Publicado em 5 de junho de 2025 às 06:39
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, assinou um decreto suspendendo vistos para novos estudantes estrangeiros na Universidade de Harvard, anunciou a Casa Branca na quarta-feira (4/6).>
A decisão abre um novo capítulo na disputa entre o governo Trump e a universidade mais antiga, prestigiosa e rica dos EUA.>
O impasse se intensificou em 22 de maio, quando o Departamento de Segurança Interna (DHS) anunciou que retiraria o acesso da universidade a programas de vistos de estudantes internacionais.>
O governo Trump alega que Harvard não fez o suficiente para combater o antissemitismo ou mudar suas práticas de contratação e admissão, uma acusação que a universidade nega veementemente.>
>
Harvard entrou com uma ação judicial contra o governo Trump, solicitando a suspensão da medida após acusá-la de cometer uma "violação flagrante" da lei ao impedi-la de matricular estudantes estrangeiros.>
Horas após entrar com o processo, um juiz emitiu uma ordem de restrição temporária, bloqueando a decisão do DHS.>
O decreto desta semana suspende a entrada nos EUA de novos estudantes de Harvard com vistos F, M ou J e "instrui o Secretário de Estado a considerar a revogação dos vistos F, M ou J existentes para os atuais estudantes de Harvard que atendam aos critérios da proclamação", afirmou a Casa Branca.>
"A Universidade de Harvard está falhando em reportar integralmente os registros disciplinares de seus estudantes internacionais ou falhando em supervisioná-los seriamente", afirmou a Casa Branca em um comunicado, acusando também a instituição de não combater o antissemitismo no campus e de seguir priorizando as políticas de diversidade, equidade e inclusão (DEI).>
Há cerca de 6,8 mil estudantes internacionais em Harvard, representando mais de 27% do corpo estudantil.>
O governo Trump acusa Harvard e outras universidades de elite de não fazerem o suficiente para reprimir ativistas pró-palestinos que se manifestam contra a ofensiva israelense em Gaza e de discriminar pontos de vista conservadores.>
No entanto, a universidade afirma ter tomado medidas para combater o antissemitismo e diz que as exigências do governo são um esforço para regular as "condições intelectuais" da universidade.>
Em resposta à recusa de Harvard em atender às suas exigências, o governo Trump ordenou o congelamento de US$ 2,2 bilhões (mais de R$ 12 bi) em bolsas e US$ 60 milhões (R$ 338 mi) em contratos destinados à instituição.>
Também revogou a isenção fiscal de Harvard, um privilégio concedido às universidades que gerou economias de aproximadamente US$ 158 milhões em impostos prediais para Harvard em 2023, segundo estimativas da Bloomberg.>
Em meio ao conflito com diversas instituições de ensino superior, que Trump acusa de promover uma agenda progressista, a Casa Branca ordenou recentemente que suas embaixadas ao redor do mundo suspendessem temporariamente o agendamento de novas entrevistas para visto de estudantes estrangeiros.>
O decreto de duas páginas, emitido na quarta-feira, afirma que Harvard "demonstrou um histórico de laços estrangeiros problemáticos e radicalismo".>
A suspensão da emissão de novos vistos para estudantes internacionais em Harvard durará seis meses e poderá ser prorrogada, informou a publicação universitária The Harvard Crimson.>
A universidade rejeitou a ordem emitida na quarta-feira.>
"Esta é mais uma retaliação ilegal do governo, que viola os direitos de Harvard à Primeira Emenda [que garante liberdades de expressão]", afirmou um porta-voz da universidade. "Harvard continuará a proteger seus estudantes internacionais.">
"O presidente Trump quer que nossas instituições tenham estudantes internacionais, mas ele acredita que essas pessoas devem amar nosso país", declarou a Casa Branca.>
Alega-se que Harvard é a principal instituição acadêmica no exterior para funcionários do Partido Comunista Chinês, observando que a filha do presidente Xi Jinping estudou lá na década de 2010.>
De acordo com a Casa Branca, Harvard tem um histórico de laços estrangeiros com potenciais implicações para a segurança, falha em fornecer informações suficientes sobre as atividades ilegais de seus alunos e contatos extensos com adversários estrangeiros, como a China.>
Harvard não é apenas a universidade de maior prestígio dos EUA, mas também a mais rica do mundo.>
A instituição possui um patrimônio de US$ 53 bilhões, mais do que o produto interno bruto de 120 países, incluindo Islândia, Bolívia, Honduras e Paraguai.>
Doações milionárias, investimentos bem-sucedidos e uma gestão rigorosa fizeram de Harvard uma instituição com recursos abastados.>
Sua solidez financeira é uma ferramenta poderosa para resistir a pressões políticas e econômicas que abalariam outras universidades.>
>
Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rápido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem.
Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta