Publicado em 2 de março de 2023 às 20:33
- Atualizado há 3 anos
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) conversou na tarde desta quinta (2) com o líder ucraniano, Volodimir Zelenski, e recebeu convite para visitar o país do leste europeu.>
A conversa ocorreu às 15h, por vídeo, no Palácio do Planalto. De acordo com auxiliares palacianos, o chefe do Executivo teria sinalizado que aceitaria o convite em momento oportuno.>
Trata-se do primeiro diálogo entre o petista e o chefe do país invadido há mais de um ano pela Rússia. Na ligação, Lula mostrou disposição em intermediar negociações em busca da paz no Leste Europeu.>
"Tive uma reunião por vídeo agora com o presidente da Ucrânia, Volodimir Zelenski. Reafirmei o desejo do Brasil de conversar com outros países e participar de qualquer iniciativa em torno da construção da paz e do diálogo. A guerra não pode interessar a ninguém", escreveu Lula no Twitter.>
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O Brasil não quer ter qualquer participação no conflito, mesmo que indireta, e até agora negou o envio de munições à Ucrânia, em contraste com boa parte do Ocidente. Para Lula, os esforços internacionais até o momento foram infrutíferos para dar fim à guerra, que completou um ano no último dia 24.>
No final de janeiro, o petista defendeu a criação de um grupo de países para negociar o fim do conflito. "Temos que criar outro organismo, da mesma forma que criamos o G20 quando ocorreu a crise [econômica] de 2008", disse Lula em entrevista coletiva na época.>
A iniciativa brasileira é semelhante à apresentada em 2010, para intermediar a crise entre Irã e Estados Unidos, sobre o enriquecimento de material nuclear pelo país persa. O acordo nuclear negociado por Brasil e Turquia depois naufragou, quando os americanos o abandonaram e impuseram novas sanções.>
Na semana passada, o Brasil apoiou uma resolução aprovada pela Assembleia-Geral da ONU que condena as "nefastas consequências humanitárias" da invasão da Ucrânia pela Rússia, exige a retirada das tropas de Moscou do país no Leste Europeu e se compromete com a promoção da paz na região.>
Em nota, o embaixador Ronaldo Costa Filho, representante permanente do Brasil junto às Nações Unidas, afirmou que o país votou a favor da resolução "devido à necessidade urgente de a Assembleia-Geral reafirmar seu compromisso inabalável de defender os princípios fundamentais da Carta da ONU e do direito internacional, ao mesmo tempo em que ressalta a necessidade de alcançar a paz".>
Antes dessa votação, o Brasil havia apoiado duas resoluções contra a Rússia no ano passado -uma que condenava a anexação de porções do território da Ucrânia e outra que condenava a invasão. Porém, um texto votado em novembro passado, que reconhecia a Rússia como responsável pela reparação da Ucrânia, não foi apoiado pelo Brasil.>
O governo brasileiro também pretende manter um diálogo com as autoridades russas. O governo do presidente Putin afirmou entender as posições brasileiras adotadas recentemente, em relação ao conflito.>
Essa foi a sinalização dada pelo chanceler russo Serguei Lavrov ao brasileiro Mauro Vieira, durante encontro entre os dois, às margens da reunião de ministros das Relações Exteriores do G20, o grupo das 20 economias mais desenvolvidas do mundo, em Nova Déli, na Índia.>
Lavrov confirmou que deverá vir ao Brasil em abril.>
A guerra entre Rússia e Ucrânia completou um ano na sexta-feira (24), em meio a um impasse estratégico que não permite prever o seu término. Os russos lançaram seus primeiros mísseis e avançaram com tanques no território ucraniano, contando com que o conflito seria resolvido em poucos dias.>
No entanto, a resistência das tropas da Ucrânia e cálculos estratégicos russos deixaram atrapalharam os planos de uma guerra rápida. A situação ainda tornou-se mais difícil para o presidente Vladimir Putin com o auxílio da Europa e Estados Unidos ucraniano, com mísseis e o envio de tanques de combate -- no caso da Alemanha.>
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