Publicado em 29 de dezembro de 2025 às 21:07
WASHINGTON - O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou nesta segunda-feira (29) que os EUA atacaram e destruíram uma zona de atraque de embarcações na Venezuela supostamente usada pelo narcotráfico, o que seria o primeiro ataque em terra desde o lançamento da campanha militar contra o narcotráfico na América Latina.>
"Houve uma grande explosão na área de um cais onde carregam as embarcações com drogas", disse o presidente americano aos jornalistas. "Atacamos todas as embarcações e agora atacamos a zona [de atraque]... e já não existe", acrescentou.>
"Estava na costa", disse, sem detalhar se era uma operação militar, nem onde aconteceu o ataque.>
Trump já havia mencionado o ataque em uma entrevista à rádio WABC na sexta-feira (26). Durante uma conversa com John Catsimatidis, o bilionário republicano e apoiador do presidente que é o dono da WABC, o presidente americano apontou que "uma grande instalação" havia sido destruída dois dias antes da conversa.>
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Depois das declarações, o jornal americano The New York Times procurou o Pentágono e a CIA, mas os dois órgãos disseram que não tinham informações para compartilhar. A Casa Branca também se recusou a comentar.>
Se a declaração de Trump estiver certa, esse seria o primeiro ataque conhecido em terra desde o começo da campanha militar contra a Venezuela.>
O presidente americano havia prometido o início de uma ofensiva terrestre contra Caracas, mas não tinha anunciado um ataque. A Venezuela ganhou um protagonismo sem precedentes em 2025 ao se tornar alvo de uma campanha de intimidação do governo americano. Depois de mobilizar mais de 20% de suas tropas para o Caribe sob a justificativa de combater o narcotráfico, não está claro o que os Estados Unidos pretendem.>
O contingente enviado por Washington a região conta com navios de guerra, o maior porta-aviões do mundo, submarinos nucleares, drones e bombardeiros. Além da intimidação, os EUA realizaram bombardeios em águas internacionais sob a alegação de estar matando traficantes que transportariam drogas para Washington. Mais de 25 ataques foram realizados e pelo menos 95 pessoas morreram.>
O presidente americano também decidiu bloquear todos os petroleiros sob sanção que operem na Venezuela, resultando no confisco de pelos menos duas embarcações. Washington acusa Caracas de utilizar a venda de petróleo para financiar o "narcoterrorismo, o tráfico de seres humanos, assassinatos e sequestros".>
Apesar da justificativa oficial de combater o narcotráfico, indícios apontam que a intenção do presidente americano é retirar o ditador da Venezuela, Nicolás Maduro, do poder. Os dois líderes chegaram a conversar por telefone e negociaram possíveis acordos, mas Trump não mostrou flexibilidade e deseja a saída do ditador, segundo jornais americanos.>
Em meio a campanha militar de Trump, especialistas da Organização das Nações Unidas (ONU) denunciaram, na semana passada, o bloqueio naval ordenado por Trump. De acordo com eles, a medida americana constitui um "ataque armado" e viola o direito internacional.>
"Não existe o direito de impor sanções unilaterais por meio de um bloqueio armado", afirmaram os especialistas designados pelo Conselho de Direitos Humanos da ONU – mas eles não falam formalmente em nome da organização. "Trata-se de um uso da força tão grave que é expressamente reconhecido como uma agressão armada ilegal na Definição de Agressão adotada pela Assembleia Geral em 1974", apontam os peritos.>
Para os relatores, a ação configura um ataque armado nos termos do artigo 51 da Carta das Nações Unidas, que, em tese, confere ao Estado vítima o direito à legítima defesa.>
Os especialistas também criticaram duramente os ataques de Washington a supostas embarcações de traficantes, ressaltando que não foram apresentadas provas públicas de que tais barcos estivessem, de fato, transportando drogas.>
Em reunião do Conselho de Segurança da ONU no dia 23 de dezembro, Rússia e China criticaram duramente a pressão militar e econômica exercida pelos Estados Unidos sobre a Venezuela, classificando a postura de Washington como "comportamento de cowboy" e "intimidação". O embaixador da Venezuela na ONU, Samuel Moncada, também se manifestou perante o Conselho: "Estamos diante de uma potência que atua à margem do direito internacional, exigindo que nós, venezuelanos, abandonemos nosso país e o entreguemos".>
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