Publicado em 8 de julho de 2025 às 06:39
O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, disse na segunda-feira (07/07), em visita a Washington, que vai indicar Donald Trump para o Prêmio Nobel da Paz no primeiro encontro de ambos desde que os Estados Unidos e Israel lançaram ataques contra o Irã.>
Trump está pressionando Netanyahu para que Israel aceite um cessar-fogo em sua guerra contra o Hamas em Gaza.>
Netanyahu — que é alvo de um mandato de prisão do Tribunal Penal Internacional (TPI) por supostos crimes de guerra e crimes contra a humanidade durante a guerra entre Israel e o Hamas — entregou a Trump uma carta que, segundo ele, será enviada ao comitê do Nobel da Paz na qual recomenda que o presidente americano seja indicado ao prêmio.>
"Ele está forjando a paz enquanto falamos, em um país, em uma região após a outra", disse Netanyahu ao entregar a Trump a carta no começo do encontro entre ambos.>
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Na semana passada, Trump recebeu líderes da República Democrática do Congo e de Ruanda na Casa Branca. Os dois países estavam em conflito desde 1994, mas assinaram um acordo de paz diante de Trump.>
Na ocasião, o presidente americano voltou a falar sobre o prêmio Nobel da Paz em postagens na internet.>
"Este é um Grande Dia para a África e, francamente, um Grande Dia para o Mundo! Não vou ganhar um Prêmio Nobel da Paz por isso", escreveu Trump.>
De acordo com o Instituto de Pesquisa de Política Externa, a violência na região causou mais de 6 milhões de mortes desde 1996.>
"Não, não vou ganhar um Prêmio Nobel da Paz, não importa o que eu faça, incluindo Rússia/Ucrânia e Israel/Irã, quaisquer que sejam esses resultados, mas o povo sabe, e isso é só o que importa para mim!">
Desde seu primeiro mandato (2017-2021), o presidente americano, Donald Trump, sempre deixou claro o desejo de receber o Prêmio Nobel da Paz.>
Apesar de ter sido nomeado mais de uma vez, o republicano nunca conseguiu igualar o feito de seu antecessor, Barack Obama (2009-2017), que foi agraciado com a distinção em 2009.>
"Eles nunca me darão um Prêmio Nobel da Paz", reclamou Trump em fevereiro a jornalistas. "Eu mereço, mas eles nunca me darão.">
Trump já manifestou diversas vezes sua frustração por nunca ter recebido o Nobel da Paz, tanto em declarações públicas quanto em encontros privados com autoridades. Segundo descrições da imprensa americana, o Nobel é uma "fixação" e uma "obsessão" para o presidente.>
"Eles deram o Prêmio Nobel para Obama", reclamou Trump em um comício em Las Vegas durante a reta final da campanha.>
"Ele foi eleito e anunciaram que ganharia o Prêmio Nobel. Eu fui eleito em uma eleição muito maior, melhor e mais louca, mas deram a ele o Nobel", disse o republicano, diante da multidão.>
Em seu discurso de posse, ele disse que seu "legado de maior orgulho será o de um pacificador e unificador" e afirmou que o sucesso será medido "não apenas pelas batalhas que vencermos, mas também pelas guerras que terminarmos".>
Trump é considerado por muitos um político polêmico, que explora divisões e tem uma retórica muitas vezes agressiva. Essas características fariam dele um candidato inusitado para um prêmio já concedido a nomes como Martin Luther King Jr. (em 1964), Madre Teresa (em 1979) e Nelson Mandela (em 1993).>
"Se Trump ganhasse (o Nobel da Paz), sem dúvida estaria entre os vencedores mais controversos", disse à BBC News Brasil o diretor do Peace Research Institute Oslo (Instituto de Pesquisas sobre a Paz de Oslo, ou Prio, na sigla em inglês), Henrik Urdal, em entrevista em fevereiro.>
Mas mesmo alguns de seus críticos admitem que ele poderia usar a vontade de ganhar o prêmio para realmente alcançar a paz em diferentes conflitos.>
"Embora seja fácil zombar com superioridade moral da obsessão de Trump com o Nobel, sua vaidade oferece uma oportunidade de acabar com hostilidades em vários pontos críticos do mundo", escreveu em artigo de opinião publicado em janeiro no jornal The Washington Post o democrata Rahm Emanuel, que foi chefe de gabinete no governo de Obama.>
"Independentemente do que se possa pensar sobre os motivos de Trump para buscar o prêmio, deveríamos desejar seu sucesso tanto quanto ele deseja validação", disse Emanuel, ao listar vários conflitos para os quais Trump poderia buscar uma resolução.>
Segundo Evelyn Farkas, diretora executiva do Instituto McCain, organização sem fins lucrativos e apartidária focada em democracia e direitos humanos, "por mais extraordinárias que possam parecer" as declarações de Trump de que ele deveria receber o Nobel, ele realmente poderia ganhar o prêmio.>
Em entrevista antes dos contatos mais recentes entre Trump e Putin, Farkas, que foi subsecretária assistente de Defesa durante o governo Obama, disse que se Trump conseguisse alcançar "uma paz justa e duradoura, com uma garantia de segurança para a Ucrânia", isso seria de fato digno de um Nobel.>
"Trump pode ganhar um Nobel se pressionar Putin (com garantias de segurança e soberania para a Ucrânia)", disse Farkas à BBC News Brasil.>
O Nobel da Paz foi estabelecido há mais de cem anos como reconhecimento àqueles "que mais fizeram pela fraternidade entre as nações, a abolição ou redução de exércitos permanentes e a realização e promoção de congressos de paz".>
Diversos presidentes americanos já foram indicados ao Nobel da Paz e, antes de Obama, três outros receberam a honraria: Theodore Roosevelt (em 1906), Woodrow Wilson (em 1920) e Jimmy Carter (em 2002, após ter deixado o governo).>
As indicações ao Nobel da Paz podem ser enviadas por ganhadores do prêmio em anos anteriores, chefes de Estado, políticos, professores universitários e membros do Comitê Norueguês do Nobel, entre outros.>
Os vencedores são escolhidos por esse comitê, cujos cinco membros são selecionados pelo Parlamento da Noruega.>
Trump recebeu diferentes indicações no passado por seus esforços na mediação dos chamados Acordos de Abraão, tratados de normalização de relações entre Israel e Emirados Árabes Unidos, Bahrein, Sudão e Marrocos.>
Muitos analistas consideram esses acordos, assinados em 2020, o principal legado de política externa de seu primeiro mandato.>
O republicano também recebeu outras nomeações por suas tentativas de negociação com a Coreia do Norte e sua mediação para promover a normalização de laços econômicos entre Kosovo e Sérvia.>
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