Publicado em 30 de julho de 2021 às 18:25
Em mais um avanço no embargo americano a Cuba, o governo de Joe Biden anunciou nesta sexta-feira (30) um novo pacote de sanções. Desta vez, estão na mira a Polícia Nacional Revolucionária, subordinada ao Ministério do Interior cubano, e dois de seus líderes. >
O Departamento do Tesouro dos EUA justificou que a medida é uma resposta à repressão policial empregada durante os atos que tomaram as ruas da ilha caribenha no último dia 11 -considerados os maiores em quase três décadas.>
"Agentes da polícia foram fotografados confrontando e prendendo manifestantes em Havana [a capital], incluindo o movimento de mães '11 de julho', grupo fundado para organizar as famílias de presos e desaparecidos", alegou o Tesouro em nota.>
Usando argumento semelhante, os EUA já haviam anunciado, na semana passada, outro pacote de sanções contra Cuba. Na ocasião, as medidas foram impostas a um general e a uma unidade de segurança do governo cubano.>
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Com a nova demonstração nesta sexta, Biden dá sinais de como pretende prosseguir nas relações diplomáticas com Cuba.>
O democrata foi vice de Barack Obama, que avançou nos diálogos com o regime comunista da ilha e chegou, inclusive, a atenuar o embargo -ainda que a autoridade que possa dissolvê-lo por completo seja o Congresso. Ao assumir a Casa Branca, Biden herdou, porém, o histórico de Donald Trump, que retomou uma política de retaliações contra a ilha, e, até agora, demonstrou pouco apetite em empregar mudanças.>
O anúncio das novas sanções foi feito paralelamente a uma reunião de Biden com membros da comunidade cubana que, no exterior, se opõem ao regime liderado por Miguel Díaz-Canel. De acordo com a agência de notícias Reuters, participaram do encontro o cantor Yotuel Romero, um dos vocalistas do grupo de hip-hop Orishas, e Ana Sofia Palaez, fundadora do Miami Freedom Project, grupo que atua em Miami, onde há forte lobby doméstico de cubano-americanos exilados.>
Yotuel também é coautor da canção "Pátria y Vida", que viralizou nas redes sociais no início do ano ao questionar o regime de Cuba e denunciar a situação política e econômica que atravessa a ilha. Ele tem convocado atos da comunidade cubana exilada em Madri (Espanha), onde vive com a família, e nos EUA.>
A expectativa é que a reunião faça avançar outra iniciativa do governo americano: o possível aumento do contingente da embaixada dos EUA em Cuba e a revisão da política de envio de remessas de dinheiro para a ilha. O Departamento de Estado americano sinalizou as intenções no último dia 20, mas logo depois vieram os anúncios do aumento das sanções.>
Cuba vive sob embargo dos EUA há mais de seis décadas, desde os anos iniciais da Revolução Cubana. O que começou como retaliação política ao regime comunista desdobrou-se em um emaranhado de legislações que dificultam o estabelecimento de relações comerciais da ilha com outros países, em especial os EUA.>
O tema voltou à tona após os protestos populares que ocuparam as ruas de diversas províncias cubanas pedindo mais liberdade política e políticas de combate à escassez de alimentos e remédios -situação agravada na ilha durante a pandemia e a consequente paralisação do turismo, motor da economia.>
As manifestações foram reprimidas pelo regime, e ativistas denunciam nas redes sociais centenas de prisões. Um homem morreu durante os protestos, segundo confirmaram as autoridades públicas.>
O regime cubano imputa ao embargo americano, que asfixiaria a economia nacional, a causa do problema e do descontentamento popular. O mecanismo é criticado por ampla parte da comunidade internacional e por ativistas ao redor do mundo. Ainda assim, especialistas contra-argumentam que há uma série de fatores por trás dos atos -sendo dois dos principais o desejo de mais liberdade e a perda de poder de compra desencadeada por um projeto de reunificação das moedas.>
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