Publicado em 17 de julho de 2025 às 16:25
Pelo menos três pessoas morreram e várias ficaram feridas quinta-feira (17/7) em um ataque contra a Igreja da Sagrada Família, em Gaza, o único templo católico do território palestino.
O Vaticano afirmou em comunicado que o pároco argentino da igreja, padre Gabriel Romanelli, ficou "levemente ferido em uma perna" no ataque, atribuído a Israel.
Por sua vez, o Exército israelense declarou estar "ciente das informações sobre os danos causados" à igreja e acrescentou que "as circunstâncias do incidente estão sob revisão".
O papa Leão 16 disse estar "profundamente entristecido" pelo ataque ao templo, onde muitas famílias cristãs deslocadas da pequena comunidade local estão vivendo desde o início da ofensiva israelense em Gaza, após a destruição de suas casas.
Enquanto vivia e após o início da guerra, o falecido papa Francisco telefonava quase diariamente ao padre Romanelli.
Em dezembro de 2024, a BBC News Mundo, o serviço em espanhol da BBC, entrevistou o pároco. Na ocasião, o sacerdote argentino detalhou como a única igreja católica de Gaza havia se transformado em um refúgio físico e espiritual para centenas de pessoas em meio à ofensiva de Israel na Faixa.
"É preciso engolir as lágrimas e tentar ser um sinal de esperança para todos", disse naquela entrevista o padre Gabriel, que vive há mais de cinco anos em Gaza e tem três décadas de missão no Oriente Médio.
Após o ataque desta quinta-feira, um vídeo divulgado pela televisão árabe mostrou Romanelli caminhando com dificuldade e verificando o estado de um homem em uma maca no hospital Al-Ahli, na Cidade de Gaza, onde os feridos estão sendo atendidos.
Outras imagens compartilhadas com a BBC mostram que o telhado da igreja foi atingido próximo à cruz, e que as janelas estavam quebradas.
A primeira-ministra da Itália, Giorgia Meloni, responsabilizou Israel pelo ocorrido: "Os ataques contra a população civil que Israel vem realizando há meses são inaceitáveis".
"Nenhuma ação militar pode justificar tal conduta", acrescentou.
O Patriarcado Ortodoxo Grego de Jerusalém condenou o ataque, classificando o atentado como "uma flagrante violação da dignidade humana e da santidade da vida, além da profanação de locais religiosos, que deveriam ser refúgios seguros em tempos de guerra".
Estima-se que, antes do ataque, havia cerca de 600 pessoas deslocadas abrigadas na igreja — a maioria crianças e 54 pessoas com deficiências.
A Igreja da Sagrada Família está localizada em uma área da Cidade de Gaza que o Exército israelense já havia ordenado evacuar.
Israel lançou sua guerra em Gaza em represália aos ataques do Hamas em 7 de outubro de 2023, nos quais cerca de 1,2 mil pessoas morreram e outras 251 foram feitas reféns.
Desde então, os ataques israelenses já mataram mais de 58,5 mil pessoas em Gaza, segundo o Ministério da Saúde local.
Os dados do ministério são citados pela ONU e por outros organismos como a fonte mais confiável disponível sobre vítimas no conflito.
Com informações de Yolande Knell, correspondente em Jerusalém.
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