Publicado em 5 de agosto de 2025 às 15:25
O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, deve propor a ocupação total da Faixa de Gaza em reunião com seu gabinete de segurança, informam veículos de imprensa israelenses.>
"A sorte está lançada. Vamos conquistar totalmente a Faixa de Gaza – e derrotar o Hamas", disse um alto funcionário, citado por jornalistas locais.>
Diante de relatos de que o chefe do Exército e outros líderes militares se opõem ao plano, a autoridade não identificada disse: "Se isso não funcionar para o chefe do alto comando, ele deve renunciar".>
Famílias de reféns temem que esse tipo de plano coloque em risco seus entes queridos. Das 50 pessoas ainda mantidas como reféns em Gaza, acredita-se que 20 estejam vivas. Pesquisas de opinião indicam que três em cada quatro israelenses preferem um acordo de cessar-fogo que permita o retorno dos sequestrados.>
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Muitos dos principais aliados de Israel também devem condenar a medida, em um momento em que pressionam pelo fim da guerra e por ações que aliviem a crise humanitária no território.>
Em Israel, centenas de autoridades de segurança israelenses aposentadas, incluindo antigos chefes de agências de inteligência, divulgaram nesta segunda-feira (4/8) uma carta conjunta ao presidente dos EUA, Donald Trump, pedindo que pressione Netanyahu a acabar com a guerra.>
Um dos signatários, o ex-chefe da agência de inteligência Ami Ayalon, disse à BBC que uma nova ofensiva militar seria inútil.>
"Do ponto de vista militar, o [Hamas] está totalmente destruído. Por outro lado, como ideologia, está ganhando cada vez mais força entre os palestinos, nas ruas árabes ao nosso redor e também no mundo islâmico.">
"Portanto, a única maneira de derrotar a ideologia do Hamas é apresentar um futuro melhor.">
Os últimos acontecimentos ocorrem após o fracasso de negociações indiretas com o Hamas por um cessar-fogo e a libertação dos reféns.>
Grupos armados palestinos divulgaram três vídeos com dois reféns israelenses visivelmente debilitados e desnutridos. As imagens de Rom Blaslavski e Evyatar David, ambos sequestrados no festival Nova em 7 de outubro de 2023, chocaram e indignaram os israelenses. Em uma das cenas, David é mostrado cavando o que ele diz ser sua própria cova em um túnel subterrâneo.>
Há especulações de que os últimos anúncios da mídia israelense sejam uma tática de pressão para tentar forçar o Hamas a um novo acordo.>
O Exército israelense afirma já ter controle operacional de 75% da Faixa de Gaza. Mas, segundo o novo plano, o território inteiro passaria a ser ocupado — avançando para áreas onde hoje estão concentrados mais de dois milhões de palestinos.>
Não está claro o que isso significaria para os civis e para o funcionamento de agências da ONU e outras organizações de ajuda humanitária.>
Cerca de 90% dos 2,1 milhões de habitantes de Gaza foram deslocados, muitos deles várias vezes, e vivem em condições precárias e superlotadas. Grupos humanitários e autoridades da ONU afirmam que parte da população está em situação de fome e acusam Israel de impedir a distribuição de ajuda essencial.>
As Forças Armadas israelenses já haviam se mantido afastadas de algumas áreas, incluindo partes do centro de Gaza, devido à suposição de que havia reféns vivos ali. No ano passado, seis reféns israelenses foram executados por seus captores após a entrada de tropas terrestres.>
Não houve uma resposta formal, mas autoridades da Autoridade Palestina, que governa partes da Cisjordânia ocupada, denunciaram a proposta israelense e pediram à comunidade internacional que intervenha para impedir qualquer nova ocupação militar.>
Palestinos apontam que ministros israelenses de extrema-direita têm defendido abertamente a ocupação e anexação total de Gaza e, em última análise, querem construir novos assentamentos judaicos no território.>
Em 2005, Israel desmantelou assentamentos na Faixa de Gaza e retirou suas tropas. Mas, ao lado do Egito, manteve um controle rígido sobre o acesso ao território.>
A ideia de uma nova ocupação surge em um momento crescentes movimentos internacionais para reviver a solução de dois Estados — fórmula defendida há décadas pela comunidade internacional para resolver o conflito entre israelenses e palestinos. O plano prevê a criação de um Estado palestino independente ao lado de Israel, com a Cisjordânia, Gaza e Jerusalém Oriental como capital.>
Na semana passada, Reino Unido e Canadá se somaram à França ao anunciar planos condicionais de reconhecimento do Estado palestino.>
Netanyahu deve se reunir com ministros e líderes militares importantes para decidir os próximos passos em Gaza. Segundo a rádio do Exército de Israel, está prevista a discussão de planos iniciais para cercar campos de refugiados no centro do território e realizar bombardeios aéreos e incursões terrestres.>
O primeiro-ministro israelense disse que vai convocar uma reunião completa do gabinete de segurança ainda nesta semana.>
Analistas da imprensa israelense expressaram ceticismo e destacaram os desafios militares, políticos e diplomáticos da proposta.>
Em artigo no jornal Yedioth Ahronoth, o colunista Nahum Barnea escreveu: "Netanyahu nunca antes havia apostado em uma escala tão grande." Ele observa que o premiê voltou a prometer cumprir todos os objetivos da guerra. "Mas depois de 22 meses de combates sangrentos, é difícil levar esse tipo de promessa a sério.">
"Parece que Netanyahu tem apenas um objetivo na guerra em Gaza: prolongá-la.">
Israel lançou sua ofensiva militar em Gaza em resposta ao ataque do Hamas ao sul de Israel em 7 de outubro de 2023, que deixou cerca de 1,2 mil mortos e 251 pessoas levadas como reféns para Gaza.>
Desde então, ao menos 61.020 palestinos foram mortos pelas forças israelenses no território, segundo o Ministério da Saúde administrado pelo Hamas.>
Esta reportagem foi escrita e revisada por nossos jornalistas utilizando o auxílio de IA na tradução, como parte de um projeto piloto.>
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