Publicado em 8 de maio de 2025 às 08:39
Parte de uma nave espacial da era soviética deve retornar à Terra esta semana, depois de ficar presa em órbita por mais de meio século.>
A Kosmos 482 foi lançada em 1972 como parte de uma missão a Vênus, mas nunca saiu da órbita baixa da Terra e se separou em quatro partes, de acordo com a Nasa.>
Um desses pedaços, que se acredita formar a sonda de pouso, deve entrar na atmosfera do planeta por volta do dia 10 de maio — e pelo menos parte da estrutura poderá sobreviver à viagem sem se queimar, ainda segundo a agência espacial dos EUA.>
Os cientistas não tem detalhes sobre essa reentrada. Não se sabe, por exemplo, onde ela poderá pousar. >
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No entanto, mesmo que partes da sonda sobrevivam ao contato com a atmosfera, 70% do planeta é coberto por mar, então é improvável que a queda cause danos significativos.>
"É muito mais fácil ganhar na loteria do que ser impactado por este pedaço de lixo espacial", compara Stijn Lemmens, analista sênior de Mitigação de Detritos Espaciais da Agência Espacial Europeia.>
A cápsula de pouso é um objeto esférico e resistente, que tem cerca de um metro de largura e pesa quase meia tonelada.>
Ela foi construída para sobreviver ao calor e à pressão extremos da atmosfera de Vênus. Isso significa que o aparato possui um escudo térmico robusto e uma estrutura durável.>
É por isso que os especialistas acreditam que ela possa sobreviver a uma descida descontrolada pela atmosfera da Terra.>
O sistema de paraquedas, originalmente projetado para desacelerar a descida da cápsula em direção a Vênus, está provavelmente degradado há muito tempo, após passar mais de 50 anos no espaço.>
O risco para as pessoas é considerado baixo, mas a trajetória de voo projetada da cápsula pode levá-la a pousar em qualquer lugar entre 51,7° da latitude norte e sul — o que cobre a maior parte do mundo habitado.>
Em outras palavras, isso significa que ela poderia pousar em qualquer lugar, de Londres até o extremo sul da América do Sul.>
Incidentes com detritos espaciais descontrolados já ocorreram no passado.>
Lemmens explicou que "a reentrada de objetos feitos pelo homem na atmosfera da Terra ocorre com bastante frequência".>
Segundo ele, há eventos do tipo todas as semanas para espaçonaves maiores — e incidentes diários quando pensamos em estruturas menores. >
Mas esses objetos normalmente queimam na atmosfera terrestre antes de atingirem o solo.>
O foguete Longa Marcha 5B, da China, caiu sobre o Oceano Índico em 2022. Já a estação espacial Tiangong-1, também de origem chinesa, se desintegrou sobre o Oceano Pacífico em 2018.>
A Kosmos 482 é monitorada de perto por agências espaciais internacionais.>
Lemmens avalia que as futuras espaçonaves "devem ser projetadas de forma que possam sair de órbita e voltar à atmosfera terrestre com segurança".>
Na visão dele, isso permitiria previsões precisas dos locais de pouso e reduziria o risco de qualquer detrito impactar áreas povoadas — o que protege pessoas e propriedades e permite manejar "o impacto ambiental dos detritos espaciais".>
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