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Claudia Raia: entenda os impactos da menopausa no humor

Claudia Raia: entenda os impactos da menopausa no humor

Assim como a atriz, muitas mulheres relatam alterações de humor durante a menopausa, de forma tão intensa a ponto de afetar a convivência social e familiar

Publicado em 9 de junho de 2025 às 14:54

Claudia Raia
Claudia Raia contou sua experiência durante a menopausa Crédito: Reprodução @claudiaraia

Perto de estrear sua peça "Cenas da Menopausa", em São Paulo, a atriz Claudia Raia contou, em entrevista para o jornal Folha de São Paulo, sua experiência durante esse período, principalmente com relação às mudanças de humor: "Eu queria saber tudo sobre a menopausa. Mas, quando fui acometida por ela, não percebi. Eu estava completamente descontrolada. Eu sou uma pessoa alegre, divertida. Eu tenho o chip da alegria. De repente eu virei um demônio. Sabe mulher que reclama de tudo? Que se irrita com tudo? Que nada está bom?", detalhou a artista.

E assim como Claudia Raia, muitas mulheres relatam alterações de humor durante a menopausa, de forma tão intensa a ponto de afetar a convivência social e familiar. Mas por que isso ocorre exatamente? O ginecologista Igor Padovesi explica que para algumas mulheres, os sintomas como um todo da transição menopausal são muito impactantes para a qualidade de vida e para os relacionamentos.

"Existe um espectro de sintomas, então nem todas as pacientes têm todos eles. Mas as queixas de irritabilidade, ansiedade, sintomas depressivos são as mais comuns e podem ser bem intensas para as mulheres, afetando a convivência social e familiar e até o trabalho”.

Segundo o médico, a questão psíquica da menopausa é geralmente um misto, mas tem principalmente um fundo hormonal. “É um período em que a mulher tem muitas oscilações hormonais. Até entrar na menopausa propriamente dita, a mulher passa por anos de perimenopausa em que acontecem variações imprevisíveis e irregulares dos hormônios. Isso tem um claro efeito sobre a parte psíquica e a função cerebral, não só do humor, mas também do sono, da concentração, por exemplo”, diz o médico.

O problema, segundo ele, é que a maioria das mulheres atravessa a menopausa com vários agravantes, em um período em que ela costuma estar sobrecarregada com as funções do trabalho, de casa, normalmente tem filhos, maridos, cuida dos pais. “As mulheres hoje passam pela transição menopausal a partir dos 40, 45 anos e geralmente ainda são muito ativas no mercado de trabalho, são sobrecarregadas com isso, fora todas as outras demandas. Então, geralmente, a mulher é multitarefas, já lida com muitas questões, e ainda atravessa esse período de muita variação hormonal que tem um claro impacto na função psíquica. A melhor comparação é com a síndrome pré-menstrual, que é um mecanismo biológico muito parecido de oscilações hormonais que impactam o humor e tem uma relação com sintomas de irritabilidade, ansiedade, depressão. Então, na transição menopausal, isso pode ser exacerbado”, comenta o especialista.

Terapia hormonal

De acordo com Igor, o que inquestionavelmente tem maior impacto para tratar essa questão é a terapia hormonal correta. “Muitas mulheres acabam recebendo a prescrição de antidepressivos, principalmente porque passam por médicos que não fazem o diagnóstico, que não são atualizados sobre o assunto da menopausa, e tratam quadros de ansiedade e depressão. Os antidepressivos são comprovadamente eficazes para isso também, mas podem não melhorar por completo se a mulher não tiver um tratamento adequado de reposição hormonal”, explica o médico. 

Igor Padovesi, ginecologista
O ginecologista Igor Padovesi explica os sintomas da menopausa Crédito: Divulgação/Igor Padovesi

E algumas mulheres não aceitam bem e podem ter efeitos colaterais, como a piora da libido. Então, o tratamento padrão para a grande maioria, com raras exceções, é a reposição hormonal

Igor Padovesi

Ginecologista

O médico diz ainda que existe uma sobreposição também de sintomas que podem ser da menopausa e outros que podem ser de um quadro puramente psíquico, como de ansiedade, depressão. "E normalmente, se a mulher não tem um quadro franco de transtorno de ansiedade generalizado, um quadro depressivo, normalmente a recomendação é ajustar a parte hormonal primeiro e depois, se sobrar algum sintoma, eventualmente complementar o tratamento com os antidepressivos”.

Além disso, as medidas “naturais”, como atividade física, meditação, técnicas de relaxamento e respirações podem ajudar, mas, segundo o especialista, na verdade, trazem uma ajuda relativamente pequena. O mais importante é buscar ajuda médica especializada. “Com os tratamentos adequados e mudanças de hábitos, muitas mulheres relatam se sentir melhor do que em outras fases da vida. Mas isso, claro, é possível com ajuda médica”, finaliza. 

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