Publicado em 26 de abril de 2025 às 11:39
Atenção: a reportagem a seguir pode trazer detalhes sensíveis para algumas pessoas.>
Virginia Giuffre, que acusou publicamente o príncipe Andrew da Inglaterra e o magnata Jeffrey Epstein de abuso sexual, morreu aos 41 anos.>
A família dela confirmou no sábado (26/4) que a causa da morte foi suicídio.>
Mãe de três filhos, ela foi encontrada morta na quinta-feira (24/4) em uma fazenda localizada na Austrália.>
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A polícia informou que ela estava em casa e que, embora a investigação esteja em andamento, não há indícios de circunstâncias suspeitas no caso.>
Giuffre foi uma das principais vozes a acusar de Epstein e a ex-parceira dele, Ghislaine Maxwell. Ambos foram condenados por crimes sexuais.>
Epstein cometeu suicídio em agosto de 2019 enquanto estava na prisão e aguardava um novo julgamento.>
Giuffre também acusou o príncipe Andrew da Inglaterra de abuso sexual — uma acusação que ele nega veementemente.>
Em um comunicado divulgado na sexta-feira (25/4), a família de Giuffre a descreveu como uma "guerreira feroz na luta contra o abuso sexual" e observou que "o peso do abuso se tornou insuportável".>
Eles acrescentaram que ela perdeu a vida em consequência de uma vida marcada pelo abuso sexual e pelo tráfico de pessoas.>
Giuffre morava na região australiana de North Perth com o marido, Robert — embora relatos recentes indiquem que o casal havia se separado após 22 anos de casamento.>
Três semanas antes, ela havia postado no Instagram que sofrera um grave acidente de carro.>
Virginia Giuffre, cujo nome de batismo era Virginia Roberts, nasceu em 1983 no estado da Califórnia, nos Estados Unidos. >
Mais tarde, sua família se mudou para a Flórida.>
Aos 7 anos, ela disse que foi abusada sexualmente por um amigo da família e teve a "infância rapidamente roubada".>
"Eu já estava tão prejudicada mentalmente em uma idade tão jovem que fugi", disse ela ao programa Panorama da BBC, numa entrevista em 2019.>
Durante a infância, Giuffre passou por vários lares adotivos. >
Aos 14 anos, já vivia nas ruas, onde, segundo ela, só encontrava "fome, dor e mais abusos".>
No ano 2000, enquanto tentava reconstruir a vida, ela conheceu a socialite britânica Ghislaine Maxwell.>
Giuffre trabalhava como atendente num resort de Mar-a-Lago que pertencia a Donald Trump quando Maxwell ofereceu uma entrevista para que ela se tornasse massoterapeuta.>
"Corri para o meu pai, que trabalhava nas quadras de tênis de Mar-a-Lago. Ele sabia que eu estava tentando consertar a minha vida, e foi por isso que me arranjou aquele emprego. Eu disse a ele: 'Você não vai acreditar'", ela lembrou.>
Quando Giuffre chegou à casa de Epstein, ela disse que ele estava deitado nu e Maxwell forneceu instruções sobre como massageá-lo.>
"Naquela época, eles fizeram perguntas sobre quem eu era", lembra ela.>
"Eles pareciam pessoas legais, então confiei neles e disse que tive uma vida muito difícil até então: que fui fugitiva, abusada sexual e fisicamente... Essa foi a pior coisa que eu poderia ter dito, porque agora eles sabiam o quão vulnerável eu era", disse ela à BBC.>
O que Giuffre esperava ser uma entrevista de emprego se transformou no início de anos de abuso, segundo o relato dela.>
Maxwell foi considerada culpada por recrutar e traficar mulheres jovens para serem abusadas por Epstein. Ela aguarda a sentença do caso.>
Embora o nome de Giuffre tenha sido mencionado repetidamente durante o julgamento, ela não foi uma das quatro mulheres que testemunharam no tribunal. >
