Publicado em 9 de junho de 2025 às 05:39
Ativistas ligados à organização Coalizão Flotilha da Liberdade — que luta contra o bloqueio de Israel à Gaza — relataram que soldados israelenses detiveram seu barco que tentava entregar ajuda humanitária à Faixa de Gaza na segunda-feira (9/6).>
"A conexão com o [barco] Madleen foi perdida", informou o grupo no aplicativo Telegram.>
A organização publicou uma foto mostrando pessoas usando coletes salva-vidas sentadas com as mãos levantadas. A informação não pôde ser verificada de forma independente.>
Pouco depois, o Ministério das Relações Exteriores de Israel informou que o barco estava "navegando em segurança em direção à costa de Israel", que os passageiros estavam "ilesos" e que deveriam ser "repatriados para seus países de origem".>
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A imprensa israelense noticiou que o navio chegou à cidade de Ashdod. Lá, seriam exibidos aos ativistas vídeos dos ataques do Hamas a Israel em 7 de outubro de 2023, em que cerca de 1,2 mil pessoas foram mortas e mais de 250 foram sequestradas.>
O ativista brasileiro Thiago Ávila e a ativista climática sueca Greta Thunberg estão entre os detidos.>
O ministério das Relações Exteriores de Israel se referiu ao Madleen como um "iate de celebridades para selfies" e publicou fotos e vídeos em suas redes sociais dos ativistas da Flotilha da Liberdade usando coletes salva-vidas e recebendo comida e água.>
O ativista brasileiro Thiago Ávila está entre os detidos. Ele gravou divulgou um vídeo no Instagram que parece ter sido gravado antes da detenção de Israel.>
"Eu sou Thiago Ávila, sou um cidadão brasileiro e membro da Coalizão Flotilha da Liberdade, e se você está assistindo a esse vídeo, isso significa que eu fui preso ou sequestrado por Israel ou por alguma outra força cúmplice no Mediterrâneo na nossa viagem rumo a Gaza para romper o bloqueio", diz ele no vídeo.>
Segundo o site da organização, Ávila tem 37 anos e já participou de outras missões humanitárias — sendo a mais recente para Cuba, em 2024. Em seu Instagram, ele vem publicando fotos e vídeos do barco Madleen.>
Greta Thunberg, de 22 anos, é uma das ativistas mais conhecidas do mundo por sua atuação contra as mudanças climáticas, especialmente por sua influência junto a jovens.>
Em 2018, aos 15 anos, a sueca realizou a primeira "Greve Escolar pelo Clima" em frente ao parlamento em Estocolmo. O protesto teve ampla cobertura, e centenas de milhares de jovens em todo o mundo aderiram às suas greves chamadas de Sextas-Feiras pelo Futuro.>
Desde então, Thunberg foi presa diversas vezes por sua participação em protestos ambientais ao redor do mundo e multada pela justiça sueca.>
O ministério das Relações Exteriores de Israel criticou o grupo, alegando que eles "tentaram encenar uma provocação midiática com o único propósito de ganhar notoriedade, o que incluiu menos do que um caminhão de ajuda humanitária".>
"Existem maneiras de entregar ajuda à Faixa de Gaza; não com selfies no Instagram", afirmou.>
O ministério das Relações Exteriores de Israel disse que a Marinha instruiu o navio a mudar de curso "devido à aproximação de uma área restrita". Israel afirma que o bloqueio é necessário para impedir que armas cheguem aos militantes do Hamas em Gaza.>
Francesca Albanese, relatora especial da ONU para os Territórios Palestinos Ocupados, disse à BBC que o barco sofreu três incidentes a caminho de Gaza.>
Albanese afirma ter mantido contato com o barco durante a viagem e que a chegada a Gaza estava prevista para esta segunda-feira.>
Mas as comunicações foram interrompidas quando o Madleen ainda estava em águas internacionais, diz ela.>
"Primeiro, eles foram cercados por lanchas rápidas", diz ela. "Esta foi a primeira vez que ouvi o estresse deles.">
Depois que as lanchas rápidas partiram e a situação se acalmou, Albanese conta que duas aeronaves teriam lançado uma substância sobre o barco.>
