Publicado em 14 de novembro de 2024 às 13:44
Após as explosões que aconteceram na noite de quarta-feira (13/11) em frente ao Supremo Tribunal Federal (STF), em Brasília, o diretor-geral da Polícia Federal, Andrei Rodrigues, afirmou que "grupos extremistas estão ativos". >
Rodrigues disse que o episódio "não é fato isolado" e está "conectado com várias outras ações que a PF tem investigado no período recente". >
Nesta quinta-feira (14/11), Rodrigues declarou, ainda, que a situação requer que a Polícia Federal e todo o sistema de justiça criminal atuem "de maneira enérgica". >
Um inquérito policial foi instaurado, sob sigilo, e as autoridades trabalham com a hipótese de atentado contra o Estado Democrático de Direito e atos terroristas, segundo a PF. O caso também será investigado pelo Supremo Tribunal Federal (STF).>
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"Determinei instauração de inquérito policial, que foi inicialmente feito aqui na superintendência da Polícia Federal, e encaminhamento à Suprema Corte, em razão das hipóteses criminais de atos que atentam contra o estado democrático de direito e também de atos terroristas.">
Rodrigues disse que "há indícios de um planejamento de longo prazo".>
Um boletim de ocorrência da Polícia Civil do Distrito Federal identificou o homem que morreu como Francisco Wanderley Luiz. Ele próprio lançou artefatos em direção ao STF, segundo as investigações, e depois se deitou sobre um explosivo, que foi detonado.>
O diretor da PF afirmou que Wanderley Luiz já esteve em Brasília em outras oportunidades, inclusive no começo de 2023, quando aconteceram ataques à sede dos três poderes por apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro. >
"Ainda é cedo dizer se houve participação direta nos atos de 8 de janeiro. Isso a investigação apontará.">
Rodrigues disse ainda que os artefatos usados foram construídos de maneira artesanal, mas com grande poder de lesão. >
Segundo o diretor, o homem portava ainda um extintor de incêndio carregado de gasolina, que poderia simular um lança-chamas. As autoridades encontraram ainda, no porta-malas de um veículo, fogos de artifício montados e apoiados em tijolos.>
"Vamos tentar estudar o processo produtivo para tentar identificar a origem desse material explosivo", afirmou.>
As autoridades apreenderam um celular e explosivos na casa de Luiz. Ele contou que a equipe fez buscas com um robô antibombas e que, ao abrir uma gaveta para fazer uma busca, houve uma explosão. "O uso do robô salvou a vida de alguns policiais.">
Imagens das câmeras de segurança do Supremo mostram o homem identificado como Wanderley Luiz aparece se aproximando do prédio do Supremo. Ele lança algo em direção à estátua da Justiça.>
Um segurança do STF se aproxima e aborda Wanderley Luiz, que recua. No entanto, pouco depois, ele lança um artefato em direção ao STF. Então lança outro, que explode instantes depois. Em seguida, acende mais um e se deita com a cabeça sobre o explosivo, que é detonado.>
Wanderley Luiz disputou a eleição de 2020 na cidade de Rio do Sul, em Santa Catarina, pelo Partido Liberal (PL), legenda do ex-presidente Jair Bolsonaro. Mas Wanderley Luiz não conseguiu número de votos suficientes para ser eleito vereador.>
Nas urnas, ele se identificou como Tiü França. >
Um perfil no Facebook com esse nome, que não está mais disponível, mostrava uma foto dele dentro do STF e o texto: "Deixaram a raposa entrar no galinheiro (chiqueiro) ou não sabem o tamanho das presas ou é burrice mesmo." Ele também deixou mensagens afirmando ter colocado bombas na casa de um jornalista e políticos.>
Em outra mensagem, ele profere mais ameaças. "Cuidado ao abrir gavetas, armário, estantes, depósito de matérias etc. Início 17h48 do dia 13/11/2024...O jogo acaba dia 16/11/2024. Boa sorte!!!">
Entre as mensagens publicadas, havia críticas ao STF. “Tudo o que já foi feito para obtermos melhorias em nosso País e nada deu resultados!!! É hora de mudarmos os caminhos e ações!!! Onde está o grande problema? No judiciário(STF).”>
A segurança do STF tem sido uma preocupação frequentemente apontada pelo órgão e por seus ministros desde o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que em diversas ocasiões ameaçou descumprir decisões da corte e destratou ministros, em especial Alexandre de Moraes, que vem conduzindo inquéritos que têm como alvo propagadores de notícias falsas e milícias digitais.>
Em protestos bolsonaristas, cartazes e manifestantes muitas vezes pediam o fechamento do STF.>
Em 8 de janeiro de 2023, a situação culminou com a invasão e vandalização de prédios na Praça dos Três Poderes por parte de apoiadores de Bolsonaro, que havia sido derrotado na eleição do ano anterior. O STF foi um dos prédios mais destruídos nos ataques.>
Moraes já tinha sido ameaçado de morte por pelo menos dois homens, que foram presos em 2021.>
O ministro afirma também ter sido hostilizado junto com a família no aeroporto de Roma, na Itália, em 2023. Um casal e o genro, acusados de xingar Moraes, estão respondendo pelo caso na Justiça.>
Em novembro de 2022, após a derrota de Bolsonaro nas eleições, o ministro Luís Roberto Barroso foi abordado de forma hostil por brasileiros nos Estados Unidos. A um deles, que questionava a confiabilidade do sistema eleitoral, Barroso respondeu com a frase "perdeu, mané, não amola", que ganhou as manchetes.>
A Corte tem uma Secretaria de Segurança e policiais próprios, que atuam nas dependências do STF e acompanham os ministros em viagens ou em suas próprias casas. A segurança deles foi reforçada nos últimos anos.>
"Até pouco tempo atrás, os ministros do Supremo Tribunal Federal circulavam em agendas pessoais e até institucionais inteiramente sós. Infelizmente, nos últimos anos, fomentou-se um tipo de agressividade e de hostilidade que passaram a exigir o reforço da segurança em todas as situações. As autoridades públicas de todos os poderes circulam com esse tipo de proteção seja em eventos privados, seja em eventos públicos", escreveu o presidente do STF, Luís Roberto Barroso, em nota de junho.>
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