Publicado em 9 de junho de 2025 às 10:38
O Supremo Tribunal Federal começa a ouvir nesta semana o depoimento do ex-presidente Jair Bolsonaro e de outros sete réus acusados de liderar uma tentativa de golpe de Estado para impedir a posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, após sua vitória nas eleições de 2022.>
Bolsonaro e os demais réus respondem a acusações por cinco crimes: golpe de Estado, abolição violenta do Estado Democrático de Direito, organização criminosa armada, dano qualificado pela violência e grave ameaça contra o patrimônio da União e deterioração de patrimônio tombado. Eles viraram réus em uma decisão do STF de março deste ano.>
Caso Bolsonaro seja condenado por todos os crimes, as penas máximas somadas podem superar 40 anos de prisão, já que ele é acusado de liderar a suposta organização criminosa. No Brasil, penas acima de 8 anos começam a ser cumpridas em regime fechado.>
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O interrogatório dos réus é a etapa final da fase de instrução do processo penal. Depois disso, a acusação e defesa podem pedir diligências adicionais. Em seguida, é aberto o prazo de 15 dias para alegações finais.>
O auxiliar de Bolsonaro, Mauro Cid, será o primeiro ouvido, por ter feito delação premiada com a Polícia Federal. Em seguida serão ouvidos os demais em ordem alfabética.>
Não existe uma data fixa para o depoimento de Jair Bolsonaro, que está previsto para essa semana.>
Independentemente do resultado, Bolsonaro já está impedido de disputar a eleição de 2026 por duas condenações no Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Uma delas devido ao uso do Palácio da Alvorada para convocar diplomatas estrangeiros e atacar o sistema de votação eletrônico. E outra por uso político das comemorações da Independência, no feriado de 7 de setembro de 2022, em plena campanha eleitoral.>
Além do ex-presidente, também respondem ao processo Almir Garnier Santos (ex-comandante da Marinha), Anderson Torres (ex-ministro da Justiça), Alexandre Ramagem (ex-diretor da Abin), Mauro Cid (ex-ajudante de ordens de Bolsonaro que fechou um acordo de delação premiada), general Paulo Sérgio Nogueira (ex-ministro da Defesa), general Augusto Heleno (ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional) e Walter Souza Braga Netto (ex-ministro da Defesa).>
Segundo a Procuradoria Geral da República, eles formavam o núcleo de onde teriam partido as principais decisões e ações.>
Para a acusação, o plano para manter Bolsonaro no poder teria começado com ataques infundados à segurança das urnas eletrônicas em 2021 e evoluído para minutas que abririam caminho para o golpe de Estado, um plano para matar Lula e pressões sobre as Forças Armadas para executar o golpe, culminando na depredação e invasão de prédios públicos em Brasília em 8 de janeiro de 2023.>
A defesa do ex-presidente nega os crimes e diz que Bolsonaro estava fora do país, morando nos Estados Unidos, quando apoiadores radicais vandalizaram os principais edifícios da República.>
Confira abaixo a lista dos acusados que fazem parte do núcleo principal, segundo a Procuradoria:>
Jair Bolsonaro>
Ex-presidente da República. Segundo a PGR, teria participado da formulação e edição de minutas do golpe. Além disso, segundo a denúncia, estaria totalmente a par do plano "Punhal Verde Amarelo", para assassinar Lula, Alckmin e Alexandre de Moraes.>
Alexandre Rodrigues Ramagem>
Deputado federal, concorreu à prefeitura do Rio de Janeiro em 2024 ano pelo PL. É ex-diretor-geral da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) e delegado da Polícia Federal.>
Almir Garnier Santos>
Almirante de esquadra e ex-comandante da Marinha no governo de Bolsonaro. Ele defendeu os acampamentos em frente a quartéis do Exército depois da derrota de Bolsonaro na eleição de 2022.>
Anderson Gustavo Torres>
Ex-ministro da Justiça de Bolsonaro e ex-delegado da Polícia Federal. A polícia encontrou com ele uma minuta que sugeria a decretação de Estado de Defesa para intervenção nas eleições.>
Augusto Heleno Ribeiro Pereira>
Ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional e general da reserva do Exército. Foi capitão do Exército durante a ditadura militar. Segundo a PF, o grupo que tramava o golpe pretendia criar um "gabinete de gestão de crise" comandado por Heleno.>
Mauro César Barbosa Cid>
Ex-ajudante de ordens da Presidência e tenente-coronel afastado do Exército, é considerado peça chave nas investigações por conta de sua delação premiada. Foi preso em outra operação que investiga dados falsos sobre vacinação nos sistemas do Ministério da Saúde.>
Paulo Sérgio Nogueira De Oliveira>
Ex-ministro da Defesa, general da reserva e ex-comandante do Exército. Enviou um ofício em junho de 2022 com queixas ao TSE de que sete propostas feitas pelas Forças Armadas não estariam sendo devidamente consideradas.>
Walter Souza Braga Netto>
Ex-ministro da Defesa e candidato a vice de Bolsonaro em 2022. Segundo a PF, teria chefiado um gabinete de crise para realizar novas eleições e participado da elaboração dos planos golpistas.>
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