Publicado em 12 de agosto de 2025 às 09:25
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, citou Brasília como exemplo de uma capital violenta em um discurso na segunda-feira (11/8), enquanto anunciava estado de emergência na segurança pública de Washington DC.>
O argumento usado pelo presidente foi o de que a capital dos EUA teria uma taxa de homicídios maior do que a de outras capitais citadas.>
Além da capital brasileira, Trump também mencionou Bagdá, Cidade do Panamá, San José, Bogotá, Cidade do México e Lima. E acrescentou: "(Washington tem) o dobro e o triplo (de taxas de homicídio) de todas elas. Você quer viver em lugares assim? Eu acho que não.">
O secretário de segurança pública do DF, Sandro Avelar, respondeu à BBC News Brasil:>
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"O que o presidente Trump disse pode ser uma surpresa para muitos, mas é apenas a realidade dos números, baseada no índice mundialmente aceito de casos de homicídios a cada 100 mil habitantes. Em 2024, tivemos o menor número de homicídios de toda a série histórica do DF, medida desde 1977. Foram 6,9 casos para cada 100 mil habitantes, número que nos aproxima dos países europeus.">
Os números mostram que Washington DC, de fato, possui taxa maior de homicídios do que o Distrito Federal.>
Em Washington DC, houve 274 homicídios em 2024, segundo o relatório District Crime Data at a Glance, da Polícia Metropolitana. Isso equivale a 39 homicídios a cada 100 mil habitantes.>
O Anuário Brasileiro de Segurança Pública, com dados de 2024, mostra 266 mortes violentas intencionais no DF, uma média de 8,9 por 100 mil habitantes. O dado de 266 mortes é a soma de casos de homicídio doloso, latrocínio, lesão corporal seguida de morte e mortes decorrentes de intervenções policiais em serviço e fora.>
Já o Atlas da Violência aponta que houve 347 homicídios em 2023 no DF, ou 11 homicídios a cada 100 mil habitantes. A publicação é produzida pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública e pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada.>
Em entrevista ao Estadão, o governador do Distrito Federal Ibaneis Rocha (MDB) disse que vai enviar à Embaixada dos Estados Unidos no Brasil um relatório com esclarecimentos sobre os dados. >
Ele disse que faria "uma resposta bem educada" e que "os números são muito bons".>
Disse, ainda, que fez questão de incluir no texto que é de centro e "não concorda com a posição do governo central", possivelmente em referência à briga de Lula e Trump.>
Ao declarar estado de emergência de segurança pública na capital do país, Trump colocou a polícia de Washington sob controle federal — passando a ser comandada pela procuradora-geral dos EUA, Pam Bondi — e policiais e agentes do FBI foram enviados às ruas. A Guarda Nacional também foi convocada, com mobilização de 800 agentes.>
Chamando a ação de "dia da libertação" da capital, Trump afirmou, em entrevista coletiva, que é hora de "ações drásticas", para expulsar moradores de rua e prender "jovens criminosos".>
Em uma série de postagens na rede Truth Social, o presidente americano afirmou que planeja tornar a cidade "mais segura e mais bonita do que nunca".>
Ele disse que Washington DC foi "tomada por gangues violentas e criminosos sanguinários", bem como por "maníacos drogados e moradores de rua".>
Em reação às medidas, um protesto se formou em frente à Casa Branca, atraindo dezenas de pessoas que gritam coisas como "tirem as mãos de Washington DC" e "protejam o governo autônomo", segurando cartazes com os dizeres "Libertem Washington DC".>
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