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AIDS: a pandemia que trouxe mais mortes do que a Covid-19 e deixou o legado de discriminação

AIDS: a pandemia que trouxe mais mortes do que a Covid-19 e deixou o legado de discriminação

Hoje, dia 1º de dezembro, se completam 32 anos que a Organização das Nações Unidas (ONU) firmou uma data para lembrar e conscientizar sobre o combate à doença que matou 25 milhões de pessoas e já infectou mais de 70 milhões em todo o mundo

Publicado em 1 de dezembro de 2020 às 06:03

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A Aids baixa a imunidade de pacientes e a vacinação contra outras doenças tem que ser feita de maneira controlada
A Aids baixa a imunidade de pacientes e a vacinação contra outras doenças tem que ser feita de maneira controlada. (Arquivo)

O dia 1º de dezembro de 1988 entrou para a história. De um lado, uma conferência em Washington. Do outro, protestos ouvidos do lado de fora da Casa Branca. Naquele dia, ativistas faziam barulho para serem ouvidos, pois além de muita discriminação, a ciência não dava respostas exatas sobre o retrovírus que estava dizimando muitas pessoas.

Hoje,  muito coisa mudou, mas o preconceito e a falta de informação ainda rondam. Segundo a UNAIDS, o vírus HIV já matou mais de 25 milhões de pessoas e infectou outros 70 milhões em todo o mundo. Mas, ao contrário do que se pensa, a história dessa doença não começou nos anos 80, “a era do sexo seguro”.

Segundo lembra o professor de História, Ueldison Alves de Azevedo, “por volta da década de 30, os animais, em principal os chimpanzés, começam a desenvolver um tipo de doença chamada SIV, sendo que vários deles eram levados a óbito em decorrência dela”. De acordo com ele, na década de 50 esse vírus chega aos Estados Unidos e se espalha pelo território. "O primeiro caso de morte por HIV foi em solo americano”, disse o professor.

Um detalhe importante: nessa época, a doença ainda não era chamada de Aids, mas de GRID (imunodeficiência relacionada aos gays) . Só depois da década de 70, lembra Ueldison, os heterossexuais foram infectados e retroviral foi chamado de HIV ou AIDS. "Até então, muita gente fazia sexo sem proteção. E mesmo com a pandemia assolando os anos 80, apenas 8% dos jovens usavam o preservativo”, acrescentou.

Em 2005 houve um salto gigantesco de pessoas com a doenças, mas não foram apenas o grande número de doentes e a falta de informações que fizeram os ativistas irem protestar na cede governamental dos EUA. A discriminação que os soropositivos sofriam perante a sociedade era tão grave quanto a multiplicação dos casos.

"Nas pesquisas realizadas no final da década de 50, foi confirmado que o retroviral poderia ser adquirido pelo contato com outras pessoas ou num corte, por exemplo. E isso começa a mexer com a mente das pessoas que queriam distância dos soropositivos. O slogan para aquele período foi ‘o silêncio mata’”.

Segundo a UNAIDS, hoje, mais de 38 milhões de pessoas vivem com HIV, sendo que 25 milhões realizam as terapias antirretrovirais.

Isso é pior que a Covid-19? Segundo o professor Ueldison Azevedo, sim.  “Se olharmos essas estatísticas, acho que estamos focando muito na vacina para o coronavírus e deixando de lado, já há algum tempo, a busca de uma solução para o HIV.  O que temos, no momento, são os coquetéis de drogas para deixar o vírus inativo dentro do organismo. Mas os soropositivos continuam sofrendo discriminação. "Mesmo com o coquetel, muita gente mal informada continua  dizendo que quem pega Aids vai morrer. Mesmo todos nós sabendo que, com o tratamento, é possível levar uma vida normal. É muito triste porque isso leva à exclusão social ainda maior”, finaliza.

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