Nuvem de palavras, algumas delas entraram recentemente para o vocabulário
Nuvem de palavras, algumas delas entraram recentemente para o vocabulário. Crédito: Marcelo Franco

A língua viva e pulsante que nos conecta em um mundo em transformação

Apesar dos anos que se leva para o Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa (Volp) ser oficialmente atualizado pela Academia Brasileira de Letras (ABL), como aconteceu recentemente, esse ajuste, na prática, acontece bem mais rapidamente

Publicado em 16/10/2021 às 10h00
  • Mário Broetto

    É diretor do Centro Educacional Leonardo Da Vinci

Nada tem se mostrado mais certo que a mudança e, definitivamente, as escolas não estão imunes a isso. Dois mais dois continua sendo quatro e a palavra aprender permanece sendo um verbo. Mas o que dizer da principal ferramenta de contato diário entre professores e alunos, a língua falada?

Apesar dos anos que se leva para o Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa (Volp) ser oficialmente atualizado pela Academia Brasileira de Letras (ABL), como aconteceu recentemente, esse ajuste, na prática, acontece bem mais rapidamente. Afinal de contas, a língua pulsa, é viva, se adapta, enfim, faz parte e acompanha as mudanças tecnológicas, sociais, econômicas, políticas, comportamentais e de mentalidade para cumprir seu papel tão relevante de comunicar.

Prova disso é que boa parte dos novos termos, os mil inclusos agora no Volp ou os que simplesmente permeiam as conversas em diferentes ambientes, como as salas de aula, especialmente entre as faixas etárias mais jovens, as dos nossos alunos, por exemplo, dizem respeito a novidades da tecnologia (dar um google, googlar, deletar, startar, pedir um uber, um ifood), dos videogames (quitar, bot), dos negócios (monetizar), das mediações sociais (stalkear, seguir, curtir, cancelar, bloquear), das formas de pensar e agir (sororidade, negacionismo) e até do cenário pandêmico (home office, lockdown, covidar).

Por outro lado, tais mudanças também decretam o desaparecimento ou até o não entendimento de expressões antes tão comuns para as gerações anteriores e agora desconhecidas das atuais. Não dá mais para brincar com o aluno e dizer que ele será cortado da caderneta ou da lista do professor por não ter feito a tarefa. Que caderneta? Que lista? Ou dizer que alguém ficou segurando vela. Quem usa vela se hoje raramente falta energia como antigamente? Certamente, eles ficariam confusos.

Se fosse apenas curioso, o exercício de observar todas essas transformações já seria válido no ambiente escolar onde a pesquisa e a criatividade são semeadas cotidianamente. Mas alcançá-las e dominá-las é o desafio diário de cada educador, e também dos pais em casa, para que esse ponto de contato, relacionamento e entendimento tão precioso entre as diferentes gerações nunca se perca, mas seja sempre presente e fortalecido.

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