Kurt Cobain na apresentação do disco 'MTV Unplugged', do Nirvana
Kurt Cobain na apresentação do disco "MTV Unplugged", do Nirvana. Crédito: Reprodução/YouTube

Kurt Cobain, 30 anos depois, e o dilema do Nirvana capixaba

É certo que Kurt Cobain deixou milhões de fãs no mundo todo, mas Vitória pode se orgulhar de ter gerado uma banda chamada Nirvana antes do lançamento de “Nevermind”

Tempo de leitura: 3min
Publicado em 08/04/2024 às 11h08
  • José Roberto Santos Neves

    É jornalista e pesquisador musical

Trinta anos sem Kurt Cobain. Alguém à época de sua morte escreveu que o Nirvana foi os Beatles dos anos 1990. Projeções à parte, o fato é que Kurt Cobain foi gigante ao capturar com olhar poético a melancolia da sua geração, marcada pela confusa transição do mundo analógico para o digital.

Cantor e compositor de rara sensibilidade, era capaz de conjugar, em uma mesma canção, ira e delicadeza, dor e revolta (quem conhece “Lithium” sabe do que estou falando). Anti-herói do rock, Kurt pode ser considerado o expoente do grunge, o último grande movimento desse gênero musical que desde então parece viver em permanente crise de identidade.

Coincidência ou não, ele não resistiu à maldição dos 27 anos, saindo de cena na mesma idade de Jimi Hendrix, Janis Joplin, Jim Morrison, Brian Jones e Amy Winehouse, entre outras estrelas do rock.

É certo que Kurt Cobain deixou milhões de fãs no mundo todo, mas Vitória pode se orgulhar de ter gerado uma banda chamada Nirvana antes do lançamento de “Nevermind”. Corria o ano de 1990, e os adolescentes do Nirvana capixaba estreavam com pompa e circunstância no dia 13 de outubro, no Centro Cultural Carmélia M. de Souza, abrindo o show do The Rain, com direito a notinha na badalada Coluna Victor Hugo de A Gazeta.

O nosso Nirvana compunha canções autorais de estilo melódico e tinha em sua formação os saudosos Cheidid Mamari (vocal) e Fernando “Baboo” (bateria), além de Fábio Lyrio e Klaus Madeira (guitarras), e André “Smurf” (baixo).

Naquele tempo pré-Internet, em que a informação chegava ao Brasil com meses - às vezes anos - de atraso, ninguém na Capital capixaba ainda ouvira falar do Nirvana, muito menos do Subpop, selo independente de Seattle que lançara o primeiro álbum do trio, “Bleach”, em 1989.

Quando “Nevermind” explodiu como uma chuva de meteoros no pop mundial, em 1991, os jovens da Ilha do Boi foram obrigados a buscar outro nome para a banda que ensaiava na casa de Fabio Lyrio. Nascia ali o Skelter, momento no qual começo a fazer parte dessa história como baterista juntamente com o baixista Paulo Fantin. Quem quiser saber mais a respeito pode consultar o livro “Rockrise - A História de uma geração que fez barulho no Espírito Santo”.

Minha geração deve muito ao Nirvana e, especialmente, a Kurt Cobain, por sua obra inspiradora, a voz rouca, a guitarra ruidosa, a melodia perfeita, as letras ácidas e carregadas de tristeza e melancolia, porque já está mais do que provado que para a beleza se estabelecer na arte é necessário um bocado de tristeza, como cantou o nosso genial Vinicius de Moraes.

Grande Kurt. Hoje, em sua homenagem, ouvirei o antológico “Unplugged MTV” do Nirvana.

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