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Alunos da rede estadual do ES aprendem redação com 'ChatGPT do Enem'

Alunos da rede estadual do ES aprendem redação com 'ChatGPT do Enem'

Projeto implementado na rede estadual de ensino, que melhorou rendimento no exame, recebeu prêmio da Unesco

Publicado em 20 de janeiro de 2024 às 14:55

Ícone - Tempo de Leitura 4min de leitura
Inteligência artificial tem revolucionado o ensino médio público capixaba e ensinado estudantes a escreverem melhor
Inteligência artificial tem revolucionado o ensino médio público capixaba e ensinado estudantes a escreverem melhor. (Shutterstock)

O Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), porta de entrada para o ensino público superior, é uma fase de grande pressão para os estudantes. Com o objetivo de auxiliar na preparação para a prova, composta por 180 questões e uma redação, 121 escolas da rede estadual do Espírito Santo adotam, desde 2019, a plataforma Letrus, que utiliza inteligência artificial.

Cinco meses antes do Enem, alunos passam a inserir na ferramenta suas produções textuais. Automaticamente, cada um recebe retorno com a análise feita pelo sistema. Ao final das redações propostas e realizadas, a plataforma indica a evolução do estudante.

O uso do programa foi tão positivo que 90% dos estudantes conseguiram melhorar as notas na redação do Enem. O projeto se tornou a primeira iniciativa brasileira a ganhar o Prêmio Rei Hamad Bin Isa-Al Khalifa, entregue desde 2005 pela Unesco (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura), e hoje funciona em todas as escolas estaduais capixabas por meio do Programa Sedu Digital.

Para o secretário de Educação do Espírito Santo, Vitor de Angelo, esse é apenas um exemplo de como a IA pode contribuir para o aprendizado. “A IA ajuda-nos a ganhar escala. Para fazer um atendimento personalizado como a plataforma faz, teríamos que ter uma quantidade de professores que nem sequer existe no mercado. Quando temos essa escala, conseguimos identificar soluções mais assertivas e propor políticas educacionais para melhorar o aprendizado do estudante”, enfatiza.

O secretário explica que a IA sozinha não garante melhoria no ensino. 

Vitor de Angelo
Secretário de Estado
da Educação
Vitor de Angelo, secretário de Estado da Educação. (Divulgação)
Aspas de citação

Essa tecnologia não traz algo diferente do que seria trabalhado, mas muda a forma do que seria discutido dentro de sala de aula

Vitor de Angelo
Secretário de Estado da Educação
Aspas de citação

Outro exemplo de IA no auxílio do aprendizado é o projeto desenvolvido na Escola Estadual de Ensino Fundamental e Médio (EEEFM) Hunney Everest Piovesan, em Cariacica. Com ela, os estudantes aprendem gênero textual discursivo, oral e curadoria, a partir da elaboração de roteiros para podcast por meio do ChatGPT.

Segundo o professor de Língua Portuguesa Weslley Mageski da Silva, responsável pelo projeto, foi perceptível o interesse dos estudantes pelo tema proposto. “Como resultado pedagógico, observamos a assimilação da aprendizagem, engajamento, socialização e trabalho colaborativo entre os alunos”, detalha.

Além do uso dos Recursos Educacionais Digitais (REDs), o projeto utilizou as metodologias ativas da sala de aula invertida e o movimento maker, que propõe aprendizado e autonomia. “Fiquei entusiasmado ao perceber o quanto é importante inserir no contexto da sala de aula as realidades que nos afetam diariamente. Não imaginava que os alunos desconheciam o uso da inteligência artificial para o auxílio de tarefas do dia a dia. A princípio, eles imaginavam que fosse apenas um mecanismo de busca, e não compreendiam o conceito de chatbot. Essa, sem dúvida, foi a grande descoberta para eles.”

Investimento em inovação

O Espírito Santo conta com 406 escolas públicas estaduais com mais de 200 mil alunos matriculados. Ao todo, mais de 15 mil professores cumprem a missão de ensinar as matérias que fazem parte da grade curricular de ensino.

A Secretaria de Educação do Espírito Santo (Sedu) implementou em 2023 a certificação “Escolas do Futuro”, que visa a fomentar a inovação. Cinco escolas já foram certificadas: Centro Estadual de Ensino Fundamental e Médio em Tempo Integral (CEEFMTI) Pastor Oliveira de Araújo, em Vila Velha; Escola Estadual de Ensino Médio (EEEM) Mario Gurgel, também em Vila Velha; Escola Estadual de Ensino Fundamental e Médio (EEEFM) Hunney Everest Piovesan, em Cariacica; EEEFM Major Alfredo Pedro Rabaioli, em Vitória; e EEEFM Marinete de Souza Lira, na Serra.

Alunos da rede estadual fazem roteiros de podcast com ajuda da IA
Alunos da rede estadual fazem roteiros de podcast com ajuda da IA. (Sedu/Divulgação)

De Angelo explica que, para a instituição conquistar essa certificação, os professores das unidades recebem uma capacitação específica, que tem como finalidade oferecer a vivência prática baseada na aprendizagem criativa.

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“A proposta é que, em 2024, mais 10 unidades de ensino sejam certificadas e, até 2025, um quarto de todas as escolas públicas estaduais torne-se Escolas do Futuro. O objetivo do programa é incentivar a inovação, que pode ser até sem o uso de tecnologia, por meio de novas metodologias de ensino”, confirma o secretário.

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