Espetáculo 'Cadê Mafalda', do Grupo de Teatro Rerigtiba
Espetáculo "Cadê Mafalda", do Grupo de Teatro Rerigtiba . Crédito: Sheila Bressan/Divulgação

Espetáculo "Cadê Mafalda" encerra temporada em Anchieta

Diretor da peça, que veio do Rio de Janeiro para trabalhar com o Grupo Rerigtiba, em Anchieta, escreve sobre a experiência

Tempo de leitura: 4min
Publicado em 26/08/2023 às 10h00
  • Márcio Nascimento

    É diretor do espetáculo “Cadê Mafalda?”. Formado em Interpretação Teatral pela UniRio e em Docência pela Universidade Cândido Mendes, o ator faz parte da Companhia Pequod de Teatro de Animação (RJ) onde atua desde sua fundação

No ano de 2012, substituí o diretor Miguel Vellinho, diretor da Companhia Pequod de Teatro de Animação (RJ), companhia da qual faço parte, no primeiro encontro com o Grupo de Teatro Rerigtiba num processo de montagem. Ministrei uma oficina de manipulação de boneco. O universo já estava ali, costurando o encontro que aconteceria 11 anos depois. Se é que já não está tudo combinado. Só a gente que não sabe.

Algum tempo depois, em 2014, voltei à sede do grupo para um intercâmbio numa etapa mais avançada do processo de manipulação direta com bonecos. Esse novo encontro fortaleceu ainda mais os nossos laços.

Vim embora e fiquei de longe, acompanhando os outros trabalhos do grupo, e o grupo o meu. Eis que anos depois, em 2022, Telma Amaral, a capitã do navio Rerigtiba, entra em contato comigo sobre o desejo de montar um novo espetáculo, que celebraria os 30 anos do grupo, e que gostariam que eu dirigisse esse novo trabalho.

Eu, que sou praticamente só ator, reuni minha coragem e disse sim! Que sorte a minha. Neste novo e longo encontro, embrenhei ainda mais no modus operandis do grupo, e descobri um processo leve, divertido, criativo, regado a bolo, suco, café e muitas gargalhadas. Por que não é sempre assim? Longe do estresse da cidade grande. Das agitações, das buzinas, e engarrafamentos, nesta joia de lugar, cercada de mar, de bom dia de desconhecidos que caminham nas areias da praia, o tempo nos parece sempre um aliado.

E o novo projeto como se chama? “Cadê Mafalda? ”

Já temos aí, no título, uma pergunta, e que nos rendeu tantas outras, e que fomos, ao longo de cinco meses de processo, nos fazendo o tempo todo: Quem é Mafalda? De onde ela vem? Onde ela chega? Para onde ela vai?

A frase "Branco é a cor que não pinta", dita por uma criança colombiana, e documentada no livro "Casa das estrelas", que reúne definições de crianças acerca das coisas que existem, foi o caminho para as nossas respostas.

A sala de ensaio é o lugar onde tudo é possível. O palco, o teatro, é um espaço em “branco”, que nos permite criar mundos. Somado a tudo isso, ainda temos o teatro de formas animadas, que é uma fonte inesgotável de possibilidades, e que tem a capacidade de elevar todo o questionamento, posto à cena, ao nível da poesia.

Assim, nos permitimos neste branco, neste vazio, no lugar a ser habitado, unir intuição, e técnica. Fazendo uso de materiais como tecidos, caixas, papéis, uma boneca, o teatro de sombras, e, principalmente, com artistas inspirados, a iluminar nossos caminhos, fomos criando e respondendo às perguntas e, assim, fomos pintando o palco, com todas as cores que a criatividade nos permite!

Sem nunca esquecer, a espontaneidade e a sinceridade das crianças, que sempre nos surpreendem. Por estarem inaugurando o olhar para as coisas do mundo, esse mesmo olhar não está viciado, carregado de julgamentos e preconceitos. Cadê Mafalda? Traz o encantamento para tudo que há!

Mafalda é um ser especial, uma viajante do tempo que visita planetas e que, nos encontros que estabelece com outros seres, busca o que há de melhor neles.

Anchieta
Elenco do espetáculo "Cadê Mafalda". Crédito: Sheila Bressan/Divulgação

Na tranquila avenida Oliveira, na apaixonante cidade de Anchieta, no Espírito Santo, ali no número 334, reside o belo, forte e corajoso Grupo de Teatro Rerigtiba. Um grupo formado por artistas sensíveis, inspirados, que está sempre em busca da renovação de linguagens, para suas montagens teatrais. Lá, os trabalhos são moldados com muito amor e afeto. Crendo que artistas de fora ajudariam na formação de seus artistas, trazendo novas técnicas, novos fazeres teatrais, acabamos nós, os forasteiros, aprendendo muito mais do supomos “ensinar”.

Venho embora para o Rio de Janeiro, com o coração aquecido por Telma Amaral, Sara Lyra, Welida Pontes, Marcelle Ludgero, Danilo Curtiss, Julia Campos, Murilo Pompermayer, Daniel Boone, Maria Adélia, Carlos Alberto Nunes, Alexandre Fávero, equipe deste espetáculo, e pela cidade de Anchieta e pelo balneário de Castelhanos que tão calorosamente me acolheram.

“Quem um dia irá dizer que não existe razão nas coisas feitas pelo coração. E quem irá dizer, que não existe razão? ”

SOBRE O ESPETÁCULO

  • Quando: 26 e 27 de agosto (sábado e domingo) 
  • Horário: 19h
  • Onde: Espaço Cultural Rerigtiba (Av. Oliveira,334, Justiça II), em Anchieta
  • Entradas gratuitas (devido a capacidade reduzida de assentos é necessário ligar para confirmar presença)
  • Contato: (28)98811-8468

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