Publicado em 18 de novembro de 2025 às 10:44
Quando Rebecca Middleton engravidou, não fazia ideia de que passaria os três meses finais da gestação em uma cadeira de rodas.>
Middleton teve um primeiro trimestre de gravidez difícil, marcado por enjoo e mal-estar. No início do segundo trimestre, começou a desenvolver dor pélvica.>
"Eu mal conseguia andar. Sempre tive algum problema de dor lombar na vida, mas nada tão significativo, e a situação piorou muito rápido", diz.>
Após relatar a dor, Middleton foi encaminhada a um fisioterapeuta do NHS (sistema de saúde pública do Reino Unido) e acabou diagnosticada com um caso extremo de dor na cintura pélvica.>
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A dor na cintura pélvica relacionada à gravidez é um termo genérico usado para falar de diversas dores ligadas à região pélvica que podem ser sentidas em partes do corpo como o púbis (na altura do quadril), a lombar, as coxas e o períneo.>
Problemas nas articulações pélvicas são um sintoma comum da gravidez e atingem, em algum grau, uma em cada 5 gestantes. Eles podem afetar atividades do dia a dia, como subir escadas, caminhar e se vestir.>
Não há informações precisas sobre as causas, mas elas podem estar ligadas a diversos fatores, como lesões pélvicas anteriores, o peso e a posição do bebê e um trabalho que demande bastante fisicamente (leia mais abaixo sobre sintomas, causas e tratamentos).>
"Eu estava apavorada. Será que eu voltaria a andar? Como teria meu bebê, como cuidaria dele?", relembra Middleton.>
Após o parto, ela passou a sentir menos dor, mas ainda tinha dificuldade para tarefas básicas, como andar, carregar o filho ou empurrar o carrinho.>
"Fiquei incapacitada por sete meses e precisava de alguém me ajudando o tempo todo", diz.>
"Eu simplesmente não conseguia fazer o que se espera ao cuidar de um bebê. Foi um período muito difícil.">
Antes da gravidez, Middleton não conhecia o problema. Depois da experiência, passou a trabalhar como voluntária na Pelvic Partnership, entidade no Reino Unido que busca aumentar a conscientização e oferecer apoio a mulheres com a condição.>
A instituição afirma que, com as ações corretas, a condição é tratável. Recomenda ainda que, assim que os sintomas começarem, se busque tratamento individualizado, com terapia manual, e que se solicite ao clínico geral, à parteira ou aos profissionais de saúde do acompanhamento no pré-natal um encaminhamento para um tratamento fisioterapêutico pelo sistema público de saúde.>
Os profissionais de saúde também podem encaminhar pacientes para serviços de apoio à saúde mental materna, a fim de ajudar a lidar com os impactos emocionais de viver com essa condição por vezes debilitante.>
Nighat Arif, especialista em saúde da mulher, afirma que uma maior conscientização e uma avaliação precoce poderiam evitar que pacientes como Middleton precisassem de cadeira de rodas ou muletas.>
"Sem essa identificação precoce, baseada em uma compreensão sólida do corpo feminino, deixamos algumas dessas mulheres com efeitos negativos para o resto da vida", diz.>
A ginecologista Christine Ekechi afirma que a falta de pesquisas sobre a condição reduz a chance de ela ser identificada e tratada de forma adequada, sobretudo após o parto.>
"Então, não temos um bom entendimento sobre a proporção de mulheres que continuam com dor iniciada durante a gravidez.">
Victoria Roberton, coordenadora da Pelvic Partnership, é um exemplo de como a conscientização pode ajudar.>
Como Middleton, ela não sabia o que era essa dor na cintura pélvica quando começou a enfrentar a condição durante a primeira gravidez.>
Roberton tentou se manter o mais ativa possível, como recomendado, e foi encaminhada para sessões de fisioterapia do NHS feitas online e por telefone, mas percebeu que a dor piorava conforme a gravidez avançava.>
"Eles nos deram exercícios, alongamentos para fazer. Mas nesse momento, eu não conseguia fazer nenhum. Doía demais", diz.>
Chegou a um ponto em que até sentar se tornou desconfortável para Roberton, e ela acabou passando quase todo o tempo em casa até o nascimento do bebê.>
A dor diminuiu após o nascimento da filha, mas ela voltou para os mesmos sintomas quando engravidou do segundo filho.>
Não é uma opção para muitas mães, mas Roberton disse que, diante de seu histórico médico, decidiu pagar por uma fisioterapeuta particular, já que a espera por um encaminhamento pelo NHS era longa.>
A fisioterapeuta fez uma avaliação completa e ofereceu um tratamento que incluía a mobilização das articulações, além de ensinar maneiras diferentes de mover o corpo para não agravar as articulações do quadril, o que ajudou a aliviar a dor.>
Roberton ainda enfrenta certo grau de dor na cintura pélvica, quatro anos depois, mas a segunda gravidez foi muito mais fácil de lidar porque ela entendia a condição e sabia como lidar com ela.>
A segunda gravidez de Middleton, por sua vez, também tem sido uma experiência muito mais positiva.>
Desta vez, ela sabia que tinha risco de desenvolver essa condição e conseguiu tratá-la ao longo da gravidez, antes que se tornasse debilitante.>
Middleton se recuperou totalmente apenas dois meses após o parto, em comparação aos dois anos que levou após o nascimento do primeiro filho.>
"Provavelmente estou em melhor forma agora do que antes de ter qualquer um dos meus filhos, porque hoje sei o que causou a dor na cintura pélvica e tive o problema totalmente tratado e resolvido com terapia manual", diz.>
"Foram cinco anos de inferno por causa da dor que eu sentia e da falta de conhecimento e compreensão sobre o tema.">
A dor pélvica gestacional, também chamada de dor na cintura pélvica, está relacionada à gravidez ou à disfunção da sínfise púbica e é um conjunto de sintomas causados pela rigidez ou pelo movimento desigual das articulações pélvicas, segundo o sistema público de saúde do Reino Unido.>
A condição não prejudica o bebê, mas provoca dor na região do púbis, na lombar, no períneo e, por vezes, irradia para as coxas, podendo vir acompanhada de estalos na pelve.>
Fatores de risco incluem histórico de dor lombar ou pélvica, lesões anteriores na pelve, dor pélvica em gestação anterior, trabalho fisicamente exigente e excesso de peso.>
Ainda de acordo com o sistema público de saúde do Reino Unido, não se sabe exatamente por que algumas mulheres desenvolvem o quadro, mas ele pode estar ligado a danos prévios na pélvis, ao desalinhamento das articulações e ao peso ou à posição do bebê.>
A dor costuma piorar ao caminhar, subir escadas, ficar apoiada em uma perna, virar-se na cama ou afastar as pernas.>
O tratamento pode envolver fisioterapia especializada, exercícios para fortalecer músculos do assoalho pélvico e do tronco, uso de cintas de suporte e, em alguns casos, muletas.>
Especialistas recomendam procurar orientação médica se a dor dificultar a locomoção ou tarefas simples, já que o diagnóstico precoce reduz o risco de piora e ajuda no manejo durante a gravidez.>
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