Publicado em 10 de outubro de 2025 às 06:32
María Corina Machado, da Venezuela, é a ganhadora do Prêmio Nobel da Paz de 2025, segundo anúncio feito nesta sexta-feira (10/10).>
Em uma publicação no X, o comitê afirma ter concedido a Maria Corina Machado o Prêmio Nobel da Paz "por seu trabalho incansável na promoção dos direitos democráticos do povo da Venezuela e por sua luta para alcançar uma transição justa e pacífica da ditadura para a democracia".>
O Prêmio Nobel da Paz de 2025 vai para uma "mulher que mantém acesa a chama da democracia, em meio a uma escuridão crescente".>
Maria Corina Machado está recebendo o Prêmio Nobel da Paz por ser um dos "exemplos extraordinários" de coragem na América Latina nos últimos tempos.>
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Machado tem sido uma figura unificadora fundamental, acrescenta o presidente do comitê.>
"É precisamente isso que está no cerne da democracia: a nossa vontade comum de defender os princípios do governo popular, mesmo quando discordamos. Numa época em que a democracia está ameaçada, é mais importante do que nunca defender este terreno comum.">
María Corina Machado iniciou sua carreira política há 22 anos, à frente da organização não governamental Súmate, que defende transparência eleitoral e participação cidadã.>
Seu papel foi crucial para a obtenção de mais de quatro milhões de assinaturas que abriram caminho para um referendo revogatório em 2004 contra o Presidente Hugo Chávez.>
María Corina é considerada uma das principais opositoras do regime de Nicolás Maduro, sucessor de Chávez.>
Ao longo de sua carreira, ela teve diversos momentos de tensão com as autoridades venezuelanas. Um deles foi quando, em 2005, ela foi fotografada no Salão Oval da Casa Branca com o presidente dos EUA, George W. Bush, inimigo declarado do chavismo.>
Outro evento memorável aconteceu em janeiro de 2012, durante o pronunciamento anual de Chávez à Assembleia Nacional.>
A então deputada interrompeu o discurso do presidente e, diante de todos, proferiu a frase que ficou famosa: "Expropriar é roubar".>
Mas suas falas incendiárias e suas posições radicais nem sempre renderam seguidores na oposição. E ela chegou a ser excluída do núcleo das decisões da própria liderança.>
A mais clara demonstração de rejeição foi recebida durante as primeiras eleições primárias organizadas pela Mesa Redonda da Unidade Democrática em 2012, quando obteve apenas 3,81% dos votos contra Henrique Capriles, que venceu com 64,33%.>
Machado, porém, não desistiu. Em fevereiro de 2014, convocou uma onda de protestos conhecida como "A Saída", ao lado de outros dirigentes, para pedir a restituição da ordem democrática. As manifestações duraram até junho e deixaram mais de 43 mortos e quase 1,9 mil detidos.>
Ela foi rotulada pelo chavismo como uma das faces do que o regime chamou de "direita radical e violenta".>
Até então, Machado era defensora da abstenção porque não acreditava que houvesse condições eleitorais justas.>
Mas no processo eleitoral para as eleições venezuelanas mais recentes, realizadas no ano passado, Machado foi vencedora dos pleitos internos da oposicionista Plataforma Democrática Unitária, com 93% dos votos.>
Sem carregar a bandeira dos partidos tradicionais, tornou-se a nova cara do bloco de oposição e ressuscitou um grupo que havia perdido força nos últimos anos.>
O acordo selado entre a Plataforma Unitária e o partido de Maduro, em Barbados, uma semana antes das eleições internas, abriu a possibilidade de autorizar a participação de "todos os candidatos e partidos políticos" na corrida.>
Mas já na época das primárias, Machado foi impedida de disputar cargos eletivos por 15 anos por suposto envolvimento com corrupção durante o chamado governo interino de Juan Guaidó — o político venezuelano que se declarou presidente interino da Venezuela.>
Mas nem mesmo as condições estabelecidas pelos Estados Unidos para a retirada das sanções ao petróleo, ouro e gás venezuelanos reverteram a decisão.>
Machado, de 56 anos, ficou de fora do pleito, que foi disputado pelo oposicionista Edmundo González Urrutia.>
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