Publicado em 13 de março de 2025 às 20:43
O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Cristiano Zanin marcou para 25 de março o início do julgamento da denúncia contra o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), acusado de liderar uma tentativa de golpe de Estado, e mais sete denunciados.>
Zanin é o presidente da Primeira Turma do STF, que avaliará a denúncia. Caso esta seja aceita, Bolsonaro se tornará réu.>
Estão previstas três sessões para avaliação da denúncia: duas no dia 25, às 9h30 e às 14h; e uma terceira no dia 26, às 9h30.>
Mais cedo nesta quinta-feira, o ministro Alexandre de Moraes, relator do processo, liberou a denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR) para julgamento na Primeira Turma. Horas depois, Zanin agendou a data. >
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Os denunciados cujos casos devem ser avaliados a partir de 25 de março fazem parte do chamado "núcleo 1" da denúncia — além de Bolsonaro, fazem parte do grupo que terá destino decidido na data:>
Eles foram denunciados pelos crimes de: tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito; tentativa de golpe de Estado; envolvimento em organização criminosa armada; dano qualificado e deterioração de patrimônio tombado.>
Segundo a PGR, os denunciados teriam arquitetado um golpe após a derrota de Bolsonaro para o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nas eleições de 2022. >
Em 25 de março, os ministros da Primeira Turma — além de Zanin e Moraes, Cármen Lúcia, Luiz Fux e Flávio Dino — vão analisar se as evidências da denúncia são suficientes e adequadas à legislação para caracterizar indícios de crimes. >
Sendo aceita, a denúncia se torna uma ação penal — e começa a coleta de provas e depoimentos da defesa e acusação. Além disso, os réus e seus advogados têm acesso a detalhes da investigação.>
A apresentação ou aceitação de uma denúncia não significa que o acusado será preso: uma pessoa só pode cumprir pena na prisão no final de um processo, caso haja condenação e tenham se esgotado todas as possibilidades de recurso.>
Existe ainda a possibilidade de uma pessoa ser presa antes somente se for detida em flagrante ou se a Justiça entender que ela apresenta um perigo imediato para a sociedade ou pode atrapalhar o andamento do processo.>
Braga Netto, por exemplo, está preso preventivamente desde dezembro, acusado de ter tentado atrapalhar as investigações.>
Caso Bolsonaro seja processado e condenado, pode receber penas como:>
Jair Bolsonaro tem negado as acusações. Após a denúncia da PGR, em nota à imprensa, a defesa do ex-presidente disse que ele "jamais compactuou" com qualquer movimento que visasse um golpe de Estado e que a acusação não apresentou nenhuma evidência que o incrimine.>
Para a defesa, a denúncia é "inepta" e contraditória e baseada apenas na delação de Mauro Cid, seu ex-braço direito. >
"[Trata-se de] um delator que questiona a sua própria voluntariedade. Não por acaso ele mudou sua versão por inúmeras vezes para construir uma narrativa fantasiosa", disse a nota.>
O texto afirmou ainda que o ex-presidente "confia na Justiça e, portanto, acredita que essa denúncia não prevalecerá.">
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Ao todo, a PGR denunciou 34 pessoas — que foram divididas em quatro núcleos.>
O núcleo 1, a que pertence Bolsonaro, é considerado o núcleo crucial, de onde teriam partido as principais decisões e ações.>
Outras seis pessoas estão no núcleo de gerenciamento das ações, que seria responsável por direcionar forças policiais e produzir minutas golpistas, entre outras medidas.>
Mais doze denunciados, principalmente agentes das forças de segurança, seriam do núcleo operacional, acusados de monitorar autoridades e pressionar o Exército a apoiar um golpe.>
Já o núcleo de desinformação, com oito denunciados, seria responsável por propagar notícias falsas sobre o processo eleitoral e realizar ataques virtuais a instituições e autoridades.>
Apresentada em 18 de fevereiro, a denúncia da PGR ocorreu quase quatro meses após Bolsonaro ter sido indiciado criminalmente pela Polícia Federal (PF), que apontou o ex-presidente como líder da suposta trama golpista.>
Para o procurador-geral Paulo Gonet, a organização criminosa agiu em várias frentes desde 2021 para tentar executar o plano de ruptura, desde discursos públicos para descreditar o sistema eleitoral até supostas pressões sobre o Alto Comando das Forças Armadas para apoiar um decreto de cunho golpista — a chamada "minuta do golpe".>
Gonet cita ainda na denúncia movimentos para tentar atrapalhar o andamento da eleição, como bloqueios da Polícia Rodoviária Federal (PRF) no dia da eleição em 2022, em especial em regiões com eleitores favoráveis ao adversário Lula.>
"Aqui se relatam fatos protagonizados por um presidente da República que forma com outros personagens civis e militares organização criminosa estruturada para impedir que o resultado da vontade popular expressa nas eleições presidenciais de 2022 fosse cumprida", afirma Gonet.>
"Ambos [Bolsonaro e Braga Netto] aceitaram, estimularam, e realizaram atos tipificados na legislação penal de atentado contra o bem jurídico da existência e independência dos Poderes e do Estado de Direito democrático", afirmou o PGR.>
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