Publicado em 27 de dezembro de 2024 às 10:43
Israel continua sua ofensiva militar contra seus inimigos no Oriente Médio.>
O exército israelense lançou, na quinta-feira (26/12), uma série de ataques no Iêmen contra "alvos militares" dos rebeldes houthis.>
Segundo Israel, os ataques ocorreram porque estes rebeldes apoiados pelo Irã tinham "atacado repetidamente" Israel.>
Pelo menos três pessoas morreram, segundo a mídia controlada pelos houthis.>
>
Duas pessoas morreram durante o ataque ao aeroporto internacional da capital do Iêmen, Sanaa.>
Adhanom Ghebreyesus e outros membros das Nações Unidas não foram atingidos.>
Israel também atacou duas importantes usinas de energia e portos controlados pelos houthis. Segundo Israel, esses locais são usados para "transportar armas iranianas" e permitir a entrada de autoridades iranianas no país (leia sobre a origem da rivalidade entre Israel e Irã nesta reportagem). >
O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, disse que continuará atacando "o eixo do mal iraniano".>
O Irã, por sua vez, descreveu os ataques como uma "violação da segurança e da paz internacionais".>
Há mais de um ano que Israel realiza uma forte ofensiva contra seus inimigos na região, incluindo o grupo armado Hamas na Faixa de Gaza, a milícia Hezbollah no Líbano e os rebeldes houthis no Iêmen, um grupo xiita aliado do Irã e do Hamas.>
No fim de setembro, Israel realizou uma "operação aérea em grande escala" neste país, bombardeando vários alvos houthis.>
Mas quem são os houthis e o que procuram estes rebeldes?>
Os houthis são um grupo armado iemenita da minoria muçulmana xiita do país, os zaiditas.>
O grupo foi formado nos anos 1990, para combater o que eles consideravam ser corrupção do então presidente do Iêmen, Ali Abdullah Saleh (1942-2017). >
O nome do movimento vem do seu fundador, Houssein al Houthi (1959-2004). Eles também se autodenominam Ansar Allah (Partidários de Deus).>
Após a invasão do Iraque liderada pelos Estados Unidos em 2003, os houthis adotaram o slogan: "Deus é grande. Morte aos Estados Unidos. Morte a Israel. Maldição aos judeus e vitória para o Islã.">
Eles se declaram parte do "eixo da resistência" liderado pelo Irã contra Israel, os Estados Unidos e o Ocidente em geral – em conjunto com o Hamas e o Hezbollah.>
Em 2011, o grupo aderiu à chamada Primavera Árabe e participou de protestos massivos que obrigaram Saleh a entregar o poder ao seu vice, Abdrabbuh Mansour Hadi.>
E foi no início de 2014 que os houthis ganharam grande força política no Iêmen, quando se levantaram contra o presidente iemenita Abdrabbuh Mansour Hadi. >
Eles chegaram a um acordo com seu antigo inimigo e tentaram conduzir Saleh de novo ao poder.>
Os rebeldes tomaram o controle da província de Saada, no norte do Iêmen. E, no início de 2015, eles capturaram a capital do país, Sana, forçando o presidente Hadi a fugir para o exterior.>
A Arábia Saudita, vizinha do Iêmen, interveio militarmente para tentar derrubar os houthis e reempossar Hadi na presidência. A ação teve o apoio do Bahrein e dos Emirados Árabes Unidos.>
Os houthis repeliram os ataques e continuaram a controlar grandes partes do Iêmen. >
Eles assassinaram Ali Abdullah Saleh em 2017, quando ele tentou trocar de lado e aliar-se aos sauditas.>
Uma trégua foi alcançada no final de 2022, encerrando os combates entre o grupo e a coligação liderada pelos sauditas.>
O atual líder dos houthis é irmão do fundador do grupo, Abdul Malik al Houthi.>
Os rebeldes houthis seguem o modelo do grupo armado xiita no Líbano, o Hezbollah.>
A organização libanesa fornece extensos treinamentos e conhecimentos militares aos houthis desde 2014, segundo o instituto de pesquisa americano Centro de Combate ao Terrorismo.>
Os houthis também consideram o Irã como aliado, já que a Arábia Saudita é seu inimigo comum. O Irã é suspeito de fornecer armas aos rebeldes houthis.>
Os Estados Unidos e a Arábia Saudita afirmam que o Irã forneceu os mísseis balísticos disparados pelos houthis sobre a capital saudita, Riad, em 2017. Os mísseis foram derrubados.>
A Arábia Saudita também acusa o Irã de fornecer drones e mísseis de cruzeiro usados pelos houthis para atacar instalações petrolíferas sauditas em 2019.>
Os houthis dispararam dezenas de milhares de mísseis de curto alcance em direção à Arábia Saudita e também atacaram alvos nos Emirados Árabes Unidos.>
O fornecimento dessas armas desrespeitaria um embargo das Nações Unidas, e o Irã nega as acusações.>
O órgão oficial de governo do Iêmen é o Conselho de Liderança Presidencial. O presidente Abdrabbuh Mansour Hadi transferiu seus poderes para o conselho em abril de 2022.>
Sua sede fica em Riad, na Arábia Saudita. Mas a maior parte da população iemenita vive em regiões controladas pelos houthis e a organização cobra impostos no norte do país, além de emitir dinheiro.>
O Conselho de Segurança da ONU menciona um especialista no movimento houthi, Ahmed al-Bahri, que afirma que, em 2010, os houthis tinham 100 mil a 120 mil seguidores. Esse contingente é composto de soldados armados e apoiadores desarmados.>
As Nações Unidas também afirmam que cerca de 1,5 mil crianças recrutadas pelos rebeldes houthis morreram em combate em 2020, além de outras centenas no ano seguinte.>
Os houthis controlam grande parte do litoral do Mar Vermelho, de onde eles lançam seus ataques aos navios.>
>
Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rápido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem.
Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta