Publicado em 1 de agosto de 2019 às 11:18
- Atualizado há 6 anos
A efervescência que se vê nas ruas do Paraguai nos últimos dias já vinha sendo anunciada havia alguns meses.>
Quando Mario Abdo Benítez, 47, tomou posse da Presidência do Paraguai, em agosto do ano passado, já encontrou um país dividido. Querido pela velha guarda do Partido Colorado, Marito (como é conhecido pelos apoiadores) foi celebrado como um renovador do conservadorismo paraguaio.>
Essa ala da legenda nunca tinha engolido de fato seu antecessor, o "outsider" Horacio Cartes (2013-2018) e celebrou a volta de um sobrenome conhecido na agrupação -o pai de Abdo Benítez havia sido secretário particular do ditador Alfredo Stroessner.>
Nas ruas de Assunção naquele dia, porém, enquanto recebia a faixa de presidente, a polarização do país já era sentida. À época, a Folha conversou, com algumas das pessoas que carregavam fotos de desaparecidos ao longo de toda a avenida pela qual a caravana presidencial passaria.>
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"A ideia é que ele e seus convidados vejam que não nos esquecemos de nossos parentes", dizia uma senhora.>
Abdo Benítez havia vencido seu rival, Efraín Alegre, por uma margem ajustada (46,4% contra 43,2%), tanto que este alegou fraude, pediu recontagem dos votos e levou sua militância às ruas. >
O ano anterior à eleição também foi marcado pela incerteza e por manifestações de rua. Isso porque tanto o então presidente Cartes como seu arqui-inimigo, o ex-mandatário Fernando Lugo (que foi afastado do poder em 2012 por um impeachment que durou apenas 36 horas), estavam unidos numa causa: alterar a Constituição paraguaia, que não permite a reeleição, para que ambos pudessem disputar a Presidência.>
Os apoiadores de Cartes no Senado chegaram a aprovar a emenda constitucional necessária para mudar a Carta numa sessão paralela, à revelia do presidente da Casa, que era de oposição, na madrugada de 1º de abril de 2017. >
O que ocorreu na sequência foi que um grupo de manifestantes cercou o Congresso para protestar -houve confusão, com a polícia soltando bombas de gás lacrimogêneo e atuando de forma violenta. Os manifestantes, então, colocaram fogo numa das guaritas dos policiais e logo começou um incêndio no próprio prédio do Congresso.>
Quando isso ocorreu, começou a correria e os distúrbios no centro de Assunção, que terminou com dezenas de feridos e de detidos.>
Cartes teve de se conformar com a impossibilidade de disputar a reeleição. Sendo assim, porém, em meados de 2018 decidiu que não terminaria o mandato, para poder exercer um cargo de senador e não ganhar um título de senador honorário, ou seja, que não teria poderes.>
Houve novos protestos enquanto seu pedido era avaliado pelo Congresso, até que Cartes, mesmo já tendo mudado de residência, teve de permanecer no cargo até o final.>
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