Maxwell negou tê-la agredido sexualmente.>
Em 2015, Giuffre entrou com uma ação por difamação contra Maxwell, após ser acusada de mentir. >
O caso foi posteriormente encerrado com um acordo extrajudicial.>
Giuffre afirmou ainda que deixou de ser abusada por Epstein para ser "passada de um lado para o outro como uma bandeja de frutas" entre poderosos, enquanto viajava pelo mundo em jatos particulares.>
Ela afirmou que em 2001, quando tinha 17 anos, Epstein a levou para Londres, no Reino Unido, e a apresentou ao príncipe Andrew. >
Uma fotografia famosa, que segundo ela foi tirada naquela noite, mostra o príncipe com o braço em volta de Giuffre. >
Na mesma imagem, Maxwell sorri ao fundo.>
Depois de ir a uma boate, Giuffre afirmou que Maxwell disse que ela "tinha que fazer com Andrew o que havia feito com Epstein".>
"Foi um momento muito assustador na minha vida... Eu não estava acorrentada, mas essas pessoas poderosas eram minhas correntes", afirmou ela à BBC.>
Em seu processo civil, Giuffre alegou que o príncipe a agrediu sexualmente em três ocasiões: na casa de Maxwell em Londres naquela noite e, mais tarde, nas propriedades de Epstein em Manhattan e em Little St. James, nas Ilhas Virgens Americanas.>
O príncipe Andrew, segundo filho da rainha Elizabeth 2ª, disse em uma entrevista de 2019 ao programa BBC Newsnight que não se lembrava de ter conhecido Giuffre. >
Ele também negou que eles tenham feito sexo nos EUA ou no Reino Unido.>
Giuffre disse ao jornal Miami Herald que, em 2003, Epstein havia perdido o interesse porque ela era "velha demais" para ele.>
Ela alegou que o convenceu a pagar por seu treinamento para se tornar uma massagista profissional e que ele custeou um curso para ela na Tailândia. >
Em troca, esperava-se que ela trouxesse uma garota tailandesa para os Estados Unidos.>
No entanto, Giuffre conheceu um homem durante a viagem, apaixonou-se, e casou-se com ele dez dias depois. >
O casal mudou-se para a Austrália com o objetivo de começar uma família.>
Recentemente, ela morava em uma casa grande na costa de Perth com o marido e os três filhos.>
Giuffre fundou uma organização sem fins lucrativos dedicada a "educar e defender as vítimas do tráfico".>
Após a condenação de Maxwell, Giuffre disse à revista New York Magazine: "Isso definitivamente não acabou.">
"Há muito mais pessoas envolvidas", afirmou ela.>
**Caso seja ou conheça alguém que apresente sinais de alerta relacionados ao suicídio, ou caso você tenha perdido uma pessoa querida para o suicídio, confira alguns locais para pedir ajuda: >
- O Centro de Valorização da Vida (CVV), por meio do telefone 188, oferece atendimento gratuito 24h por dia; há também a opção de conversa por chat, e-mail e busca por postos de atendimento ao redor do Brasil;>
- Para jovens de 13 a 24 anos, a Unicef oferece também o chat Pode Falar;>
- Em casos de emergência, outra recomendação de especialistas é ligar para os Bombeiros (telefone 193) ou para a Polícia Militar (telefone190);>
- Outra opção é ligar para o SAMU, pelo telefone 192;>
- Na rede pública local, é possível buscar ajuda também nos Centros de Atenção Psicossocial (CAPS), em Unidades Básicas de Saúde (UBS) e Unidades de Pronto Atendimento (UPA) 24h; >
- Confira também o Mapa da Saúde Mental, que ajuda a encontrar atendimento em saúde mental gratuito em todo o Brasil.>
- Para aqueles que perderam alguém para o suicídio, a Associação Brasileira dos Sobreviventes Enlutados por Suicídio (Abrases) oferece assistência e grupos de apoio. >
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