseguindo a pacificação, a igualdade e uma sociedade norteada pela ética e equidade.

“A missão do advogado é lutar contra o abuso da força com a força do Direito.” (Henri Ferry)

Este texto não traduz, necessariamente, a opinião de A Gazeta.

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