Albanese afirma que estava em contato com os tripulantes do barco e no momento em que soldados israelenses embarcaram e "as comunicações com o capitão foram abruptamente interrompidas".>
O Hamas disse que a interceptação do Madleen é uma "violação flagrante do direito internacional".>
Em um comunicado, o grupo armado palestino exigiu a libertação dos ativistas a bordo e responsabilizou Israel "totalmente por sua segurança".>
O Hamas fez um apelo às Nações Unidas e a outras organizações internacionais para que "condenem este crime e tomem medidas urgentes para romper o cerco ao nosso povo".>
A Coalizão da Flotilha da Liberdade se descreve como um "movimento de solidariedade popular entre pessoas" que "está trabalhando para pôr fim ao bloqueio ilegal israelense a Gaza".>
Formada em 2010, a coalizão afirma trabalhar com "parceiros da sociedade civil", e não com qualquer partido, facção ou governo.>
O Madleen — batizado em homenagem à primeira e única mulher pescadora de Gaza — deixou a Itália em 1º de junho com o objetivo de conscientizar sobre a escassez de alimentos em Gaza.>
A Coalizão da Flotilha da Liberdade afirma que o navio transporta uma quantidade simbólica de ajuda, incluindo arroz e leite em pó para bebês. Israel afirma que o barco transporta "menos de um caminhão de ajuda".>
A organização Flotilha da Liberdade indicou que o navio, que zarpou da Sicília no domingo, 1º de junho, transportava ajuda humanitária e estava "preparado para a possibilidade de um ataque israelense".>
O Ministro da Defesa israelense, Israel Katz, alertou que o navio precisava retornar e que Israel agiria contra qualquer tentativa de romper o bloqueio.>
Em uma publicação no X neste domingo, Katz escreveu: "Eu instruí as Forças de Defesa de Israel (IDF) a agirem e impedirem que a flotilha de ódio 'Madleen' chegue à costa de Gaza e a tomarem todas as medidas necessárias para isso.">
Katz afirma que o objetivo do bloqueio israelense, em vigor desde 2007, é "impedir a transferência de armas para o Hamas" e que é essencial para a segurança de Israel, que busca destruir o grupo.>
A organização sustenta que o bloqueio marítimo a Gaza é ilegal e classificou a declaração de Katz como um exemplo de Israel ameaçando o uso ilegal da força contra civis e "tentando justificar tal violência com calúnias".>
"Não seremos intimidados. O mundo está observando", disse Hay Sha Wiya, porta-voz da Flotilha.>
"O Madleen é uma embarcação civil, desarmada e navegando em águas internacionais, transportando ajuda humanitária e defensores dos direitos humanos de todo o mundo... Israel não tem o direito de obstruir nossos esforços para chegar a Gaza.">
De acordo com o grupo, o Madleen transportava uma quantia simbólica de ajuda, incluindo arroz e leite em pó para bebês.>
A bordo estão cidadãos do Brasil, França, Alemanha, Holanda, Espanha, Suécia e Turquia.>
Em 2010, soldados israelenses mataram 10 pessoas ao abordarem o navio turco Mavi Marmara, que liderava uma flotilha de ajuda humanitária com destino a Gaza.>
Recentemente, Israel permitiu a entrada de ajuda limitada em Gaza após um bloqueio terrestre de três meses, priorizando a distribuição por meio do Fundo Humanitário de Gaza, apoiado por Israel e pelos EUA, mas amplamente rejeitado por grupos humanitários.>
O chefe de direitos humanos da ONU, Volker Türk, afirmou na semana passada que os palestinos enfrentam "a escolha mais sombria: morrer de fome ou correr o risco de serem mortos enquanto tentam acessar os escassos alimentos disponíveis".>
Quase 20 meses se passaram desde que Israel lançou uma campanha militar em Gaza em resposta ao ataque sem precedentes liderado pelo Hamas em 7 de outubro de 2023, no qual cerca de 1,2 mil pessoas foram mortas e mais de 250 feitas reféns.>
Desde então, pelo menos 54.880 pessoas morreram em Gaza, de acordo com o Ministério da Saúde de Gaza.>
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