Publicado em 15 de junho de 2025 às 20:38
"Sem saída". Essas são as palavras que a maioria das pessoas que falaram com a BBC usam para descrever a vida no Irã atualmente.>
Após três dias de ataques israelenses, "todos estão tentando escapar" de Teerã "de uma forma ou de outra", diz um morador à BBC News Persa.>
No domingo (15/6), longas filas se formaram em postos de gasolina por toda a cidade. Muitas pessoas tentam ir para áreas remotas, longe de qualquer possível alvo israelense, mas não conseguem nem sair da província devido ao trânsito intenso.>
"Teerã não é segura, claramente", diz um morador. "Não recebemos alarmes ou avisos de autoridades sobre ataques israelenses. Apenas ouvimos as explosões e esperamos que nossa casa não seja atingida. Mas para onde podemos ir? Nenhum lugar parece seguro.">
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Uma pessoa que conseguiu se mudar de Teerã para outra província diz: "Acho que ainda não processei completamente que estou vivendo em uma zona de guerra ativa e não tenho certeza de quando passarei a aceitar isso.">
"Esta guerra não é minha. Não estou torcendo por nenhum dos lados, só quero sobreviver com minha família.">
Desde sexta-feira (13/6), Israel atingiu o Irã com a maior onda de ataques aéreos em anos.>
Os ataques israelenses levaram à retaliação do Irã, que lançou ataques com mísseis contra Israel.>
Pelo menos 10 pessoas foram mortas em Israel, disseram as autoridades. >
A imprensa iraniana, citando o Ministério da Saúde, informa que 224 pessoas foram mortas em ataques israelenses desde a sexta-feira.>
Uma iraniana diz à BBC que não consegue dormir há duas noites: "Passei por situações realmente difíceis.">
Ela afirma que a situação atual faz ela lembrar dos bombardeios e das idas a abrigos durante a guerra Irã-Iraque na década de 1980, quando ela era criança.>
"A diferença é que, naquela época, pelo menos quando acontecia um ataque, ouvíamos a sirene de ataque aéreo ou pelo menos os avisos antes de acontecer. Mas agora, durante este bombardeio ou qualquer ataque aéreo, não há sirenes nem avisos.">
Os mais jovens, nascidos depois da guerra, não sabem como era, diz Ghoncheh Habibiazad, da BBC News Persa.>
Uma mulher em Teerã diz que considerou deixar a cidade para escapar dos ataques.>
"Todos nós queríamos ir para cidades ou vilas menores, qualquer lugar que pudéssemos ir, mas cada um de nós tem entes queridos que não podem sair, e estamos pensando neles", diz ela.>
"O que estamos vivenciando não é justo para nenhum de nós, o povo do Irã", afirma.>
"Estamos todos tentando passar por esses dias cheios de medo, exaustão e muito estresse; isso é extremamente difícil e doloroso.">
Um morador da capital diz: "Não posso simplesmente deixar Teerã. Não posso deixar meus pais idosos, que não podem viajar muito, e sair da cidade sozinho. Além disso, preciso ir trabalhar. O que posso fazer agora?">
A internet tem estado instável, então é muito difícil manter contato com pessoas dentro do país.>
Muitos que vivem fora do país estão enviando mensagens para seus entes queridos, na esperança de obter uma resposta.>
Algumas pessoas também receberam avisos do exército israelense pedindo a todos os iranianos que deixem áreas próximas a instalações militares. As pessoas em Teerã parecem estar muito preocupadas com isso.>
"Como vamos saber onde fica uma instalação militar e onde não fica?", diz um deles.>
Separadamente, o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, em uma mensagem aos iranianos no segundo dia dos ataques, disse que "chegou a hora" de os iranianos se unirem "defendendo sua liberdade".>
No entanto, a população do país optou por permanecer em segurança até o momento e há poucas evidências de que o apelo de Netanyahu tenha repercutido na prática, diz Daryoush Karimi, da BBC News Persa.>
No Irã, o que talvez tenha chocado mais as pessoas foi a destruição de prédios residenciais, ainda mais do que os ataques a instalações nucleares e bases aéreas, relata Pouyan Kalani, da BBC News Persa.>
Muitos iranianos não presenciavam cenas como essa desde o fim da guerra Irã-Iraque – especialmente nas ruas da capital.>
Muitos em Teerã e em outros lugares se lembram da confusão de sexta-feira: o que exatamente estava acontecendo; quão disseminado era; e como poderiam proteger a si mesmos e suas famílias?>
Editado por Alexandra Fouché>
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