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Em nova declaração, EUA dizem que condenação de Bolsonaro foi 'acontecimento sombrio'

Em nova declaração, EUA dizem que condenação de Bolsonaro foi 'acontecimento sombrio'

Subsecretário de Estado, Darren Beattie, criticou julgamento, depois que Marco Rubio já havia prometido uma 'resposta à altura' e Trump chamado o processo contra o aliado brasileiro de 'caça às bruxas'.

Publicado em 12 de setembro de 2025 às 14:33

Imagem BBC Brasil
Governo Trump impôs tarifas contra o Brasil em retaliação ao julgamento de Bolsonaro Crédito: Jim Lo Scalzo/EPA

O subsecretário da Diplomacia Pública dos Estados Unidos, Darren Beattie, afirmou nesta sexta-feira (12/11) que a decisão pela condenação de Jair Bolsonaro "representa um novo marco fatídico no complexo de censura e perseguição do juiz Moraes, violador de direitos humanos, que tem como alvo Bolsonaro e seus apoiadores".

Em sua conta oficial no X, Beattie escreveu que o governo americano está levando "este acontecimento sombrio com a máxima seriedade".

Da mesma forma, o vice-secretário de Estado dos EUA, Christopher Landau, afirmou, também no X, que seu país "condena o uso da lei como arma política".

"Como advogado, diplomata e amigo do Brasil, me dói ver o ministro Moraes desmantelar o Estado de direito no país e arrastar as relações entre nossas grandes nações para o ponto mais sombrio em dois séculos. Enquanto o Brasil deixar o destino dessa relação nas mãos do ministro Moraes, não vejo saída para esta crise."

Na noite de quinta-feira, logo após o Supremo Tribunal Federal (STF) condenar Bolsonaro e mais sete réus por golpe de Estado, o secretário de Estado americano, Marco Rubio, afirmou que o governo dos EUA dará "resposta à altura".

Em postagem também no X, Rubio repetiu o presidente americano, Donald Trump, classificando o processo contra Bolsonaro de "caça às bruxas".

"As perseguições políticas pelo violador de direitos humanos e alvo de sanções Alexandre de Moraes continuam, enquanto ele e outros no Supremo Tribunal do Brasil decidiram injustamente prender o ex-presidente Jair Bolsonaro. Os Estados Unidos darão resposta à altura a essa caça às bruxas", afirmou Rubio.

O Itamaraty respondeu à publicação de Rubio dizendo que ameaças "não intimidarão" a democracia brasileira.

"O Poder Judiciário brasileiro julgou, com a independência que lhe assegura a Constituição de 1988, os primeiros acusados pela frustrada tentativa de golpe de Estado, que tiveram amplo direito de defesa. As instituições democráticas brasileiras deram sua resposta ao golpismo", escreveu o Ministério das Relações Exteriores no X.

"Continuaremos a defender a soberania do País de agressões e tentativas de interferência, venham de onde vierem", continuou a pasta.

"Ameaças como a feita hoje pelo Secretário de Estado norte-americano, Marco Rubio, em manifestação que ataca autoridade brasileira e ignora os fatos e as contundentes provas dos autos, não intimidarão a nossa democracia", concluiu o Itamaraty, em sua manifestação.

Pouco antes, Donald Trump havia comentado o resultado do julgamento no Brasil ao ser perguntado por um repórter quando embarcava no helicóptero presidencial no jardim da Casa Branca.

O líder americano afirmou conhecer bem Bolsonaro, disse que o resultado do julgamento é "surpreendente" e comparou o caso à situação pela qual ele próprio passou após os tumultos do 6 de Janeiro de 2021 em Washington, D.C.

"Como líder estrangeiro, acho que ele foi um bom presidente. É muito surpreendente que isso possa acontecer", disse.

"É muito parecido com o que tentaram fazer comigo, mas não conseguiram de jeito nenhum", seguiu.

Trump já havia criticado duramente o Brasil e o governo Lula por causa do suposto tratamento injusto dado a seu aliado Bolsonaro.

Em julho, ele determinou tarifas de 50% para produtos brasileiros exportados aos EUA, além sanções contra o Alexandre de Moraes, juiz relator do caso, e a revogação de vistos para a maioria dos membros do Supremo.

"Bem, não sei… estamos falando de coisas que nos deixam muito desapontados com o Brasil. Aplicamos tarifas muito altas por causa do que eles estão fazendo, algo muito lamentável", afirmou Trump na semana passada.

"Temos uma ótima relação com o povo do Brasil, mas o governo mudou radicalmente. Foi para a esquerda de forma muito intensa, muito radical, e isso está prejudicando o país gravemente. As coisas lá estão indo muito mal. Muito, muito mal. Então, vamos ver", disse, em uma entrevista coletiva.

Na mesma esteira, o governo dos Estados Unidos também aplicou a Lei Magnitsky contra o ministro Alexandre de Moraes, afirmando que ele é "tóxico para todas as empresas legítimas e indivíduos que buscam acesso aos Estados Unidos e seus mercados".

Por isso, novas medidas eram esperadas após a conclusão do julgamento.

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