Publicado em 29 de junho de 2025 às 19:39
Israel ordenou que os palestinos evacuem partes do norte de Gaza antes da escalada da ação militar, enquanto o presidente dos EUA, Donald Trump, pressiona por um acordo de cessar-fogo.>
Moradores em bairros da Cidade de Gaza e Jabalia foram instruídos a se deslocarem para o sul, em direção à área costeira de al-Mawasi, enquanto as operações militares israelenses "se intensificam e se expandem para o oeste".>
Pelo menos 86 pessoas foram mortas em consequência dos ataques israelenses nas 24 horas anteriores ao meio-dia deste domingo (29/6), informou o Ministério da Saúde, administrado pelo Hamas.>
Três crianças estavam entre as vítimas em um ataque à chamada "zona segura" de al-Mawasi, disseram seus pais.>
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Trump reiterou os apelos para "fechar o acordo em Gaza" e "recuperar os reféns".>
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No sábado, Trump afirmou no Truth Social que o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, estava negociando um acordo com o Hamas "agora mesmo".>
Enquanto isso, o porta-voz das Forças de Defesa de Israel (IDF, nas siglas em inglês), Avichay Adraee, afirmou no domingo que o exército israelense estava operando no norte de Gaza "para eliminar terroristas e a infraestrutura terrorista".>
Médicos e moradores disseram à Reuters que os bombardeios militares aumentaram em Gaza na madrugada de sábado para domingo, destruindo várias casas.>
A agência de defesa civil de Gaza, administrada pelo Hamas, informou a veículos de comunicação que pelo menos 23 pessoas foram mortas somente no domingo.>
Médicos disseram que cinco pessoas foram mortas em um ataque aéreo israelense a uma tenda que abrigava deslocados em al-Mawasi, perto da cidade de Khan Younis, no sul do país – uma área para onde as pessoas no norte haviam sido instruídas a evacuar.>
Cinco membros da família Maarouf, incluindo três crianças, foram mortos.>
"Eles nos bombardearam enquanto dormíamos no chão", disse sua mãe, Iman Abu Maarouf. "Não fizemos nada de errado. Meus filhos foram mortos e os demais estão na UTI.">
O pai deles, Zeyad Abu Maarouf, disse à Reuters que a família havia chegado à "zona segura" há um mês, depois que Israel os instruiu a ir para al-Mawasi.>
Quando questionadas sobre o incidente, as Forças de Defesa de Israel disseram à BBC que não poderiam fornecer uma resposta específica sem mais informações, mas afirmaram que "seguem o direito internacional e tomam as precauções possíveis para mitigar os danos civis".>
Também no domingo, um soldado das IDF de 20 anos, o Sargento Yisrael Natan Rosenfeld, foi morto no norte de Gaza.>
O aumento da ação militar israelense ocorre em um momento em que mediadores iniciam novos esforços para encerrar a guerra e libertar os reféns restantes mantidos pelo Hamas.>
Na quinta-feira, um alto funcionário do Hamas disse à BBC que os mediadores intensificaram seus esforços para negociar um novo acordo de cessar-fogo e libertação de reféns em Gaza, mas que as negociações com Israel permanecem paralisadas.>
Mediadores do Catar disseram esperar que a pressão dos EUA ajude a alcançar um acordo, após uma trégua entre Israel e Irã que encerrou o conflito de 12 dias entre os países.>
No domingo, Netanyahu disse a membros da agência de inteligência doméstica israelense, Shin Bet, que a "vitória" sobre o Irã abriu muitas possibilidades, "em primeiro lugar, para resgatar os reféns".>
"É claro que também precisaremos resolver a questão de Gaza, para derrotar o Hamas, mas acredito que alcançaremos ambas as missões. Além disso, amplas oportunidades regionais estão se abrindo, na maioria das quais – quase todas – vocês são parceiros", disse ele.>
Trump disse anteriormente estar esperançoso de que um cessar-fogo em Gaza pudesse ser acordado na próxima semana.>
Em março, um cessar-fogo de dois meses fracassou quando Israel lançou novos ataques contra Gaza. Israel afirmou que queria pressionar o Hamas a libertar seus reféns.>
Israel também impôs um bloqueio total ao envio de ajuda humanitária a Gaza no início de março, que foi parcialmente flexibilizado após 11 semanas, após pressão de aliados dos EUA e alertas de especialistas globais de que meio milhão de pessoas estavam passando fome.>
Essa flexibilização parcial incluiu a criação de um grupo de ajuda humanitária apoiado pelos EUA e por Israel, a Fundação Humanitária de Gaza (GHF, nas siglas em inglês), após Israel acusar o Hamas de roubar ajuda. O Hamas negou.>
O sistema de ajuda da GHF foi condenado por agências da ONU. Houve repetidos incidentes de assassinatos e ferimentos de palestinos em busca de ajuda.>
Juliette Touma, diretora de comunicação da agência da ONU para refugiados palestinos, a UNRWA, disse à BBC que o novo mecanismo era "um campo de extermínio". Ela afirmou que a distribuição de ajuda de forma ordenada só poderia ser feita por meio da ONU e de outras organizações humanitárias.>
O chefe da GHF, Johnnie Moore, disse anteriormente ao programa Newshour do BBC World Service que não negava mortes perto de locais de ajuda, mas afirmou que "100% dessas mortes são atribuídas à proximidade da GHF" e que isso "não era verdade".>
O acordo de cessar-fogo anterior entre Israel e o Hamas – iniciado em 19 de janeiro – foi estabelecido em três etapas, mas não passou da primeira.>
A segunda etapa incluiu o estabelecimento de um cessar-fogo permanente, a devolução dos reféns restantes em Gaza em troca dos palestinos presos em Israel e a retirada completa das forças israelenses de Gaza.>
Trump pediu a retirada das acusações de corrupção em curso contra Netanyahu, descrevendo o processo como uma "caça às bruxas política", que está atrasando as negociações de cessar-fogo.>
No domingo, um tribunal israelense aceitou um pedido do primeiro-ministro israelense para adiar seu depoimento agendado por uma semana, devido a questões diplomáticas e de segurança.>
Netanyahu foi acusado em 2019 de suborno, fraude e abuso de confiança, acusações que ele nega.>
No início da semana, o líder da oposição israelense Yair Lapid disse que Trump não deveria "intervir em um processo legal de um Estado independente".>
Israel lançou sua campanha militar em Gaza em resposta ao ataque do Hamas em 7 de outubro de 2023, no qual cerca de 1.200 pessoas foram mortas e outras 251 foram feitas reféns.>
Desde então, 56.500 pessoas foram mortas em Gaza, de acordo com o Ministério da Saúde do território, administrado pelo Hamas.>
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