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Entenda como a pandemia afetou os dentes das crianças

Entenda como a pandemia afetou os dentes das crianças

Cáries, unhas roídas, dentes fraturados... Especialistas listam reflexos da mudança de rotina na saúde bucal dos pequenos e como evitar mais danos

Publicado em 17 de junho de 2021 às 20:55

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Criança no dentista
Muitos pais evitaram levar os filhos para as consultas de rotina, o que impactou no diagnóstico precoce de doenças na boca. (Freepik)

O menino fica em casa o dia todo, sem escola, sem festinhas, sem brincar na rua com os amigos. Para compensar tanta restrição, o jeito foi liberar lanchinhos fora de hora, recheados com biscoitos, doces e outras bobagens. E o resultado disso, claro, aparece também. Sabe onde? Nos dentes da criança.

A ortodontista Flávia Machado já observou como a pandemia do novo coronavírus chegou alterando a rotina dos consultórios odontológicos sobre vários aspectos, inclusive nas demandas trazidas por pacientes de todas as idades.

“Pacientes adultos relatam dores nos músculos da face e do pescoço, com causa provável no novo hábito de apertar os dentes, tanto no período noturno quanto no diurno. Associado ao apertar dos dentes, com intensidades que variam em quantidade de força, estão os casos de fraturas de restaurações e dos próprios dentes”, comenta ela.

Não foram poucos os reflexos da pandemia na saúde bucal dos pequenos. “Houve uma mudança drástica na rotina de alimentação de crianças e adultos, aumentando o risco de cárie. A frequência no consumo de açúcares, carboidratos e industrializados aumentou consideravelmente. Além disso, o estresse decorrente do confinamento pode induzir a uma diminuição com os cuidados relacionados à higiene oral”, analisa a odontopediatra Flávia Gama.

Flávia Machado também considera o impacto dessa nova rotina sobre as crianças muito perceptível. “Aquelas que tiveram seu dia a dia muito alterado e acabaram por mudar também a rotina alimentar, com relatos de aumento no consumo de guloseimas, tiveram um aumento do diagnóstico de lesões de cárie. Os pais também relatam inquietação durante o sono e percepção de aumento do bruxismo”, acrescenta.

A ortodontista Flávia Machado
A ortodontista Flávia Machado observou como a pandemia alterou a rotina dos consultórios, inclusive nas demandas trazidas pelos pacientes. (Flávia Machado/Divulgação)

CONSULTAS ADIADAS

Preocupados com o risco da Covid-19, muitos pais, por algum tempo, evitaram levar os filhos para as consultas de rotina, o que impactou diretamente no diagnóstico precoce de doenças na boca. Segundo Flávia Gama, o hábito de roer unhas também teve grande aumento nesse período: “Muito associado à ansiedade, esse hábito pode causar desgastes dentários, lesões nas gengivas e até mesmo mal posicionamento dos dentes.”

Além disso, diz a ortodontista Flávia Machado, têm ocorrido mais casos de problemas gengivais, chamados periodontais: “Como muitos pacientes ficaram em isolamento, as revisões e limpezas periódicas foram adiadas e, com isso, as gengivites e periodontites ficaram sem controle”.

Para Flávia Gama, o mais indicado é adotar estratégias que contribuam para a manutenção de uma rotina de alimentação e higiene oral. “Vale priorizar a oferta de alimentos saudáveis, frutas e vegetais. Uma boa dica é diminuir a disponibilidade dos alimentos ricos em açúcar. É difícil cobrar maturidade de uma criança quando se tem um doce disponível e de fácil acesso. Estabelecer uma rotina com exceções para o consumo desses alimentos em determinados dias e horários também pode ser uma boa estratégia. Determinar horários fixos para os lanches e para a higiene oral no dia a dia”, orienta.

E claro, ser exemplo. “A criança se espelha muito nos pais e responsáveis. É fundamental que observem que o que está sendo estabelecido para ela também é cumprido pela família”, diz a odontopediatra.

As visitas ao dentista devem ser mantidas também. “É fundamental que a criança seja acompanhada por um odontopediatra, que sempre será capaz de diagnosticar e tratar todas as condições descritas acima, além de preveni-las ou prevenir o seu agravamento”, afirma Flávia Gama.

Maria, de 10 anos, manteve o cuidado com os dentes durante a pandemia
Maria, de 10 anos, manteve o cuidado com os dentes durante a pandemia. (Arquivo pessoal/Divulgação)

DESAFIO

Para a profissional liberal Letícia Barreto de Paiva, 46 anos, esse período da pandemia está sendo bem desafiador. Chegou um momento em que as mudanças na rotina da filha, Maria, de 10 anos, começaram a preocupar a família. “No início da pandemia, ela ficava em casa o dia inteiro, sem as aulas presenciais. O consumo de doces aumentou muito. Até porque a Maria ficou muito parada, sem atividade física, ficou ansiosa... Foi bem difícil controlar a questão da escovação”, conta a mãe.

Até por causa dessa preocupação, Letícia não adiou a visita da filha ao dentista. “Ela não tinha nenhuma cárie. E teve a orientação de colocar um aparelho para corrigir os dentes, que estavam muito separados. Fiquei mais preocupada ainda porque o aparelho exige um cuidado maior com a higiene bucal. Mas a Maria nos surpreendeu no cuidado, na disciplina, na responsabilidade. Passou a escovar os dentes com mais frequência, depois das refeições”, relata Letícia.

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